O momento alto da recente visita do Presidente da República, Filipe Nyusi, aos Estados Unidos da América (EUA), foi quando foi premiado em Washington, pela International Conservation Caucus Foundation (ICCF), pelo empenho na conservação da biodiversidade e protecção da natureza em Moçambique.
O prémio foi entregue numa cerimónia bastante concorrida, num edifício do Congresso norte-americano, onde estiveram presente Greg Carr, opresidente ICCF, senadores e congressistas norte-americanos.
Está de parabéns Filipe Nyusi. O prémio é merecido e sou obrigado a acreditar que em Moçambique não há devastação das florestas devido ao corte ilegal, a fraca ou inexistente fiscalização, planos de maneio ineficientes ou inexistentes, corrupção generalizada entre outros.
Sou obrigado a desmentir as denúncias feitas pela sociedade civil, jornalistas, académicos sobre a corrupção desenfreada no sector das florestas.
O prémio entregue ao Presidente da República nos EUA desmente o relatórios como o da Environmental Investigation Agency (EIA) intitulado “Conexões de Primeira Classe – Contrabando, Corte ilegal de madeira e Corrupção em Moçambique”.
Não é verdade que quase 50 por cento de toda a madeira indo de Moçambique para China é ilegal. Não é verdade que há graves casos de comércio ilegal de madeira e que num desses casos esteve envolvido o actual ministro da Agricultura, José Pacheco.
Oficialmente, Moçambique exporta 100 milhões de dólares de madeira para a China. Entretanto, as estatísticas chinesas contabilizam a importação de 4 vezes mais – 400 milhões de dólares – da matéria-prima. Então, estes dados estão errados. Por isso que Filipe Nyusi foi premiado.
Para Filipe Nyusi merecer aquele prémio, significa que os relatórios preparados por organismos internacionais, como os da ONU Comtrade, compilados pelo World Resources Institute, que mostram que 300 milhões de dólares em madeira moçambicana chegaram ao território chinês de forma ilegal este ano, estão a mentir descaradamente.
É mentira a questão mostrada pelos mesmos relatórios de que a elite no poder também está envolvida no negócio ilegal de madeira. É mentira de que desde 2009, a entrada de madeira moçambicana na China não tem parado de crescer.
Em jeito de conclusão, acho que Nyusi deve ter fechado um grande negócio com os americanos para merecer o tal prémio. Não nos espantemos quando o que ainda resta da madeira moçambicana ser exportado para a América.
Os chineses que se cuidem. Já acabou a moleza. Não terão mais madeira moçambicana porque o Presidente da República quer dar aos americanos. O prémio recebido espelha isso. Parabéns Filipe Nyusi!
Será que vale a pena ser político?
Nini Satar
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