Tuesday, February 26, 2019

Erdogan critica UE por participar em cimeira no Egito após nove execuções


ANADOLU AGENCY/GETTY

“Ainda se pode falar de democracia nos países da União Europeia que acabam de participar [numa cimeira] com [o presidente egípcio Abdel Fattah] al-Sisi que acaba de executar nove jovens na semana passada?”, questioniou o Presidente da Turquia

O Presidente turco Recep Tayyip Erdogan criticou nesta terça-feira a União Europeia (UE) por ter participado numa cimeira com dirigentes árabes no Egito alguns dias após a execução de nove condenados à morte no país.
"Ainda se pode falar de democracia nos países da União Europeia que acabam de participar [numa cimeira] com [o presidente egípcio Abdel Fattah] al-Sisi que acaba de executar nove jovens na semana passada?", declarou Erdogan. "Não é possível compreender isso. A UE não é sincera", acrescentou o Presidente turco num discurso em Giresun (norte). "A História vai recordar-se disso", frisou.
Pouco antes, o chefe da diplomacia turca Mevlut Cavusoglu tinha denunciado a "hipocrisia" da UE por ter participado nesta cimeira que decorreu domingo e segunda-feira em Sharm el-Sheikh, leste do Egito. "O facto de os dirigentes da União Europeia se colocarem ao lado e apoiarem Sissi logo após a execução de nove jovens (...) são dois pesos e duas medidas", declarou Cavusoglu aos órgãos de comunicação social em Ancara.
"Pelo contrário, dizem que se a Turquia reintroduzir a pena de morte, farão isto e aquilo", acrescentou. "Hoje, quando olhamos para os dirigentes europeus, já não existem valores, apenas interesses", prosseguiu o ministro turco.
Na quarta-feira nove homens foram executados por enforcamento acusados de envolvimento no assassinato do procurador-geral egípcio em 2015 no Cairo. Este ataque não foi reivindicado, mas a polícia anunciou a detenção de membros da Irmandade Muçulmana, uma organização considerada "terrorista" pelo Cairo.
As relações entre a Turquia e o Egito são quase inexistentes desde a destituição em 2013 do Presidente eleito Mohamed Morsi, proveniente da Irmandade Muçulmana e aliado de Erdogan, num golpe promovido pelo exército egípcio, então dirigido pelo general Al-Sisi. Erdogan, que qualifica o seu homólogo egípcio de "golpista", declarou no sábado "não poder aceitar" as execuções da semana passada, denunciando "um sistema autoritário, decerto totalitário".
Nos últimos anos, em particular na sequência do fracassado golpe de Estado de julho de 2016, o chefe de Estado turco evocou por diversas vezes o restabelecimento da pena de morte, abolida em 2002 no âmbito do processo de adesão da Turquia à UE, atualmente totalmente bloqueado.

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