Monday, September 12, 2016

Quando Dhlakama grita no mato, Daviz Simango treme na cidade - 26 de Maio de 2014 ·



O reaparecimento de Afonso Dhlakama começa a criar crispação entre os MDMistas. Entre os mais desesperados figura o seu líder, Daviz Simango (DS), habituado a colher onde não plantou. Na semana finda, em Nampula, depois de insultar os dois partidos que, por razões históricas negoceiam o desarmamento de uma das partes que teima em permanecer armada, veio dizer que gostaria de se fazer presente na mesa de negociações. É que como Dhlakama acenou ser possível de ser substituído na liderança da Renamo, DS começa a querer aproximar-se à Renamo de modo a ser o escolhido. Mas a ambição de 2008 vai pesar por longos anos e, quiçá, forever. Aparece mansinho como se este conflito lhe fosse alheio. Na verdade, esta guerra interessa mais a ele que deambula pelo país enquanto o outro se esconde nos arbustos da Gorongosa. Convinha recordar que antes do surgimento do MDM reinava a paz pelo país. Porém, antes de levantar o dedo acusador, seriam precisos estudos de caso para relacionar a actual violência da Renamo com o surgimento do MDM que, ao que tudo indica, criou mais nervosismo aos renamistas que se viram enfraquecidos ante uma Frelimo cada vez mais potente e robusta, adaptativa às circunstâncias do tempo.
Os pronunciamentos de DS segundo os quais ele «não deve nada à Renamo tornaram essencial uma tentativa de chamá-lo de ingrato. É evidente que ele odeia mais à Renamo do que odeia a Frelimo e aos poucos o seu partido virou oposição à Renamo. Agora que o Dhlakama manifestou o desejo de voltar para a cidade, DS aparece com apelo do tipo «que as autoridades o deixem livre» quando isto devia ser dito há bastante tempo. Por outras palavras, o MDM e seu líder agem irresponsavelmente com objectivo de levar a Renamo a uma situação intolerável e potencialmente catastrófica. Não me canso de repetir que, em 2012, quando a Renamo ameaçou boicotar as eleições caso a lei eleitoral por baixo da qual se encontram as causas imediatas do actual conflito fosse aprovada, o partido de DS, a mando deste, apressou-se a votá-la e, nos dias subsequentes, os seus oito deputados andavam de café em café a dizer que «as eleições devem ter lugar». E as eleições tiveram lugar, mas o sangue já corria pelo país. Mais tarde, em condições desfavoráveis àquelas de há dois anos, os mesmos deputados voltaram atrás acomodando as exigências da Renamo. Mas a Renamo, confiante no seu potencial militar, continua chantageando aqui e ali e nada nos leva a concluir que antes de 15 de Outubro ela se desarme na sua totalidade. Nos próximos dias, quando Afonso Dhlakama sair da gruta veremos a exibição marcial de um exército paralelo e sem igual a protege-lo. Até porque as armas que usa contra as Forças de Defesa e de Segurança poderão, caso se verifique a passagem do MDM para o segundo lugar, ser usadas contra este partido.
Quando nós nos manifestamos contra as regalias aos ex-isto, ex-aquilo, Daviz Simango fazia ouvido de mercador até que agora percebe que não poderá parar o vento com a mão e já se diz arrependido. Mas o objectivo desta astúcia é tirar dividendos políticos a todo o custo. Diz ele que pretende marcar uma audiência com o PR para ver se não aprova a lei que conta com 100% dos deputados a seu mando. Pareceu-me que ele estivesse ausente do país ou então ficou muito tempo distraído para perceber aonde vai o vento. Os moçambicanos já não são ingénuos. O pesado fardo de fazer com que seja o PR a tomar a decisão à favor do povo coube a sociedade civil esclarecida que, no dia 16 de Maio, manifestou o seu desagrado. E eu estive entre eles, ali na Estátua de Eduardo Mondlane (Mpt), não porque eu venha a ser directamente afectado, mas porque considero que não é preciso ser justo para ter noção de justiça. Nenhum DS apareceu para solidarizar-se. Hoje quer aparecer como bonzinho, ao lado daquelas forças vivas que, tendo uma causa justa, irão conseguir a vitória. Os seus deputados aprovaram a lei com o seu consentimento e provavelmente a seu mando. Só os incautos podem dormir na relva, a esta altura.
