quinta-feira, 25 de julho de 2013
os textos "barulhentos"
Edgar Kamikaze Barroso
22 hours ago via Mobile
Estive a ler há bocado o mais recente artigo do Professor Elisio Macamo. Não vou fazer aqui um livro em torno do que eu acho dos textos dele que, regra geral, sempre não respeitam o princípio da imparcialidade e o princípio da proporcionalidade. Imparcialidade porque quase sempre ataca invariavelmente as vozes e os textos "barulhentos" dos que não respeitam o que ele acha ser cientificamente conve...niente para que se esteja apto para se debater sobre Moçambique. Proporcionalidade porque não é a primeira vez que assim o faz nos seus textos, diferentemente do que tem feito em relação ao governo do dia. Aliás, nunca li um texto sequer dele em que esteja lá patente de modo directo, aberto e objectivo uma crítica à governação ou aos nossos governantes.
O argumento central do referido artigo é o de a nossa esfera pública de debate não ser ainda a adequada, por se resumir aos insultos à pessoas e ao Governo. Não sei ao certo que insultos são esses, mas se for dizer que Guebuza é arrogante e que a governação do partido no poder tem sido a mais desorientada, corrupta e incompetente de todos os tempos em Moçambique independente, não vejo problemas nisso. As evidências quase que diárias assim o indicam. E alguém arrogante e incompetente assim o é em qualquer parte do mundo, e é assim que devem e merecem ser chamados. Digo o mesmo em relação aos ladrões. Em quase todo o mundo arrogantes, ladrões e incompetentes nos governos são assim chamados e a opinião pública nesses países não é arbitrária e recorrentemente chamada de insultuosa pelos seus maiores pensadores. A opinião pública na Alemanha, no Brasil, no Egipto, na Grécia, nos Estados Unidos ou em Angola chama aos seus ladrões e incompetentes de ladrões e incompetentes, porquê e que tem de ser diferente em Moçambique?
Ainda no referido artigo do Professor Elisio Macamo, este diz que tem mais medo dos "jovens rebeldes" que pululam nas nossas redes sociais, nas redacções dos jornais independentes e nas organizações da sociedade civil... não diz porquê. Se formos pela "lógica do insulto" que ele diz ser apanágio das intervenções dessas vozes barulhentas que, sem método científico e com visceral apetência em criticar o governo do dia, não vejo ainda muito bem a razão de tal medo. A governação central e local em Moçambique brinda-nos quase que diariamente com exemplos clarividentes de gestão pública danosa. Há claramente uma exclusão política, econômica e social de uma larga maioria da população mocambicana, nas áreas rurais e urbanas, em benefício de uma oligarquia muito bem identificada nos meandros do poder e das estruturas do partido que nos tem governado. As pessoas vêem que a redistribuição da riqueza nacional privilegia uns poucos e negligência muitos outros. Há mais carrinhas de caixa aberta a transportar pessoas como animais nas nossas zonas urbanas e rurais, lado à lado nas estradas com os Mercedes-Benz e os Navaras dos nossos governantes, de seus familiares e associados. Queria o sociólogo que as pessoas estudassem Filosofia ou Sociologia primeiro para depois poderem vir em público dizer ao menos o que lhes vai já alma?! Não basta só as pessoas serem empobrecidas, humilhadas e ridicularizadas na praça pública com salários, pensões e regalias multimilionarias dos nossos governantes, mesmo quando o Presidente da República aparece em público a dizer que "o país é pobre" ou que quando as pessoas a quem confiamos a gestao dos nossos destinos como Estado e nação nos bombardeam com expressões como "não há dinheiro"? Temos o direito constitucional de nos indignarmos como bem o acharmos. Assim o fazem os povos de outros países. Assim deve continuar, mesmo que os nossos argumentos não respeitem as premissas de debate favoritas do Professor Elisio Macamo.
