Julião João Cumbane está com Julião João Cumbane.
Ecos do XI Congresso da FRELIMO (i)
Terminou na madrugada de hoje, dia 02 de Outubro de 2017, o XI Congresso da FRELIMO, o partido político que governa Moçambique desde a independência nacional proclamada em 1975.
Participei no XI Congresso da FRELIMO como convidado, com direito a palavra; delegados e convidados tinham todos direito a palavra no debate dos assuntos que constavam da agenda do congresso.
O debate dos assuntos que constavam da agenda do XI Congresso era aberto e os intervenientes falavam sem restrição expressa de duração de intervenção. A disciplina de cada interveniente que limitava a duração da sua intervenção. Isto permitiu aos intervenientes expressarem livremente o que lhes ia na mente ou na alma sobre a forma como a FRELIMO funciona e governa.
Aliás, assim tem sido a forma como Filipe Nyusi, o Presidente da FRELIMO, dirige as reuniões dos órgãos deste partido político histórico de Moçambique. Quando considera haver necessidade de clarificar certas opiniões, Filipe Nyusi dialoga com os proponentes durante as intervenções, ou faz comentários no fim da intervenção relevante. E quando ele não concorda com certa opinião rebate-a, mas sem rebaixar o seu proponente. Esta maneira de lidar com as pessoas, naturalmente e numa linguagem compreensível para quase todos, a meio com um à vontade, simplicidade e humildade, faz com Filipe Nyusi granjeie simpatia dos seus correlegionários e demais pessoas com quem interage. Esta é, quanto a mim, a marca da liderança de Filipe Nyusi: ele investe tempo e esforço para uma comunicação profícua com os seus interlocutores, às vezes até em detrimento do rigor procedimental ou protocolar. A minha leitura dos actos de liderança da FRELIMO por Filipe Nyusi é de que para ele é importante que o debate de ideias para a tomada de decisões se faça de tal maneira que os militantes e simpatizantes do seu partido se identifiquem com as decisões tomadas, mas de forma livre e impessoal.
...
A minha intervenção no XI Congresso da FRELIMO foi para:
i. criticar o facto de que, recorrentemente, a avaliação do funcionamento e do desempenho político deste partido destacar somente o que foi feito, sem referência clara e objectiva do que foi programado e dos ERROS cometidos e suas respectivas CAUSAS e CONSEQUÊNCIAS; e
ii. sugerir que doravante a FRELIMO se interrogue sobre:
a) os níveis qualitativo e quantitativo de cumprimento dos seus programas;
b) os erros cometidos na execução dos programas aprovados;
c) as causas dos erros cometidos e respectivas consequências;
d) as razões de cumprimento inconclusivo dos programas aprovados; e
e) os desafios que prevalecem e respectivas causas/razões de prevalência
Por "desafios" entende-se o que não foi feito, mas estava programado. Por "erros" entende-se o que foi feito, mas não como não deveria ter sido feito. Portanto, "desafios" não é sinónimo de "erros".
Recorrentemente, os relatórios de desempenho da FRELIMO apenas enumeram (a) o que foi feito e (b) os desafios. Dos erros cometidos não diz absolutamente NADA. Na minha opinião, uma avaliação que não aponta os erros cometidos e as respectivas causas e consequências é paliativa e não permite a elaboração de melhores programas de governação ou planos de acção que viabilizem o progresso de uma sociedade.
A minha intervenção sugeria uma reflexão que permita identificar clara e objectivamente os erros cometidos por Eduardo Mondlane, Samora Machel, Joaquim Chissano e Armando Guebuza, para que Filipe Nyusi e futuros líderes da FRELIMO possam aprender dos mesmos (erros) e saber como os evitar ou não os repetir. A minha tese é de que os erros ensinam melhor do que os elogios. Aliás, os elogios exagerados (o mesmo que a adulação) podem tornar boas pessoas em más pessoas, insensíveis e intolerantes à crítica.
A reacção dos congressistas à minha intervenção ora foi a favor ora foi contra. Os que se opuseram fizeram-no com base no argumentam de que eu estava a advogar caça às bruxas. Entenderam-me mal. Acontece. Porém, enquanto eu usava da palavra, tratei de deixar claro que não estava a sugerir que o congresso se tornasse num tribunal para julgar os antigos líderes da FRELIMO, apontando que até seria construtivo e exemplar que os antigos líderes ainda vivos, nomeadamente Joaquim Chissano e Armando Guebuza, tomassem a iniciativa de serem eles próprios a falar publicamente dos erros que cometeram, de modo a de permitir que a presente e futuras lideranças deste partido aprendam desses erros.
Na ocasião, fiz referência a um provérbio oriental que reza que a diferença entre um indivíduo esperto e um inteligente é que o esperto aprende apenas dos erros dos outros, enquanto o inteligente aprende dos seus próprios erros e dos erros dos outros. Conclui dizendo que a FRELIMO é uma organização de pessoas inteligentes, sendo por isso necessário que os líderes de ontem ainda vivos falem hoje objectivamente dos seus erros, sem medo nem ressentimentos, para que a nova e futuras lideranças deste partido não cometam os mesmos erros.