Para DS, se o PR a promulgar, há-de dizer «estão a ver, eu não queria isso». Se o PR devolvê-la para revisão, há-de vir dizer «graças a mim, ele vai rever». Eu gostaria de pedir ao Presidente da República para que não o receba, pois está claro que carrega consigo o beijo da traição. Traição ao povo moçambicano que luta nas estepes para manter viva a esperança de um Moçambique digno. Traição aos intelectuais que discernem as consequências absurdas que uma idêntica lei poderá trazer ao país. Traição aos eleitores que votam no MDM porque tinham acreditado em quem lhes representasse os interesses genuinamente justos. Uma traição aos simpatizantes da Renamo, que em vez de terem a Frelimo como único adversário, agora lutam com a oposição da oposição em que se transformou o MDM.
Assim, o actual pedido de desculpas sob a forma de arrependimento e os actuais gritos e lamentos de «cometemos um grave erro» sob a forma de clamor, são uma chacota à Sociedade Civil que se distanciou dos partidos políticos e representam, na realidade, uma passagem do MDM para o lado dos opressores e mentirosos modernos e a negação, à sociedade civil, do direito à sua própria revolução. DS agiu em defesa do reformismo partidário, no preciso momento em que este reformismo está em colapso por todo o pais e as suas palavras criaram uma situação revolucionária no MDM. Apercebe-se que as regalias que mandou aprovar não serão para ele porque nunca será um ex-PR.
Todos os que analisam o discurso de Daviz Simango, estão a expressar a ideia que Maquiavel expressou com maior exactidão científica quando disse que os fins justificam os meios. E gora, quando a sociedade civil começa a agir e movimentar-se para a destruição desta cumplicidade partidária, ele coloca a situação como se não contasse com a sua digna colaboração, como se os respectivos deputados agissem sozinhos, como se estivessem para abandonar as benesses e prontos a submeterem-se a pobreza do povo. Os moçambicanos sabem muito bem que este pedido de desculpas é uma frase vazia de sentido porque os seus deputados têm os melhores conselhos do chefe da bancada que, por sinal, é irmão do próprio. Mais uma vez, os factos revelam que ele é, na verdade, defensor dos interesses alheios aos moçambicanos, escondendo a fórmula de domínio dos ricos sobre os meios que facultariam a educação e a saúde das massas. Engana o povo com frases agradáveis, sonantes e bonitas mas totalmente falsas, tentando dissuadir a Sociedade Civil da tarefa histórica concreta de libertar o país dos políticos que assumiram o seu controlo. Mas tudo isso revela o estado desassossegado de espírito em que Daviz Simango se encontra, porque quando Dhlakama grita no mato, Daviz Simango treme na cidade.

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48 comentários
Comentários
Paulo Araujo Kikikikikikiki andas muito preocupado com MDM do que com a Frelimo porque sera?Andas mais preocupado com o Daviz do que com o Nhussi porque sera?
Eusébio A. P. Gwembe Um é mais responsável do que outro. É preciso corrigir os desalinhados, Paulo Araujo.
José de Matos A Frelimo treme nas cidades e nos campos com uma Oposiçao unida, chegaremos la!
Paulo Araujo Voce tem o papel de alinhar o teu candidato que ja anda em campanha fora de hora a varios meses. Dia 15 de Outubro vai ser muito doloroso para si e os seus por isso no lugar de castar caracteres do teu computador em analizar e aconselhar o meu candidato devias ajudar o teu a saber se posicionar sobre certos assuntos de interesse nacionais como por exemplo as regalias do chefe do estado e dos deputados.
Eusébio A. P. Gwembe Paulo Araujo, o meu candidato tem dito, nas reuniões que orienta, que nao está em campanha nem está a pedir voto. Ele tem recolhido contribuições dos que confiam na Frelimo e suas palavras não caem nas pedras, aliás, cada uma delas se poderá aplicar o que Mouzinho de Albuquerque proferiu em referência a Moçambique: «cada gota de sangue, bebido por esta terra, chamará por nós, a gritar que é eternamente nossa. Que os nossos mortos descansem em paz». Temos obrigação de transmitir aos vindouros tudo o que os nossos antepassados nos legaram. Exuberantemente o temos provado. E no dia 15 voltaremos a sorrir.