PS: Elisio Macamo dever-se-ia preocupar mais com o quê, a beleza discursiva como expomos as nossas insatisfações ou os problemas objectivos da nossa governação e os efeitos da mesma sobre a vida dos moçambicanos? Nunca vi, li ou ouvi nada dele, de modo aberto, claro, directo e objectivo sobre a mudança do discurso governamental em torno das reivindicações políticas da Renamo apenas após os infelizes incidentes de Muxungue. Nunca vi um pronunciamento dele em torno da 'suspensão administrativa' de toda a liderança do braço juvenil do partido no poder por manifesta conduta e gestão irresponsável, a mesma liderança juvenil que desde que Guebuza ascendeu ao poder era tida como a "geração da viragem" que iria assumir de modo heróico, sábio e iluminado os destinos do nosso país... Da-lhe mais medo os que se têm posicionado de modo irreverente contra as arbitrariedades governativas e os que decidiram participar se modo activo na fiscalização governativa. O quê é que isso nos revela? Elisio Macamo teme mais a publicitação dos nomes dos nossos maiores corruptos e delapidadores nas páginas dos nossos jornais independentes e nas redes sociais do que o literal embebedamento alcoólico da nossa juventude em momentos decisivos para a tomada de decisões sobre o nosso futuro próximo como nação? Não o assusta ver uma senhora desesperada na televisão a sofrer na pele a falta de água que Guebuza foi lá no seu bairro prometer, aquando da sua campanha eleitoral, mas já fica com o coração nas mãos quando vozes aparecem a denunciar a confiscacao oligárquica da nossa riqueza, oportunidades e recursos por um grupo político sustentado pelo controlo de um sistema eleitoral que o beneficia e previlegia à olhos vistos... Eu gostaria que ele fosse mais íntegro e inclusivo nas suas intervenções. Que atacasse com igual apetite tanto o regime no poder e seus associados quanto o tem feito em relação aos que não coadunam com algumas das suas práticas, políticas e condutas. Quero vê-lo a falar não só dos meus posts "insultuosos" ou da linha editorial dos jornais independentes, como também da geração de acéfalos a todos os níveis que o nosso sistema nacional de educação tem cíclica e industrialmente formado. Quero lê-lo a falar sobre as responsabilidades dos que deixaram o processo de recenseamento eleitoral começar muitas semanas depois do seu lançamento oficial, por exemplo. Quero assisti-lo a questionar os padrões de acumulação e ostentação de riqueza dos descendentes dos nossos antigos combatentes mais importantes. Ou a agenda e o foco do Professor Elisio Macamo é apenas o de policiar as nossas vozes sob o manto da sociologia do debate científico? — with Elisio Macamo.
O argumento central do referido artigo é o de a nossa esfera pública de debate não ser ainda a adequada, por se resumir aos insultos à pessoas e ao Governo. Não sei ao certo que insultos são esses, mas se for dizer que Guebuza é arrogante e que a governação do partido no poder tem sido a mais desorientada, corrupta e incompetente de todos os tempos em Moçambique independente, não vejo problemas nisso. As evidências quase que diárias assim o indicam. E alguém arrogante e incompetente assim o é em qualquer parte do mundo, e é assim que devem e merecem ser chamados. Digo o mesmo em relação aos ladrões. Em quase todo o mundo arrogantes, ladrões e incompetentes nos governos são assim chamados e a opinião pública nesses países não é arbitrária e recorrentemente chamada de insultuosa pelos seus maiores pensadores. A opinião pública na Alemanha, no Brasil, no Egipto, na Grécia, nos Estados Unidos ou em Angola chama aos seus ladrões e incompetentes de ladrões e incompetentes, porquê e que tem de ser diferente em Moçambique?
Ainda no referido artigo do Professor Elisio Macamo, este diz que tem mais medo dos "jovens rebeldes" que pululam nas nossas redes sociais, nas redacções dos jornais independentes e nas organizações da sociedade civil... não diz porquê. Se formos pela "lógica do insulto" que ele diz ser apanágio das intervenções dessas vozes barulhentas que, sem método científico e com visceral apetência em criticar o governo do dia, não vejo ainda muito bem a razão de tal medo. A governação central e local em Moçambique brinda-nos quase que diariamente com exemplos clarividentes de gestão pública danosa. Há claramente uma exclusão política, econômica e social de uma larga maioria da população mocambicana, nas áreas rurais e urbanas, em benefício de uma oligarquia muito bem identificada nos meandros do poder e das estruturas do partido que nos tem governado. As pessoas vêem que a redistribuição da riqueza nacional privilegia uns poucos e negligência muitos outros. Há mais carrinhas de caixa aberta a transportar pessoas como animais nas nossas zonas urbanas e rurais, lado à lado nas estradas com os Mercedes-Benz e os Navaras dos nossos governantes, de seus familiares e associados. Queria o sociólogo que as pessoas estudassem Filosofia ou Sociologia primeiro para depois poderem vir em público dizer ao menos o que lhes vai já alma?! Não basta só as pessoas serem empobrecidas, humilhadas e ridicularizadas na praça pública com salários, pensões e regalias multimilionarias dos nossos governantes, mesmo quando o Presidente da República aparece em público a dizer que "o país é pobre" ou que quando as pessoas a quem confiamos a gestao dos nossos destinos como Estado e nação nos bombardeam com expressões como "não há dinheiro"? Temos o direito constitucional de nos indignarmos como bem o acharmos. Assim o fazem os povos de outros países. Assim deve continuar, mesmo que os nossos argumentos não respeitem as premissas de debate favoritas do Professor Elisio Macamo.
