Deixem Comiche ser votado livremente
É claro que, nas eleições internas de Frelimo amanhā, em Maputo, uma vitória do economista Eneias Comiche só terá o sabor do fair play se os dois restantes candidatos, Fernando Sumbana e Razaque Manhique, forem também a votos. A perspectiva de se empurrar os restantes candidatos para uma renúncia forçada vai adensar o odor fedorento da manipulação e do triunfo do dirigismo central contra a vontade das bases. E, pessoalmente, Comiche, se ganhar concorrendo sozinho, vai ser a face da ética rasteira num partido que clama o estatuto de campeã da democracia interna em Moçambique.
Ele estará destruindo todo o seu capital de integridade e de respeitabilidade, adquirido com muitos anos de trabalho afincado e um compromisso irrepreensível com a causa pública, apenas beliscado com sua postura cinzenta no caso da contratação da dívida oculta. Eneas Comiche deve rejeitar quaisquer sinais que levem ao triunfo da orientaçāo central, do dedo indicador de Filipe Nyusi contra a vontade das bases, sobretudo se isso tiver que envolver o espezinhar completo dessas vontades através da desistência forçosa de Sumbana e Razaque. Deixem Comiche receber os votos que merece de forma isenta, sem este ambiente de coação que começa a perpassar nos corredores do partido em Maputo.
Por outro lado, depois de um processo eleitoral manchado a todos os níveis, Eneias Comiche só sairá a ganhar se, findo o acto eleitoral, ele abraçar Sumbana e Razaque, até como forma de apaziguar as bases descontentes. E o partido deverá clarificar daqui em diante em diante qual será o exacto peso específico da democracia local nas suas hostes.
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