A ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, garantiu hoje que o país vai ter um Banco de Leite Materno “ainda no segundo semestre de 2018”, adiantando que o projecto não arrancou anteriormente por “dificuldades financeiras”. Agora sem a ajuda de… Isabel dos Santos.
“Temos que ser optimistas, grande parte deste projecto é financiado por doações e acreditamos que ainda neste segundo semestre será possível termos o nosso banco de leite a funcionar”, afirmou a ministra em declarações aos jornalistas.
Optimistas, sim. Matumbos, não. A ministra, certamente embalada pela propaganda do seu partido, parece querer entrar também para o anedotário nacional. E é pena.
A governante que falava à margem da cerimónia de abertura da Semana Mundial da Amamentação que decorre no país até 8 de Agosto, sublinhou que razões financeiras impossibilitaram a implementação deste Banco que deve funcionar na maternidade Lucrécia Paim, em Luanda.
“Este é um projecto que já tem alguns anos e que por esta altura deveria ter sido implementado, por razões financeiras e outras ainda não está preparado ou iniciado”, explicou. Pois é. Mas será que o Fundo Monetário Internacional (como novo “dono” da nossa economia) deixa?
O Banco de Leite Materno é uma instituição de saúde que se dedica a colectar, analisar, armazenar, preservar e entregar leite materno doado.
Sílvia Lutucuta fez saber igualmente que o departamento ministerial que dirige já trabalha com a direcção da maternidade Lucrécia Paim, a maior do país, para a “curto prazo” conseguir começar com o projecto de aleitamento materno naquela maternidade.
“As instalações já estão, os equipamentos foram em grande parte doados, têm que chegar ao país e também precisamos de formar quadros com as competências necessárias para que este projecto seja um facto”, sustentou.
Em Angola, segundo revelou hoje a ministra, e como Folha 8 revelou no texto “Ao menos não brinquem com as nossas crianças”, apenas 38% das crianças são amamentadas exclusivamente até ao sexto mês.
E eis que chega Isabel dos Santos
1de Agosto de 2017. Certamente graças à experiência da Mãe Isabel dos Santos, por sinal Presidente do Conselho de Administração, a Sonangol revelava um texto intitulado: “Dia Mundial da Amamentação – O leite materno é o melhor alimento para o bebé”.
Recordemos, na íntegra, e com a devida vénia (a Isabel dos Santos e não a Carlos Saturnino) o respectivo artigo:
“Nos dias de hoje, apenas 38% das crianças no mundo são alimentadas exclusivamente de leite materno nos primeiros seis meses de vida, de acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde.
E este facto é tão mais prejudicial para os bebés, que não se alimentam desta forma, porquanto o leite materno é o único alimento que fornece nutrientes naturais, e que são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança. O leite da mãe combate as infecções, protege contra bactérias e vírus, e evita as diarreias, além de constituir o método mais barato e seguro de alimentação neo-natal.
Organização Mundial da Saúde recomenda que até aos 6 meses de vida o bebé seja alimentado exclusivamente de leite materno. Outros alimentos, como papas, sopas, água, etc., só devem entrar na dieta alimentar da criança após esse período de seis meses. Contudo, até aos 2 anos, esses alimentos devem complementar o leite e não contribuir para a eliminação do ritmo alimentar.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), no Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde 2015-2016 de Angola, o início precoce da amamentação é importante para a criança mas também para a mãe. O primeiro leite materno contém colostro, que é altamente nutritivo, e possui anticorpos que protegem o recém-nascido contra doenças. A amamentação encoraja igualmente a criação de laços entre a mãe e o recém-nascido, facilitando a produção regular do leite materno. Assim, recomenda-se que as crianças sejam amamentadas imediatamente após o nascimento ou dentro de uma hora pós-parto, desencorajando-se a alimentação pré-láctea (dar ao recém-nascido tudo menos leite materno antes deste começar a alimentar-se, com regularidade, directamente do peito da mãe).
Embora a amamentação exclusiva durante os primeiros seis meses de vida seja importante para a sobrevivência e o bem-estar da criança, é igualmente importante que os alimentos complementares sejam introduzidos atempadamente, uma vez que o leite materno não fornece a nutrição adequada para os bebés com mais de 6 meses de idade. Em Angola, a maioria das crianças com mais de 6 meses consome alimentos complementares correspondendo às indicações do Ministério da Saúde sobre princípios de nutrição infantil.
De acordo com estatísticas do INE, a duração média de qualquer tipo de aleitamento materno é de 18,7 meses, enquanto a duração média de aleitamento materno exclusivo é de 3,1 meses e a de aleitamento materno predominante de 5,2 meses.
As principais vantagens da amamentação para a saúde do bebé são o combate as infecções, o desenvolvimento sensorial e cognitivo da criança, a protecção contra as alergias, a prevenção de infecções gastrointestinais, urinárias e respiratórias, alterações ortodônticas de fala e diminuição nas incidências de cárie, a melhoria da nutrição, a diminuição do risco de obesidade, hipertensão e colesterol elevado.
Para a mãe, a amamentação ajuda o útero a regressar mais rapidamente ao seu tamanho normal, protege contra o cancro da mama e dos ovários, previne fracturas ósseas por osteoporose, o risco de artrite reumatóide, facilita o retorno do peso pré-gestacional e reduz, de forma significativa, a ansiedade e depressão pós-parto.”
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