Paulo Araujo Ele nao esta em campanha e nem a pedir o voto mas o sr AEG eh quem pede o voto para ele. Fe lo em Inhambane e fez em Quelimane(eu estava la) e faz em muitos outroa lugares. Nao somos distraidos so que voces nao terao como parar a campanha que no lugar de ser 45 dias passou a ser de 6 meses.
Eusébio A. P. Gwembe AEG não é Filipe Jacinto Nyusi! Eu estive no comício de Filipe Nyusi e ele disse muitas coisas boas na sua totalidade. Paulo Araujo, quem fez campanha em Nampula, foi Daviz Simango quando disse que o cartão de eleitor é que vai tirar os outros do poder (lembra)?
Paulo Araujo Eu tenho tudo gravado o que o seu candidato fala sei o que ele disse. AEG nao eh Nhussi mas anda com ele e apresenta o onde vai como a pessoa que o vai substituir. Como disse antes nao estamos distraidos.
Nilo Smith Conde lambe bota, pensar bem antes d falar de "DS"
Maxwell M'gogodo Eusebio Gwembe tem bons pontos de vista; merece ser ministro. Bem-haja!
Raúl Salomão Jamisse Debate aceso mas há uma dose de verdade. ..
Ariel Sonto Gwembe, "relacionar a actual violência da Renamo com o surgimento do MDM" seria fazer tábua rasa às reais causas para tal. Parece-me que estás a dar o tiro no teu pé, camarada. Eu pensei que fosses a saudar este acto de DS, diferente do que muitos dizem. Afinal, Gwembe, qual era o objectivo da marcha? Não era fazer estes (3) senhores ganharem bom senso e recuarem? Agora que recuam, por quê este post? Por que não faz um post a convidar os senhores Guebas e DHL a fazerem o mesmo?
Edwin Hounnou Eusébio Gwembe tem tempo que baste para escrever tanta asneira.....
Eusébio A. P. Gwembe Ariel Sonto, DS não recuou nada, apenas quer tirar dividendos sem suor. Ele já percebe que a SC é uma força à parte e que não se deixa embalar. Quer nos distrair quando as suas intenções permanecem originais.
Ariel Sonto Não respondeu a todas minhas questões, Dr. Qual era o objectivo da marcha?
Eusébio A. P. Gwembe O objectivo da marcha, «não ao roubo legalizado». Legalizado conscientemente por homens a mando de pessoas como Daviz Simango, Ariel.
Edwin Hounnou Não estará Eusébio Gwembe a divertir-se?
Ariel Sonto Já se afastam do roubo, também é problema. Não se entende isto.
Eusébio A. P. Gwembe Edwin, pura verdade. Já ouviu falar-se de lágrimas de crocodilo?
Eusébio A. P. Gwembe Ariel Sonto, o problema é querer deixar fogo com o PR, o que é um absurdo. Ele tinha tanto tempo para fazer parar isso, aliás, houve um bom intervalo entre a aprovação das regalias aos ex-PR com as dos ex-deputados. Nem se fosse girafa, teria-se apercebido que o ambiente era sufocante, o nosso Daviz.
Maxwell M'gogodo Alguem do topo deve estar atento ao que Eusebio esta a escrever. Eusebio merece subir. Bem-haja!
Ariel Sonto Que ganhem bom senso os outros também. DS, o vosso, já deu o 1 tiro. Veio tarde, sim, mas ainda não se promulgou a lei. Portanto, o navio ainda não afundou in totto. P.S: Caso não prevaleça o bom senso, é melhor que se crie uma lei segundo a qual os votos em branco corresponderão a assentos vazios.
Antonio A. S. Kawaria Eusébio A. P. Gwembe, eu já estava preocupado pela ausência. Pensei que AQUELES de má fé se enfureceram e te fizeram mal por teres protestado contra as regalias. Vou ler o teu texto com calma. Mas uma pergunta em adiantamento, a Frelimo está armada ou não?
José Francisco Narciso Aleluya compatriota Gwembe! Agora é que ouvi realmente falar um autêntico Moçambicano que defende a sua Pátria. Não essa pandilha de traidores anti-patriotas que intentão enganar o povo com promessas falsas. 
O Povo unido nunca será vencido. MDM = RENAMO.
José Francisco Narciso Um Moçambique. 
Um Exército.
Mablinga Shikhani "Habituado a colher o que não plantou" touché!!!
Rupia Junior Meus caros, mas vcs não acham que as caboeras xtam a ficar estragadas, com o aparecimento da perdiz? Vcs são cabeiras mesmo.