PS: Elisio Macamo dever-se-ia preocupar mais com o quê, a beleza discursiva como expomos as nossas insatisfações ou os problemas objectivos da nossa governação e os efeitos da mesma sobre a vida dos moçambicanos? Nunca vi, li ou ouvi nada dele, de modo aberto, claro, directo e objectivo sobre a mudança do discurso governamental em torno das reivindicações políticas da Renamo apenas após os infelizes incidentes de Muxungue. Nunca vi um pronunciamento dele em torno da 'suspensão administrativa' de toda a liderança do braço juvenil do partido no poder por manifesta conduta e gestão irresponsável, a mesma liderança juvenil que desde que Guebuza ascendeu ao poder era tida como a "geração da viragem" que iria assumir de modo heróico, sábio e iluminado os destinos do nosso país... Da-lhe mais medo os que se têm posicionado de modo irreverente contra as arbitrariedades governativas e os que decidiram participar se modo activo na fiscalização governativa. O quê é que isso nos revela? Elisio Macamo teme mais a publicitação dos nomes dos nossos maiores corruptos e delapidadores nas páginas dos nossos jornais independentes e nas redes sociais do que o literal embebedamento alcoólico da nossa juventude em momentos decisivos para a tomada de decisões sobre o nosso futuro próximo como nação? Não o assusta ver uma senhora desesperada na televisão a sofrer na pele a falta de água que Guebuza foi lá no seu bairro prometer, aquando da sua campanha eleitoral, mas já fica com o coração nas mãos quando vozes aparecem a denunciar a confiscacao oligárquica da nossa riqueza, oportunidades e recursos por um grupo político sustentado pelo controlo de um sistema eleitoral que o beneficia e previlegia à olhos vistos... Eu gostaria que ele fosse mais íntegro e inclusivo nas suas intervenções. Que atacasse com igual apetite tanto o regime no poder e seus associados quanto o tem feito em relação aos que não coadunam com algumas das suas práticas, políticas e condutas. Quero vê-lo a falar não só dos meus posts "insultuosos" ou da linha editorial dos jornais independentes, como também da geração de acéfalos a todos os níveis que o nosso sistema nacional de educação tem cíclica e industrialmente formado. Quero lê-lo a falar sobre as responsabilidades dos que deixaram o processo de recenseamento eleitoral começar muitas semanas depois do seu lançamento oficial, por exemplo. Quero assisti-lo a questionar os padrões de acumulação e ostentação de riqueza dos descendentes dos nossos antigos combatentes mais importantes. Ou a agenda e o foco do Professor Elisio Macamo é apenas o de policiar as nossas vozes sob o manto da sociologia do debate científico? — with Elisio Macamo.
O conforto da opinião da maioria
Elisio Macamo escureceu um brilhante artigo no qual, basicamente, defende que, no nosso ambiente intelectual, o conforto da opinião da maioria, que se confirma pela emoção, parece ser a rota mais segura do conhecimento. Apoiando-se na filosofa Hannan Arendt, ele sugere que o que podemos saber sobre o mundo nao se pode confirmar apenas pelos sentidos, mas sobretudo pela razão.