Qual teria sido a tua reacção ao reportado neste 'post'?...
Terminou na madrugada de hoje, dia 02 de Outubro de 2017, o XI Congresso da FRELIMO, o partido político que governa Moçambique desde a independência nacional proclamada em 1975.
Participei no XI Congresso da FRELIMO como convidado, com direito a palavra; delegados e convidados tinham todos direito a palavra no debate dos assuntos que constavam da agenda do congresso.
O debate dos assuntos que constavam da agenda do XI Congresso era aberto e os intervenientes falavam sem restrição expressa de duração de intervenção. A disciplina de cada interveniente que limitava a duração da sua intervenção. Isto permitiu aos intervenientes expressarem livremente o que lhes ia na mente ou na alma sobre a forma como a FRELIMO funciona e governa.
Aliás, assim tem sido a forma como Filipe Nyusi, o Presidente da FRELIMO, dirige as reuniões dos órgãos deste partido político histórico de Moçambique. Quando considera haver necessidade de clarificar certas opiniões, Filipe Nyusi dialoga com os proponentes durante as intervenções, ou faz comentários no fim da intervenção relevante. E quando ele não concorda com certa opinião rebate-a, mas sem rebaixar o seu proponente. Esta maneira de lidar com as pessoas, naturalmente e numa linguagem compreensível para quase todos, a meio com um à vontade, simplicidade e humildade, faz com Filipe Nyusi granjeie simpatia dos seus correlegionários e demais pessoas com quem interage. Esta é, quanto a mim, a marca da liderança de Filipe Nyusi: ele investe tempo e esforço para uma comunicação profícua com os seus interlocutores, às vezes até em detrimento do rigor procedimental ou protocolar. A minha leitura dos actos de liderança da FRELIMO por Filipe Nyusi é de que para ele é importante que o debate de ideias para a tomada de decisões se faça de tal maneira que os militantes e simpatizantes do seu partido se identifiquem com as decisões tomadas, mas de forma livre e impessoal.
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A minha intervenção no XI Congresso da FRELIMO foi para:
i. criticar o facto de que, recorrentemente, a avaliação do funcionamento e do desempenho político deste partido destacar somente o que foi feito, sem referência clara e objectiva do que foi programado e dos ERROS cometidos e suas respectivas CAUSAS e CONSEQUÊNCIAS; e
ii. sugerir que doravante a FRELIMO se interrogue sobre:
a) os níveis qualitativo e quantitativo de cumprimento dos seus programas;
b) os erros cometidos na execução dos programas aprovados;
c) as causas dos erros cometidos e respectivas consequências;
d) as razões de cumprimento inconclusivo dos programas aprovados; e
e) os desafios que prevalecem e respectivas causas/razões de prevalência
Por "desafios" entende-se o que não foi feito, mas estava programado. Por "erros" entende-se o que foi feito, mas não como não deveria ter sido feito. Portanto, "desafios" não é sinónimo de "erros".
Recorrentemente, os relatórios de desempenho da FRELIMO apenas enumeram (a) o que foi feito e (b) os desafios. Dos erros cometidos não diz absolutamente NADA. Na minha opinião, uma avaliação que não aponta os erros cometidos e as respectivas causas e consequências é paliativa e não permite a elaboração de melhores programas de governação ou planos de acção que viabilizem o progresso de uma sociedade.
A minha intervenção sugeria uma reflexão que permita identificar clara e objectivamente os erros cometidos por Eduardo Mondlane, Samora Machel, Joaquim Chissano e Armando Guebuza, para que Filipe Nyusi e futuros líderes da FRELIMO possam aprender dos mesmos (erros) e saber como os evitar ou não os repetir. A minha tese é de que os erros ensinam melhor do que os elogios. Aliás, os elogios exagerados (o mesmo que a adulação) podem tornar boas pessoas em más pessoas, insensíveis e intolerantes à crítica.
A reacção dos congressistas à minha intervenção ora foi a favor ora foi contra. Os que se opuseram fizeram-no com base no argumentam de que eu estava a advogar caça às bruxas. Entenderam-me mal. Acontece. Porém, enquanto eu usava da palavra, tratei de deixar claro que não estava a sugerir que o congresso se tornasse num tribunal para julgar os antigos líderes da FRELIMO, apontando que até seria construtivo e exemplar que os antigos líderes ainda vivos, nomeadamente Joaquim Chissano e Armando Guebuza, tomassem a iniciativa de serem eles próprios a falar publicamente dos erros que cometeram, de modo a de permitir que a presente e futuras lideranças deste partido aprendam desses erros.
Na ocasião, fiz referência a um provérbio oriental que reza que a diferença entre um indivíduo esperto e um inteligente é que o esperto aprende apenas dos erros dos outros, enquanto o inteligente aprende dos seus próprios erros e dos erros dos outros. Conclui dizendo que a FRELIMO é uma organização de pessoas inteligentes, sendo por isso necessário que os líderes de ontem ainda vivos falem hoje objectivamente dos seus erros, sem medo nem ressentimentos, para que a nova e futuras lideranças deste partido não cometam os mesmos erros.
Qual teria sido a tua reacção ao reportado neste 'post'?...
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