terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ditadura ou democracia

  
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Notícias - Opinião
zedu cabinda 85420A conjuntura política actual provoca situações de desespero a muita gente por ter frustrado as suas aspirações. Muitos, se se lembrarem donde vêm, certamente, não saberão para onde vão e outros se souberem para onde vão, certamente, não saberão donde vieram. Uma desorientação total! Porém, a ideia predominante é a incerteza do presente.
Apesar da existência de vários partidos políticos, apesar da presença de instituições democráticas, apesar da realização de eleições, baseadas no sufrágio universal, apesar de termos uma Assembleia Nacional multipartidária, parece ser crente que no país está implantado um regime ditatorial, autoritário, totalitário e sei lá o que mais!
Razões não faltarão a quem assim pensar, mas será que isso tudo é verdade?
Eu tenho as minhas dúvidas!
Na verdade, o que é irrefutável e indubitável é simples e claro: temos um partido que domina a situação política, com um “historial que se confunde com o próprio país” (entenda-se, país desde a proclamação da independência). Temos um partido que governa o país há trinta e três anos, tempo mais que suficiente para criar vícios de governação e de outras índoles que possam enfermar qualquer Estado.
Seria eu injusto se não reconhecesse que este tempo não significa necessariamente uma vontade exacerbada de governar pela parte do partido em causa; seria eu leviano e inconsequente se não dissesse que grande parte deste tempo se deveu a uma necessidade intrínseca da própria situação política criada no país, com as divergências políticas provocadas pelos próprios políticos, obcecados pelo poder.
Quer queiramos quer não, as guerras sucessivas que devastaram o país são referências obrigatórias na abordagem e na compreensão deste tempo exagerado da governação do MPLA. Foram as guerras que deram lugar não só ao tempo que o MPLA governa o país, mas também a todo o enredo da situação política do país.
O nosso país é rico em acontecimentos. Angola é campeã em casos inéditos, senão vejamos: Após a realização das eleições em 1992, o país voltou a mergulhar na guerra, mas desta vez, com repercussões devastadoras, como antes nunca tinha acontecido. Ainda assim, as duas partes em guerra eram representadas no Parlamento, isto quer dizer que o Governo e a oposição armada eram inimigos por andarem desavindos militarmente e ao mesmo tempo, adversários políticos, combatendo pela mesma causa, a democracia.
Este é um facto ‘sui generis’ da nossa ‘mal querida democracia’. Havia deputados que defendiam as duas causas: a guerra e a paz. Defendiam a guerra nas frentes de combate. Defendiam a paz no Parlamento. E ainda me vêm a dizer que em Angola reina a ditadura!? O que é a ditadura?
Eu concordo que a governação seja alternada, mas isso não passa por uma simples vontade minha. A alternância da governação, no contexto democrático, é uma necessidade que deve corresponder às próprias aspirações políticas do país. É preciso que haja forças políticas equilibradas que concorram para a governação. Aqui, importa referir que, com o equilíbrio, pretendo apenas elucidar a capacidade política dos intervenientes e o seu poder de persuasão, adoptado de acções concretas dignas do merecimento da credibilidade por parte daqueles que batem as palmas quando se sentem satisfeitos com aquilo que lhes é dito, o Povo.
Se o poder é tão desejado, não é menos verdade que não se consegue de ‘mãos beijadas’. Cabe aos políticos a tarefa de fazerem uma política activa, com exigências actuais e que correspondam aos anseios do Povo. A fazê-lo, estarão a criar as bases conducentes à governação. Ao contrário, estaremos condenados a ver as mesmas caras, estaremos condenados a ouvir as mesmas vozes, estaremos viciados na governação do MPLA, e como é óbvio, o país vai-se tornando, cada vez mais parecido com este partido.
Portanto, que fique bem claro, ainda que não tenhamos coragem de o admitir: em Angola não existe ditadura. Em Angola, existe, sim, uma democracia que está a caminhar para à sua afirmação, mas o caminho é longo e nele, impõem-se muitos obstáculos. O mais importante é que todos nós, de uma forma ou de outra, empenhemo-nos rumo à consolidação desta jovem democracia.
Por Dr.XisDitadura ou democracia

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