Elisio afirma no seu... texto que tem mais medo dos "novos democratas" do que daqueles que nos governam mal hoje (aqui inclui-me, suponho). Sao vários os factores que ele alinha para justificar este grande medo que sente: queimar autocarros, mutilar pessoas e matar indiscriminadamente em nome da luta pela democracia; aplaudir a morte de agentes da lei e ordem em nome do combate á arrogância do governo; a intolerância que hoje se infere nos posts e artigos e que, se apoiada pelo acesso ao poder, pode vir a recair sobre todos os que pensam diferentemente, com implicações trágicas para o país. Com efeito, quem aplaude o assassinato de policias, só porque isso embaraça o Governo, pode nao ter pejo de serviciar dissidentes, se vier a ter possibilidades para tal.
O foco de Elisio era o ambiente intelectual, embora se tenha referido também a esta intolerância (dos diferentes activistas, desejosos de "mudanças"). Trata-se de uma intolerância que acompanha a defesa e proteção de zonas de conforto ideológico.
O que o sociólogo foi fazer!!! Foi violentamente atacado em posts e comentários subseqüentes, prenhes das adjetivações e insultos de que ele tanto deplora no seu texto. Ataques protagonizados nao por intelectuais, que esses entenderam a sua salutar "provocação". Foi-o sim por uns pretensos activistas, conhecidos pela sua intolerância ao pensar diferente. Trata-se de um ataque tão vil que, inclusivamente imiscui-se na vida pessoal deste intelectual moçambicano. A produção intelectual de Elisio Macamo ee reduzida ás sovinas proporções de um expediente para aceder a cargos públicos, na esfera governativa mocambicana.
Conheço Elisio desde os fins da primeira metade da década 70 do século passado. Fomos contemporâneos no ciclo preparatório, na então pequena vila de Xai-Xai. Posso testemunhar sobre o grande apego que ele tem pela vida acadêmica, sobretudo nas condicoes excepcionais em que ele a exerce, primeiro na Alemanha e, agora, na Suíça. Estou convencido de que nada o faria mudar essa escolha da sua vida. Nem tachos, nem sinecuras, nem dinheiro distribuído, ao gosto de alguns activistas. E nao ee que propostas tentadoras nao lhe tenham sido feitas. Recusou-as todas.See more
Elisio afirma no seu... texto que tem mais medo dos "novos democratas" do que daqueles que nos governam mal hoje (aqui inclui-me, suponho). Sao vários os factores que ele alinha para justificar este grande medo que sente: queimar autocarros, mutilar pessoas e matar indiscriminadamente em nome da luta pela democracia; aplaudir a morte de agentes da lei e ordem em nome do combate á arrogância do governo; a intolerância que hoje se infere nos posts e artigos e que, se apoiada pelo acesso ao poder, pode vir a recair sobre todos os que pensam diferentemente, com implicações trágicas para o país. Com efeito, quem aplaude o assassinato de policias, só porque isso embaraça o Governo, pode nao ter pejo de serviciar dissidentes, se vier a ter possibilidades para tal.
O foco de Elisio era o ambiente intelectual, embora se tenha referido também a esta intolerância (dos diferentes activistas, desejosos de "mudanças"). Trata-se de uma intolerância que acompanha a defesa e proteção de zonas de conforto ideológico.
O que o sociólogo foi fazer!!! Foi violentamente atacado em posts e comentários subseqüentes, prenhes das adjetivações e insultos de que ele tanto deplora no seu texto. Ataques protagonizados nao por intelectuais, que esses entenderam a sua salutar "provocação". Foi-o sim por uns pretensos activistas, conhecidos pela sua intolerância ao pensar diferente. Trata-se de um ataque tão vil que, inclusivamente imiscui-se na vida pessoal deste intelectual moçambicano. A produção intelectual de Elisio Macamo ee reduzida ás sovinas proporções de um expediente para aceder a cargos públicos, na esfera governativa mocambicana.
Conheço Elisio desde os fins da primeira metade da década 70 do século passado. Fomos contemporâneos no ciclo preparatório, na então pequena vila de Xai-Xai. Posso testemunhar sobre o grande apego que ele tem pela vida acadêmica, sobretudo nas condicoes excepcionais em que ele a exerce, primeiro na Alemanha e, agora, na Suíça. Estou convencido de que nada o faria mudar essa escolha da sua vida. Nem tachos, nem sinecuras, nem dinheiro distribuído, ao gosto de alguns activistas. E nao ee que propostas tentadoras nao lhe tenham sido feitas. Recusou-as todas.See more
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