Friday, February 22, 2019

Papa expulsa da Igreja padre brasileiro acusado de abusar de 11 freiras

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Papa expulsa padre goiano suspeito de abusar sexualmente de ex-freiras

Jean Rogers Rodrigo de Sousa, o padre Rodrigo Maria, perdeu status clerical nesta quarta (20)

    Anna Virginia Balloussier
    SÃO PAULO
    Suspeito de abuso sexual contra ex-freiras e ex-noviças, o goiano Jean Rogers Rodrigo de Sousa, 45, perdeu o estado clerical nesta quarta (20) por ordem do papa Francisco. Isso significa que ele, ordenado sacerdote há 19 anos, deixa de ser padre —a punição mais grave que a Igreja Católica pode impor a um clérigo.
    É o desfecho de uma investigação canônica (coordenada pela Igreja) contra ele, que, após pular de diocese em diocese, deixando um rastro de suspeitas no caminho, atualmente respondia aos bispos da paraguaia Ciudad del Este.
    Jean Rogers Rodrigo de Sousa, 45, suspeito de abuso sexual contra religiosas e que deixa de ser padre -- punição mais grave que a Igreja Católica pode impor a um clérigo
    Jean Rogers Rodrigo de Sousa, 45, suspeito de abuso sexual contra religiosas e que deixa de ser padre -- punição mais grave que a Igreja Católica pode impor a um clérigo - Reprodução
    "O sacerdote Jean Rogers Rodrigo de Sousa, desta diocese, recebeu do Santo Padre o decreto de perda do estado clerical e a dispensa das obrigações correspondentes", diz documento assinado pelo monsenhor Guillermo Steckling.
    Citado como molestador por pelo menos 11 mulheres, ele já havia sido afastado temporariamente por Steckling. Agora, a decisão é definitiva.
    Folha revelou em setembro as acusações que pairavam desde 2006 contra Jean, conhecido como padre Rodrigo Maria. Na época, ele liderava uma comunidade católica em Anápolis (GO), a Arca de Maria, e foi acusado de fazer lavagem cerebral em moças jovens que recrutava para a missão religiosa.
    Uma ex-noviça na Arca narrou à reportagem que ela e colegas raspavam a cabeça e passavam a rejeitar as famílias e, se cometessem alguma "rebeldia", eram castigadas pelo padre --que, segundo ela, as submetia a dieta a pão e água.
    Depois vieram denúncias de conduta sexual criminosa, de estupro a masturbação no meio de um papo virtual.
    Uma ex-freira disse à Folha, pedindo para ter seu nome preservado, que o episódio aconteceu há cerca de cinco anos, quando os dois se falavam pela internet. "Aí ele baixou [a roupa] e se masturbou, e nisso eu imediatamente desliguei o Skype." Antes, ela tirou um print da conversa —a imagem foi anexada aos autos do processo canônico.
    Há processos contra o ex-padre correndo em sigilo na Justiça comum, todos ainda sem veredicto. No ano passado, Jean disse à reportagem que era alvo "de calúnia há algum tempo, razão pela qual estou processando criminalmente 11 [mulheres que o acusam]".
    Folha não conseguiu novo contato com ele ou seu advogado nesta quarta. Em setembro, ele havia dito que "quem tem feito as falsas acusações tem atrás de si interesses de organizações mais poderosas", que "instrumentalizam essas pessoas, que possuem problemas de ordem psicológica".
    Citou, então, "casos de homossexualidade" de duas mulheres que o denunciaram.
    Seu conservadorismo teria motivado os atos revanchistas, disse. Em redes sociais, já elogiou Jair Bolsonaro e pediu "uma Ave Maria para livrar o Brasil do comunismo".
    Jean continuou a usar o hábito clerical e a pregar como padre, desobedecendo a suspensão imposta em 2018 pela Diocese de Ciudad del Este.
    Seu canal de YouTube, em que costumava postar sermões e opiniões políticas, não deixou de ser atualizado. Mas agora os vídeos são genéricos, sem mostrar seu rosto --podendo ter sido gravados, portanto, em qualquer data e postados por outra pessoa. Há um discurso dele, publicado já depois das denúncias emergirem, condenando o Halloween ("a festa do inferno").
    A remoção de seu status eclesiástico chega na véspera de um encontro no Vaticano que reunirá o papa e os 114 presidentes de Conferências Episcopais (instituições como a brasileira CNBB) para discutir abusos sexuais praticados contra menores de idade por clérigos e acobertados por seus superiores, a crise mais aguda que a Igreja Católica enfrenta hoje.
    As mulheres que acusaram Jean tinham mais de 18 anos.
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    comentários

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    CLEOMAR JOSÉ CORDEIRO CORDEIRO

    Ontem às 10h46
    O que pode ser pior em qualquer parte do mundo, professar ideias comunistas ou um padre que molesta jovens?

    EMILIO CARLOS PINHATARI

    Ontem às 8h20
    Será que a o catolicismo não vai entender que o celibato é o grande mal que acaba gerando padres e bispos com disturbios afetivos e sexuais. Isso os infelicita e alguns criam distúrbio sérios.

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    A investigação que acusa Rodrigo Maria foi liderada pelo Vaticano. O padre nega todas as acusações e diz que são apenas vingança por ser conservador.
    Rodrigo Maria andou de diocese em diocese, devido às sucessivas queixas
    Youtube
    Rodrigo Maria, com 45 anos, perdeu nesta quarta-feira o estatuto clerical. Tal como explica a TSF, esta é a forma mais pesada da Igreja Católica punir um sacerdote. O padre foi acusado de abusar sexualmente de 11 mulheres, de lhes rapar a cabeça e de as alimentar a pão e água. Todas as vítimas tinham mais de 18 anos.
    A investigação que provou que Rodrigo Maria era culpado foi coordenada pelo próprio Vaticano. As denúncias começaram em 2006, o que levou o padre a mudar de diocese várias vezes. O último sítio onde Rodrigo Maria esteve em funções foi na Ciudad del Este, no Paraguai.
    O jornal brasileiro Folha de S. Paulo ouviu uma das vítimas. A freira, que falou sob anonimato, conta um episódio de 2014 quando, durante uma conversa no Skype, o padre se masturbou, situaçãoque, mais tarde, foi usada como prova na investigação do Vaticano. O historial de Rodrigo Maria é longo, havendo outros processos a decorrer na justiça, à margem das investigações do Vaticano.
    O padre negou sempre as acusações e disse serem todas fruto de vingança por ser demasiado conservador. Este traço de personalidade também era visível no que toca à política. Rodrigo Maria era apoiante declarado do atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. O padre chegou até a pedir, nas redes sociais, para se rezar uma Avé Maria para pôr fim ao comunismo, durante a campanha eleitoral das presidenciais brasileiras do ano passado.
    No início deste mês, o Papa Francisco admitiu pela primeira vez a existência de abusos sexuais de padres e bispos contra freiras. “É verdade. Há padres e bispos que fizeram isso. Devia ser feito mais [para o impedir]? Sim. E temos essa vontade? Sim.”, disse o chefe da Igreja Católica.

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