Recaída de Bolsonaro obriga médicos a pôr-lhe uma sonda

Presidente brasileiro está internado desde domingo, tendo sido submetido na segunda-feira a uma cirurgia para remover a bolsa de colostomia que usava desde que foi esfaqueado na campanha. Apesar de internado, Bolsonaro mantém-se em funções.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que continua internado depois de ter feito uma operação para remover a bolsa de colostomia que usava desde que foi esfaqueado na campanha, teve uma recaída e foi necessário colocar-lhe uma sonda nasogástrica "devido a episódio de náusea e vómito".
"Pela tarde, meu pai teve uma recaída, mas está nas mãos de profissionais excecionais e a situação se normalizou. Está descansando vendo a sua equipa jogar. Continuem com as orações e apoio! Faz toda a diferença!", escreveu no Twitter um dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro.
Numa segunda mensagem, acrescentou: "Ele sentiu um pouco de mal-estar, o que é normal no processo, mas já está bem. Podem ficar tranquilos!"
O próprio Bolsonaro, que está internado no hospital Albert Einstein (São Paulo) desde domingo, usou as redes sociais, publicando apenas um emoji para indicar que estava tudo bem.
A Folha de São Paulo, que cita assessores, "a reação de Bolsonaro é normal e decorrente da retomada da função intestinal. A sonda foi colocada para retirar o líquido em excesso que permanecia no estômago e foi mantida, caso seja necessário repetir o procedimento".
Os médicos indicaram também que o presidente não tem dor nem febre e que os exames laboratoriais estão normais. "Continua em jejum e nutrição parenteral [modo de administração é feito por qualquer via que não seja a oral ou intestinal] exclusiva", segundo o comunicado.
Apesar de internado, presidente mantém-se em funções, tendo passado a pasta ao vice, Hamilton Mourão, durante apenas 48 horas.

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Pelo número de atentados terroristas que crescem sem conhecida esperança de os eliminar como instrumentos da luta política, o método de batizar as épocas históricas encaminha para aceitar que o século em que estamos venha a chamar-se "idade do terrorismo", como já foi usado para o passado, pelo ilustre Christopher Andrew a chamada "idade de ouro dos assassinatos". O seu livro - O Mundo Secreto, editado neste ano pela Dom Quixote, merece atenção para conseguir enriquecer a compreensão da anárquica ordem global em que nos encontramos. Trata-se sempre de violência humana, não da natureza, que produz o medo, quer quando o método é usado por governos quer quando, como agora, se distingue pelo ataque a formas de governo mesmo respeitadoras do princípio da legalidade. O problema da justificação deveu atenção a Sorel, que em Reflections on Violence (1908) procurou distinguir a violência da autoridade, sendo que legitimação da primeira teve admiradores como Mussolini, Hitler, Lenine, mas também, com diferente perfil, foi acolhida pela chamada new left, e até nos levantamentos juvenis de 1968. Todavia, o que parece mais específico neste século é que a legitimação é pragmática, considerando legitimada qualquer ação cujo resultado favoreça os objetivos procurados. O mesmo critério dos totalitarismos do século passado, dispensadores do direito natural. Agora, o objetivo procurado, sendo o movimento dinamizado frequentemente pela história das hierarquias coloniais, é o de usar a capacidade de o fraco vencer o forte, como aconteceu com as Torres Gémeas, e quebrar a relação de confiança entre a sociedade civil, atingida pelo medo, e a capacidade do seu governo, mesmo legítimo e legalista, para salvaguardar os padrões de vida habitual. Um método demonstradamente mais difícil de anular do que o que caracterizou a "época de ouro dos assassinatos", que foi adotado por anarquistas e revolucionários antes da Primeira Guerra Mundial, mas com precedentes seculares: por exemplo, Andrew aponta o facto de três quartos dos imperadores romanos terem sido assassinados ou derrubados. Neste século, o que mais caracteriza o terrorismo não é a eliminação de dirigentes políticos, como aconteceu com vários presidentes dos EUA, é antes a "matança dos inocentes" sem escolha aleatória, para demonstrar a quebra de autoridade do Estado e da sua capacidade de assegurar a vida habitual contra o imprevisível ataque à espera de uma oportunidade. Este método demonstra a sua eficácia e aperfeiçoamento quando a circunstância da ordem mundial com as suas frágeis regras entregues a instituições, das quais a ONU é a mais importante, se mostram fragilizadas pela rápida e apenas parcialmente conhecida alteração da circunstância temporal em que foram criadas. Por isso, tal facto contribui para que o critério maquiavélico do pragmatismo seja o justificante quer das agressões quer por vezes das respostas tentativamente organizadas. Por trágica coincidência, assim como chamado soft power procura obter os resultados que antes eram de regra confiados ao poder militar, o terrorismo visa impor-se pela capacidade de o poder do fraco poder atingir severamente o poder do forte, atingindo este nos valores das sociedades civis que seguem a autoridade do governo legal sem que por isso este tivesse de recorrer ao poder. A diferença entre a chamada "idade de ouro dos assassinatos" e a "época do terrorismo" que vivemos pode evidenciar-se pela comparação do modelo do ataque dirigido contra as Torres Gémeas", e o assassinato da imperatriz Isabel da Áustria, que se encontrava de viagem, incógnita, em Genebra. O seu assassino, Luigi Lucheni, deu a seguinte justificação: "Vim a Genebra matar um soberano com o propósito de dar exemplo aos que sofrem e aos que nada fazem para melhorar a sua condição social. Pouco me importava que soberano mataria." O anarquismo deste século mata grupos anónimos de inocentes, homens, mulheres e crianças, com o objetivo de o fraco atingir o forte, quebrando a relação de confiança dos cidadãos com o governo dos atingidos, introduzindo o ambiente do medo na vida habitual. Em novembro de 1890 reuniu-se em Roma a Conferência Internacional para a Defesa da Sociedade contra os Anarquistas. Neste século, a articulação dos meios internacionais contra o terrorismo é uma das tarefas mais urgentes e difíceis para a salvaguarda da paz. Não apenas da paz sem agressões da violência, que usa avanços técnicos com maior gasto de vidas do que de recursos orçamentais, mas também dos efeitos da violência que se traduzem no medo paralisante do exercício pelos cidadãos dos direitos garantidos pela legalidade. Com maior ou menor evidência, tal circunstância ameaça alargar o seu espaço europeu.