O embaixador francês acreditado em Moçambique, Serge Segura, sustenta que não existe espaço para o retorno à guerra e defende o diálogo como única via para a solução segura e duradoira dos problemas que o país enfrenta.
Falando segunda-feira no seu gabinete de trabalho, em Maputo, o diplomata francês disse que o seu país está aberto a colaborar com os moçambicanos para que o país trilhe, com segurança, os caminhos da paz, concórdia e desenvolvimento socio-económico.
“Não posso imaginar qualquer moçambicano a aceitar voltar a um período de guerra civil. Suponho que há uma responsabilidade partilhada entre o Governo e a oposição para se encontrar uma solução viável e que vá durar muitos anos para que Moçambique possa se desenvolver de forma sustentável”, disse Segura, em entrevista ao jornal “Noticias”.
Citado na edição de hoje, o diplomata referiu que o povo moçambicano aguarda que os políticos encontrem uma saída para os problemas que afectam a sociedade. O mesmo sucede com as empresas interessadas em investir no país.
Serge Segura revelou que o governo do seu país considera que Moçambique é um território soberano desde que adquiriu a sua independência.
“Então, os moçambicanos, o povo moçambicano, os políticos, o Governo e a oposição têm de encontrar a solução do problema para evitar as dificuldades do passado”, frisou.
Segundo disse, se Moçambique quiser desenvolver, ter empresas privadas de outros países para ajudar no desenvolvimento económico a criar emprego, os políticos devem trabalhar juntos para encontrar soluções que organizam um país unido.
Comentando sobre as declarações do líder da Renamo, o maior partido da oposição e antigo movimento rebelde, que recusa reconhecer o Governo saído das eleições de 15 de Outubro e, por isso, ameaça nomear governadores nas províncias onde teve mais votos, Serge Segura foi peremptório em afirmar que não iria entrar em detalhes.
“Em todos os países existem discursos e realidade. Espero que nos corredores de Moçambique a realidade sejam contactos, discussões e vontade de se encontrar uma solução pacífica. Para nós discutir, negociar (não necessariamente em público) e as concessões (é uma palavra importante) são aspectos importantes para se encontrar soluções de longo tempo”, enfatizou.
Sobre as relações bilaterais Segura mostrou-se optimista quanto ao futuro e afirmou que a França não vê hora para começar a trabalhar com Moçambique.
Segundo ele, actualmente operam em Moçambique 40 empresas francesas em diversas áreas. Porém, considera que a área do gás natural e a agricultura constituirão as grandes apostas de empresas francesas em Moçambique num futuro próximo.
“Quero dizer que a vontade do Governo francês é de trabalhar, com muita rapidez, com o Governo moçambicano em diferentes áreas. Temos que desenvolver a nossa cooperação política”, apontou destacando que os encontros entre ministros franceses e moçambicanos não são frequentes.
O diplomata sublinhou a necessidade de se organizar a cooperação bilateral para que esses encontros sejam mais frequentes, a semelhança do que acontece entre Moçambique e a União Europeia.
“A União Europeia é um parceiro de cooperação muito importante para Moçambique. Seria possível e fácil organizar uma passagem por Paris de um ministro moçambicano que se deslocasse para Bruxelas”, disse.
(RM/AIM)
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