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- Publicado em quarta, 31 outubro 2012
Os dirigentes políticos europeus perdem tempo e dinheiro com estas cimeiras europeias que só têm servido, quase sempre, para protelar decisões necessárias e urgentes. Vivemos assim, pelo menos, desde 2008, em que as cimeiras se sucedem e os resultados são nulos ou contraditórios. E a crise continua a agravar-se...
A chanceler Merkel, vinda do Leste, lá saberá as linhas com que se cose. Mas com as suas tergiversações nunca se sabe o que realmente quer. De seguro, só pensa em ganhar as eleições... O que — diga-se — vai ser difícil. O certo é que passará à história como a grande responsável pelo prolongamento de uma crise que poderia ter evitado desde o início, quando os problemas começaram na Grécia. À Alemanha não teria custado quase nada se, em nome da Zona Euro, tivesse atalhado logo e ajudado a Grécia, como lhe cumpria. Não o fez. Os bancos alemães saberão porquê. Talvez para os ajudar a ganhar um pouco mais, o que só transitoriamente conseguiu. O resto foi o que se sabe e que vai custar muito caro à Alemanha no final desta tristíssima história.
Não podendo empurrar a União para uma terceira guerra mundial — a Alemanha não está, felizmente, armada para tanto —, vai perder muito, financeira e economicamente, se a União Europeia não vencer a crise em que está cada vez mais envolvida. As suas exportações para os Estados europeus estão a diminuir, por força das circunstâncias. É um sintoma grave.
A cimeira de Bruxelas, que ocorreu nos dias 18 e 19 do corrente mês, foi, ao contrário do que alguns esperavam, um balde de água fria. Mais uma vez, discutiu-se muito e adiaram-se todas as medidas que haviam sido prometidas...
François Hollande queria mais. Disse-o numa entrevista ao “Le Monde”, intitulada “O pior já passou”. O que não é o caso. A chanceler Merkel opôs-se. Menos austeridade e mais crescimento para diminuir o desemprego? Nem pensar nisso! A chanceler Merkel não deixou concretizar nada em matéria de redução da austeridade, atirando para outra cimeira - como tanto gosta de fazer - as decisões a tomar. E os outros Estados membros obedeceram. Até quando esta contradança vai continuar? Hollande, é certo, lutou. Mas perdeu, bem como todos os Estados vítimas dos mercados. E, assim, se continua a caminhar para o abismo, numa total irresponsabilidade. Tudo pode acontecer...
Além dos três primeiros Estados vítimas dos mercados usurários, outros vão aparecendo: a Espanha está a entrar numa situação explosiva. A Itália e, mais tarde ou mais cedo, a França, vão ser igualmente vítimas e arrastarão, necessariamente, outros Estados membros. Alguns, aliás, já estão na calha...
No entanto, a opinião europeia começa a manifestar-se por toda a União e a vir para a rua, o que não deixa de ser perigoso — tenho-o escrito várias vezes — para aqueles governos para os quais as pessoas não contam. Atenção! A revolta que está a amadurecer nas ruas vai complicar-se. E tudo indica, infelizmente, que pode tornar-se violenta... Oxalá me engane!
*Antigo Presidente de Portugal
A chanceler Merkel, vinda do Leste, lá saberá as linhas com que se cose. Mas com as suas tergiversações nunca se sabe o que realmente quer. De seguro, só pensa em ganhar as eleições... O que — diga-se — vai ser difícil. O certo é que passará à história como a grande responsável pelo prolongamento de uma crise que poderia ter evitado desde o início, quando os problemas começaram na Grécia. À Alemanha não teria custado quase nada se, em nome da Zona Euro, tivesse atalhado logo e ajudado a Grécia, como lhe cumpria. Não o fez. Os bancos alemães saberão porquê. Talvez para os ajudar a ganhar um pouco mais, o que só transitoriamente conseguiu. O resto foi o que se sabe e que vai custar muito caro à Alemanha no final desta tristíssima história.
Não podendo empurrar a União para uma terceira guerra mundial — a Alemanha não está, felizmente, armada para tanto —, vai perder muito, financeira e economicamente, se a União Europeia não vencer a crise em que está cada vez mais envolvida. As suas exportações para os Estados europeus estão a diminuir, por força das circunstâncias. É um sintoma grave.
A cimeira de Bruxelas, que ocorreu nos dias 18 e 19 do corrente mês, foi, ao contrário do que alguns esperavam, um balde de água fria. Mais uma vez, discutiu-se muito e adiaram-se todas as medidas que haviam sido prometidas...
François Hollande queria mais. Disse-o numa entrevista ao “Le Monde”, intitulada “O pior já passou”. O que não é o caso. A chanceler Merkel opôs-se. Menos austeridade e mais crescimento para diminuir o desemprego? Nem pensar nisso! A chanceler Merkel não deixou concretizar nada em matéria de redução da austeridade, atirando para outra cimeira - como tanto gosta de fazer - as decisões a tomar. E os outros Estados membros obedeceram. Até quando esta contradança vai continuar? Hollande, é certo, lutou. Mas perdeu, bem como todos os Estados vítimas dos mercados. E, assim, se continua a caminhar para o abismo, numa total irresponsabilidade. Tudo pode acontecer...
Além dos três primeiros Estados vítimas dos mercados usurários, outros vão aparecendo: a Espanha está a entrar numa situação explosiva. A Itália e, mais tarde ou mais cedo, a França, vão ser igualmente vítimas e arrastarão, necessariamente, outros Estados membros. Alguns, aliás, já estão na calha...
No entanto, a opinião europeia começa a manifestar-se por toda a União e a vir para a rua, o que não deixa de ser perigoso — tenho-o escrito várias vezes — para aqueles governos para os quais as pessoas não contam. Atenção! A revolta que está a amadurecer nas ruas vai complicar-se. E tudo indica, infelizmente, que pode tornar-se violenta... Oxalá me engane!
*Antigo Presidente de Portugal
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