…a imagem de uma polícia desumana, descaracterizada e sem escrúpulos!
Não tive ainda o privilégio de ter um frente a frente com os quatro “bandidos armados” que tentaram-me assassinar na noite do dia 17 de Maio, mas sei exactamente quem eles são pelas minhas investigações que permitiram que os seus nomes me chegassem as mãos. No banco dos réus, quando iniciar o julgamento, espero poder conhecer melhor e olhar muito bem nos olhos dos meus algozes: Inácio Domingos Mangue, 2º Cabo da Polícia, Mário Baptista Mula, Aurélio Salvador Manhiça e Inocêncio João Valoi, todos Guardas da Polícia. Instado a prestar autos de declarações na Unidade de Intervenção Rápida da Cidade de Maputo – Brigada Montada, mais concretamente no Gabinete da Secção de Ética e Disciplina Policial daquela unidade, recusei-me a fazê-lo, dado que não poderia o fazer sem que me tivessem passado um chamamento oficial, através de um documento que pudesse apresentar aos meus advogados, documento esse que exigi que deixasse claro qual era o assunto a ser tratado, quem eram os visados e do que eles vêm sendo acusados. Não obstante a resistência dos oficiais da secção de ética e disciplina policial da UIR em me passarem uma solicitação formal, alegando que isso levaria tempo porque seria necessário que fosse o Chefe do Estado Maior da UIR a fazê-lo, não dei provimento, tendo lhes dito que de resto tinha todo o tempo do mundo, uma vez que não sou dado a responder perguntas como se eu fosse um papagaio. No final, não tiveram outro caminho senão mesmo o de emitir uma solicitação formal, em conformidade com os requisitos básicos que nela deveriam constar: o assunto a ser tratado, quem eram os visados e do que eles vêm sendo acusados. Aprendi isso do jornalismo, porque perguntas simples, tipo “Quem? O quê? Quando? E onde?”, costumam ser suficientes para fazer os coelhos saírem da cartola. Alguns dias depois, eis pois que me chamaram para ir buscar a solicitação, com aqueles nomes que abrem o presente texto: Inácio Domingos Mangue, 2º Cabo da Polícia, Mário Baptista Mula, Aurélio Salvador Manhiça e Inocêncio João Valoi, todos Guardas da Polícia. Sobre eles decorre o co-processo disciplinar Nr. 41/UIR/RPF/SEDP/2017, indiciados na infracção disciplinar de uso excessivo de instrumentos auxiliares as actividades policiais, evento ocorrido por volta das 20 horas do dia 17 de Maio do ano em curso, em plena actividade de patrulha na zona do Xipamanine. A solicitação, em meu poder, é assinada pelo Chefe do Estado Maior da UIR, Cornélio Alberto Manguku, Superintendente Principal da Polícia. Eram exactamente esses os nomes dos “bandidos armados” que tanto andei a procura, depois de tanto me haverem feito comer o pão que o diabo amassou. De nada me interessa o processo disciplinar contra aqueles quatro sacripantas, dado que isso é um assunto interno, entre eles lá mesmo. Do processo disciplinar apenas me interessava aceder aos nomes dos visados, a fim de poder levá-los ao agente do SERNIC na 9ª Esquadra, dado que tinha aberto o auto e sido ouvido em declarações com pessoas não nominadas. Considerando que já foram identificados os agentes que cometeram as barbáries que vêm sendo discutidas, requeri que fossem doravante mencionados os nomes para que lhes sejam imputadas as devidas responsabilidades e para o que se espera melhor compreensão e se faça uma justiça sã. Lembro-me de lhes ter avisado enquanto me torturavam para que me matassem de uma vez, porque caso contrário eu havia de lhes encontrar a todos e mandá-los à prisão. Dito e feito. Inácio Domingos Mangue, 2º Cabo da Polícia, Mário Baptista Mula, Aurélio Salvador Manhiça e Inocêncio João Valoi, todos Guardas da Polícia. Eis os coelhos da minha cartola. Malditos “bandidos armados”…policia e ladrão são iguais, o fardamento é camuflagem. Não lhes conheço pelos rostos, mas espero avistá-los no tribunal, onde com eles terei um frente a frente e olharei bem no fundo dos seus olhos de forma a perceber porque razão tentaram-me matar na fatídica noite do dia 17 de Maio do ano corrente. Agora que fizemos o lead, respondendo às perguntas “Quem? O quê? Quando? E onde?”, seguiremos para o corpo da notícia, a fim de respondermos as restantes perguntas: “Como? Porquê? E para quê?”. Há ainda quem diga que pertenço a ala mais radical da cultura anti-regime… qual carapuça, Deus zela por nós seres pensantes porque se não fosse por isso nem a alma aproveitava. A escrita é um dom e o trabalho o seu adorno. Sejam bem-vindos aos serviços secretos, a ala mais avançada do jornalismo judiciário. Pela liberdade de imprensa e de expressão e pelos direitos humanos e cidadania, a Luta Continua!
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