O certo é não se fazer o suficiente aproveitamento da experiência e das capacidades de quem teve as mais altas responsabilidades na nação, além do conhecimento e das informações que cada um apurou e reflecte. Raramente um ex-Presidente é solicitado por um seu sucessor para uma missão especial de interesse nacional. Que me lembre, Ramalho Eanes fez uma ou outra viagem de representação externa, Mário Soares emprestou o seu nome para credibilizar uma comissão de averiguação sobre a proveniência do ouro nazi durante a II Guerra Mundial, e Jorge Sampaio foi convidado para uma missão internacional promotora do encontro de civilizações, uma iniciativa da diplomacia espanhola.
Porém, desde que a crise nos bateu à porta, os três antigos Presidentes começaram a inquietar-se e, cada um à sua maneira, têm vindo a produzir afirmações cada vez mais preocupadas com a situação do País. Já aqui me referi ao que isso pode representar de alerta para o actual detentor do cargo. Talvez Ramalho Eanes seja o mais parcimonioso por formação, mas quer Mário Soares quer Jorge Sampaio ocuparam nestes últimos dias a atenção dos portugueses com as suas intervenções sobre o estado da nação.
Soares tem vindo a exercer o seu ‘magistério de influência’ sem papas na língua, e com consistência, em artigos e em declarações sucessivas. Para ele há uma crise de governação em Portugal a merecer uma solução política excepcional que só o PR pode encontrar com o concurso do Parlamento. Sampaio regressou à República depois de ter renunciado aos cargos internacionais que exercia e apelou a uma convergência de esforços para Portugal retomar um rumo que o faça sair da crise em que está mergulhado.
O regresso de Sampaio à arena política merece toda a atenção. Trata-se de um reforço de peso para os activos do País. Regressa mais fresco e enérgico. Dá a impressão que tirou boa nota da biografia que José Pedro Castanheira escreveu com talento e minúcia.
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