Nicolás Maduro não terá gostado de uma pergunta sobre fraude eleitoral feita pelos jornalistas da Univision, nem de ver um vídeo com crianças a comer do lixo. Os repórteres vão ser deportados.
As autoridades venezuelanas vão expulsar do país a equipa de jornalistas do canal de televisão norte-americano Univisión que esteve detida, na segunda-feira, no palácio presidencial de Miraflores, denunciou o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP).
“Confirma-se que a equipa da Univisión será deportada. As autoridades migratórias apresentaram-se no hotel para notificar que seriam conduzidos ao aeroporto”, explica o SNTP na sua conta do Twitter. O sindicato não avança qualquer informação sobre o que acontecerá com os que têm nacionalidade venezuelana.
Uma equipa de sete pessoas do canal de televisão norte-americano Univisión esteve detida segunda-feira, durante três horas, no palácio presidencial de Miraflores, denunciou o SNTP. Entre os detidos estava o jornalista Jorge Ramos e o correspondente em Caracas da Univisión, Francisco Urreiztieta.
Segundo o SNTP, a equipa foi detida, na segunda-feira, “dentro de Miraflores, depois de entrevistarem” o Presidente de facto, Nicolás Maduro. “Confiscaram-lhes todo o equipamento técnico que levaram ao palácio para a entrevista”, acrescentou.
A detenção foi confirmada pela Univisión, que esta terça-feira divulgou imagens de um vídeo gravado pela equipa, com pessoas a alimentarem-se do lixo, o que terá, alegadamente, incomodado o Presidente de facto venezuelano, Nicolás Maduro.
Segundo o SNTP, “à saída de Miraflores, Jorge Ramos e toda a equipa da Univisión, foram gravados e escoltados durante todo o trajeto” até ao hotel onde se encontram hospedados, por funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN, serviços secretos).
Pelas 23h00 horas locais de segunda-feira (03h00 horas desta terça-feira em Lisboa), segundo o SNTP, o SEBIN mantinha “tomadas as instalações do hotel, em Caracas, onde se encontra hospedada a equipa da Univisión”. “Os funcionários (do SEBIN) impediram a entrada ou saída de qualquer pessoa”, explica, o SNTP na conta da rede social do Twitter.
A causa da detenção, segundo o SNTP, deveu-se ao facto de Nicolás Maduro ter ficado “chateado com as perguntas feitas pelo jornalista Jorge Ramos”.
Não gostou quando foi questionado sobre acusações de fraude [nas eleições] e saiu da sala quando o repórter lhe mostrou um vídeo com crianças a comerem do lixo”, explica
Em declarações à Univisión, Jorge Ramos afirmou ter dito a Nicolas Maduro que milhões de venezuelanos o consideram um “ditador” e “ele obviamente não gostou”, tendo sido uma das razões para que a entrevista fosse interrompida.
O SNTP denuncia ainda que o ministro de Comunicação e Informação venezuelano, Jorge Rodríguez e a vice-presidente da Venezuela Delcy Rodríguez, entraram na sala, “ofenderam a equipa” e chamaram Jorge Ramos de “provocador convencional”. “Vais engolir as tuas palavras com uma Coca Cola”, terão dito.
Jorge Ramos explicou ainda à Univisión que durante “mais de duas horas” estiveram “metidos num quarto de segurança, com as luzes apagadas”.
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