Tuesday, October 3, 2017

Ecos do XI Congresso da FRELIMO (ii)




No pódio do XI Congresso da FRELIMO, perguntei o seguinte:
Que erros Eduardo cometeu, que erros Samora Machel cometeu, que erros Joaquim Chissano cometeu, e que erros Armando Guebuza cometeu, que Filipe Nyusi deve anotar para os não repetir?
Em 2013, aquando da apresentação das propostas de planos de governação por Alberto Vaquina, José Pacheco e Filipe Nyusi, então pré-candidatos a candidato pela FRELIMO para eleição presidencial, nas eleições gerais de 2014, perguntei o seguinte:
O que cada de vós, camaradas pré-candidatos, acha que está errado agora e vai mudar se for eleito Presidente da República de Moçambique?
Nos dois casos, as minhas perguntas tinham como objectivo suscitar uma reflexão sobre a importância que os erros cometidos por outros têm na programação da acção política e na busca de soluções efectivas para os desafios que persistem.
Filipe Nyusi foi o único que alguma respondeu estas minhas perguntas, dizendo que não é "revisionista" (na primeira circunstância) e que não pretende empreender "caça às bruxas" (na segunda circunstância). Claramente, com estas respostas, o Filipe Nyusi estava a empreender uma fuga para frente. Mas pelo menos ele (Filipe Nyusi) respondeu, enquanto os outros ignoraram por completo, estas perguntas. Isto permitiu-me antecipar que o Filipe Nyusi seria eleito Presidente da República de Moçambique, nas eleições gerais de 2014. E acertei.
Filipe Nyusi deixou claro desde o princípio que se fosse eleito Presidente da República de Moçambique, a sua agenda não seria andar a atrás dos erros cometidos pelos seus predecessores, mas sim encontrar soluções originais para os desafios que persistem. E ele tem sido coerente neste aspecto, o que explica a resposta que deu à minha pergunta em 2013 e o comentário que fez sobre a minha intervenção no XI Congresso da FRELIMO. O bem deste posicionamento de Filipe Nyusi é que lhe permite granjear simpatia dos veteranos da FRELIMO, os quais hoje possuem negócios que têm como cliente principal o Estado moçambicano e a própria FRELIMO. Ou seja, os veteranos da FRELIMO só estão "de bem" com o Filipe Nyusi porque este não ameaça os seus negócios, entretanto nefastos para o Estado moçambicano e para a FRELIMO. A entrada dos filhos desses veteranos nos órgãos de tomada de decisão da FRELIMO pode ser visto como estratégia para assegurar a manutenção do 'status quo', pelo menos enquanto Filipe Nyusi estiver à frente da FRELIMO. Claramente, isto é mau para o futuro político de Filipe Nyusi.
Assim, se o Filipe Nyusi quiser legitimidade independentemente do apoio que lhé é assegurado pelos veteranos da FRELIMO envolvidos em negócios que saqueiam os cofres do Estado moçambicano e da própria FRELIMO, não tem outro caminho que virar um "revisionista" ou "caçar bruxas". Por outras palavras, só ousando contrariar as pretensões dos veteranos da FRELIMO de manter o Estado e a própria FRELIMO clientes dos seus negócios é que Filipe Nyusi pode realinhar a FRELIMO com a vontade do povo e, consequentemente, ver a sua popularidade e da FRELIMO crescer.
O XI Congresso mostrou inequivocamente que está com Filipe Nyusi, mas com razão dicotómica. Por um lado, estão com Filipe Nyusi os que esperam que ele mantenha o 'status quo'; estes são poucos, mas são política e financeiramente poderosos, e fazem parte deste grupo as pessoas que lutam por colocar seus filhos, genros, noras, sobrinhos, etc., nos órgãos centrais da FRELIMO! Por outro lado, estão com Filipe Nyusi os que esperam que ele mude o 'status quo', de modo a recuperar o bom nome e a boa imagem da FRELIMO precursora da nacionalidade moçambicana; estes são muitos, e também têm algum capital político e financeiro, mas não têm sociedades com o capital ocidental ou oriental. Compõem este grupo os que aplaudiram efusivamente os discursos de Filipe Nyusi, primeiro aquando da sua investidura no cargo de Presidente da República de Moçambique e, recentemente, aquando da abertura do XI Congresso da FRELIMO!).

Por fim, uma pergunta para o leitor:
Se Filipe Nyusi não quer ser "revisionista" nem pretende "caçar bruxas", e sabido que não é possível agradar a gregos e troianos, a qual dos dois grupos tu, meu caro leitor, achas que ele vai dar ouvidos, em que medida, e porquê?

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Glossário
"Revisionista" = alguém que faz perguntas sobre, e tenta alterar crenças ou melhorar o conhecimento sobre eventos passados, sua importância ou seu significado, de modo a aprimorar a planificação de actividades futuras.
"Caçar bruxas" = fazer perseguição política, geralmente com recurso a arbitrariedades.
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Nota: É comum confundir-se "revisionismo" com a "caça às bruxas". Porém, "revisionismo" não é necessariamente "caça às bruxas"!
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Comentários
Gito Katawala Revisionista, mas com asterisco.

Explico: como membro de uma comunidade bantu, com crenças mais para lá do saber científico, ainda se nota uma hierarquia da lealdade. Nyussi não é reformador ou reinventor da roda, ele deve vassalagem aos mais velhos, 
assim é na tradição bantu. O facto de ser engenheiro, por sinal o primeiro presidente de Moçambique independente com um legítimo grau académico universitário, nunca irá conseguir reformatar a mente dos veteranos e colocar freios a apetência gananciosa de acumular fortunas e em oligarcas se transformarem. É assim entre nós povos bantu.

Se ele ousar em ir à "caça às bruxas" vai ter que fazer "harakere"!
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6
9 h
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Homer Wolf hmmm... tambem náo é preciso "enjagerar" Profe.
Assim até parece o porta-voz de Sexa😲
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1
6 h
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Pedro Muando GUEBUZA entrou forte mas depois nos trouxe desgraça. Enquanto Nyussy continuar refém desses madalas que se dizem combatentes a história sempre vai se repetir.

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