Os médicos e o aiatolá asseveraram então não ter havido receios quanto à sua saúde. Todavia, o líder iraniano exortou seus compatriotas a orarem por ele. Por isso, analistas já estão fazendo previsões em relação ao seu eventual sucessor no mais alto cargo do país.
Muitos peritos na matéria estrangeiros, focalizando certas questões políticas e os assuntos relacionados com a atividade do dirigente máximo do Irão nem sempre têm uma ideia clara e distinta do seu papel no sistema político e estatal da República Islâmica do Irã.
O Irã é um Estado único no seu gênero, governado por um líder espiritual xiita. A ele pertence toda a plenitude do poder – espiritual, estatal, político e militar. Sem a sua autorização, não pode entrar em vigor nenhuma lei ou decisão importante.
Para este alto posto vitalício, um líder deve ser eleito por um círculo restrito de clericais que fazem parte do Conselho de Anciões. Esse é um órgão que se compõe de 86 personalidades religiosas mais prestigiadas e que se elege por todos os iranianos com o direito de voto.
Neste contexto, é completamente natural que qualquer alteração do estado de saúde do líder tenha impacto no ambiente informativo, engendrando múltiplas previsões, o que constitui um fenômeno comum para os regimes com líderes permanentes. Assim sempre foi na URSS, na China e continua sendo na Coreia do Norte.
Ali Khamenei é o segundo líder desde que o país foi fundado pelo aiatolá Khomeini. Durante os últimos 25 anos ele foi um único dirigente e guia espiritual do Irã. Nesse prolongado percurso, em que ele passou por altos e baixos, Ali Khamenei conseguiu se manter no poder e conservar a integridade territorial do seu país.
Ultimamente, a mídia de vários países tem dispensado muita atenção aos eventuais sucessores de Khamenei ao cargo de líder supremo. Convém assinalar que as previsões nem sempre se devem à doença do dirigente iraniano. No Irã, as discussões sobre o assunto têm sido travadas há já muito tempo. Ao que parece, isto indica que, no Irã de hoje, vai se recrudescendo a luta entre diversos grupos políticos e clãs econômico-financeiros pelo lugar na atual hierarquia do poder.
Existe uma opinião de que um “favorito número um” entre os possíveis sucessores será o vice-presidente do Conselho de Anciões, Mahmoud Hashemi Shahroudi, de ânimos conservadores e antiocidentais, adversário convicto de liberalização sob qualquer forma. Dizem que o aiatolá Khamenei, no seu testamento, apontou o nome de Shahroudi como seu sucessor legítimo.
Os outros candidatos são Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, mais pragmático, centrista e antigo presidente do Irã, de 80 anos, e o atual dirigente do sistema judiciário, aiatolá Sadeq Larijani, com a reputação liberal. Todavia, por razões diversas, estes dois candidatos têm poucas oportunidades de subir ao poder no Irã.
Não se exclui hipótese de que no Irã não haverá um cargo unipessoal de dirigente supremo, podendo esse vir a ser substituído pelo Conselho Supremo, desempenhando funções de liderança, que integre três clericais mais prestigiosos, eleitos pelo Conselho de Anciões.
Seja como for, uma eventual troca de líder não irá acarretar mudanças do rumo político. Este poderá ser corrigido após as legislativas e as eleições ao Conselho de Anciões em 2015.
Entretanto, a situação no Irã, sobretudo, na área econômica, requer a abolição das sanções internacionais anti-iranianas e a captação de tamanhos investimentos e tecnologias na maioria dos setores econômicos. Tal cenário, quer queiram os “conservadores relutantes”, quer não, vem implicando a necessidade de soluções de compromisso e o restabelecimento de relações normais com o Ocidente.
Em virtude disso, é bem provável que o atual líder iraniano seja sucedido por uma figura política pouco notável que possa convir às forças políticas em confrontação.
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