Economia nacional
O ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, diz que a actual taxa de câmbio do metical relativamente às principais moedas estrangeiras é fruto de especulação. De acordo com a paridade de poder de compra, tendo também em conta a inflação nos países vizinhos, particularmente a África do Sul, e o nível geral de preços em Moçambique, cada dólar devia ser vendido a 55 ou 56 meticais. “Toda a diferença entre essa taxa e a que está a ser praticada actualmente é pura especulação, as pessoas vão atirando uma taxa qualquer, na perspectiva de ganhar”, disse o ministro.
Segundo Maleiane, o Governo teve que recorrer às Reservas Internacionais Líquidas para financiar o défice de 500 milhões de dólares do Orçamento do Estado, valor que era coberto pelos parceiros internacionais, por isso, nada justifica a actual escalada da taxa de câmbio. O Governo foi buscar mais 350 milhões de dólares às Reservas Internacionais para financiar o Orçamento, bem como para a aquisição de produtos e bens essenciais como combustíveis, medicamentos, entre outros.
É que, para além dos doadores, o Investimento Directo Estrangeiro, que normalmente cobre cerca de 3,5 mil milhões de dólares, caiu drasticamente, “por causa desta ideia de que havia violação dos direitos humanos e que era preciso investigar. Isso reduziu o investimento e passámos a ter défice dos dois lados”. Assim, o défice subiu para cerca de 4 mil milhões de dólares, e a melhor forma de suprir esse défice é aumentar as exportações, o que não acontece de um dia para outro. Em média, o país exporta cerca de 3 mil milhões de dólares e importa mais de 7 mil milhões.
Como controlar a inflação?
Meus caros, havendo ataques, não é possível pôr as coisas a funcionar normalmente. A circulação de mercadorias está praticamente parada ou não está no ritmo em que costumamos fazer. E se eu não posso exportar ou vender, por que vou produzir? O carvão de Moatize não está a sair, portanto, a produção vai cair. É por isso que revemos a nossa produção em baixa, de 7 para 4,5%, na perspectiva de que não haveríamos de parar, para as coisas não piorarem. E a consequência disso é a inflação, porque não estamos a produzir no nível em que devíamos ou, se estamos a produzir, não podemos circular, porque, para pôr um camião de Maputo na zona norte de Moçambique, só o seguro que tem que se pagar é muito caro. Isso é reflectido no preço e no fim do dia temos preços altos”.
O que fazer para reverter a situação?
Primeiro estamos a estimular, para que a exportação funcione, e esse trabalho que está a ser feito de diálogo político. Este é o passo mais importante que não nos custa dinheiro, é só uma questão de pararmos imediatamente com os ataques, que só prejudicam a nossa economia. Eu posso garantir que, no dia em que pararmos esta questão dos ataques, as pessoas voltarem a movimentar-se, os preços vão diminuir”.
Desdolarizar a economia
O ministro da Economia e Finanças diz que agora que a situação do país está complicada, fica a nu o perigo de dolarização da economia. Maleaine reconhece que, pelo facto de nos anos anteriores a Conta Corrente ter estado estável, não se tomava medidas para implementar a lei que proíbe a facturação em dólares, mas agora é urgente fazer com que seja cumprida e explica porquê: “facturando em moeda estrangeira, passamos a ter dois problemas. o primeiro é que quem factura em moeda estrangeira quer mais meticais. Assim, ele está a arbitrar a taxa de câmbio à sua maneira e nem está autorizado a fazer operações em moeda estrangeira. Isso cria uma procura interna que nem devia ser necessária. E a consequência é a taxa que vai piorando. Dois: a taxa de câmbio ajuda-nos a ser competitivos. Porque a nossa competitividade é má, a nossa taxa de câmbio podia compensar essa falta de competitividade. Mas quando a gente factura em moeda estrangeira, tudo isso fica anulado e as pessoas que nunca ganharam em dólares não podem ir ao hotel ou ter acesso a outros serviços, porque, trocando em dólares, sai mais caro. E aí começa a recessão económica, porque aquele serviço ou produto facturado em dólar, o estrangeiro não vem para usá-lo e prefere ir para outro sítio, porque aqui é caro, e nós os moçambicanos não podemos aguentar, porque em meticais se tornou mais caro. Assim, a produção baixa e as pessoas têm que ser despedidas”, explicou o governante.
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