Eusébio A. P. Gwembe Antonio A. S. Kawaria, a Frelimo não está armada mas tem diante dela a imensa tarefa de ver como vão as coisas em todo o território nacional incluindo no que diz respeito a defesa. E as suas decisões, enquanto partido governante porque é o desejo do povo acabam por colocá-la mais perto das forças armadas. As armas da Frelimo são o povo que confia nela para organizar único exército, através do governo por ela formado.
Agostinho Augusto Ainda nao chegamos dia 15 de outubro ja estao nervosos? Eusébio A. P. Gwembe! Eu ja disse que G40 anda em debandada, encontram uma forma de capturar um G40 para ser DI da Miramar, envio as minhas condolencias antecipadas a Miramar, porque com esse escovista a TV vai cair!
Paulo Araujo Eu ja vi membros do teu partido a comandar um esqadrao da FIR em Quelimane para bater e torturar o Povo. Tal esquadrao nao estava sob comando do comandante provincial mas sim sob membros sentados na sede do teu partido em quelimane. Conheco os nomes das pessoas que comandavan tal esquadrao. Nao me venha falar que arma da frelimo eh o povo porque isso eh ridiculo.
Eusébio A. P. Gwembe Agostinho Augusto, as competências de Mablinga Shikhani são invejáveis. A Miramar está de parabéns e este seu nervosismo revela muita coisa. Afinal, a Miramar quer é audiência.
Muzila Wagner Nhatsave WELL DONE Eusébio A. P. Gwembe. O DS comportou-se como um cobarde e aproveitador,quer enganar os distraidos.devia manter-se calado em relação a este assunto, porque a sua bancada foi cumplice na aprovação da lei de regalias.mas ja estamos habituados a ...Ver mais
José de Matos Muzila Wagner Nhatsave, concordas com essas Leis das regalias? O que vao fazer a nivel interno? Vao contester a vossa bamcada que propos e votou essa Leis ou vao tapar o sol com a peneira atacando Daviz?
Basilio Muhate Hehehehehe.... Na questão do "tacho" os manos nao concertaram antes...
José de Matos Basilio Muhate, concordas com essas regalias? Foram propostas e votadas pelo teu Partido! Ha debate interno? Ninguem contesta internamente? O Eusébio A. P. Gwembe contestou, isso eu sei!
Basilio Muhate Eu não sei ao certo o que está em discussao nesta questao das regalias, se é o impacto económico e financeiro ou porque está-se em pre-campanha eleitoral, aproveita-se para fazer propaganda. Qualquer uma das situações carece de uma análise mais prudente ... O ponto é que os irmãos desentenderam-se, apesar de os dois estarem a olhar para as suas economias domesticas futuras ... Hehehehe
Adelson Rafael Basilio Muhate, existe uma análise sócio económica dos salários e regalias do Presidente e Deputados, caso seja do seu interesse, posso partilhar consigo!
Basilio Muhate Agradecia que partilhasse Adelson .... Envie para o meu email basilio.muhate@gmail.com ... Depois de ler volto ao debate
Basilio Muhate Recebido e feita a primeira leitura kanimambo ... Dr Adelson considerá este documento como uma analise socio-económica prudente em cuja introdução ja ha uma indignação e faz referencia ao final de mandato ? 
Considera prudente uma analise que compara
 PIB per-capita e salarios dos deputados ou mesmo salarios de deputados e de professores ou medicos, ignorando toralmente outras classes salariais dos sectores publico e privado ? Considera prudente que Moçambique se compare em termos nominais e meramente artiméticos com EUA, França Alemanha quando há variaveis reais para comparar ? Esquecemo-nos que aqui ao lado no Zimbabwe, na Africa do Sul, no Malawi, na Tanzania, em Angola, na Namibia, no Botswana, etc tambem temos parlamentos ? 

Eu acho que essa análise que me enviou é uma fonte importante sim, mas peca por ser mais um panfleto de propaganda ou uma petição como eu disse anteriormente. Uma analise mais isenta e prudente precisa-se. Irei reler o documento para buscar melhores subsidios... Kanimambo
Adelson Rafael Não constitui “fonte importante”, mas julgo que vai acreditar que ela traz elementoss que possam ser útil para um debate em que possamos usar mesmo referencial, e não correr-mos o risco de dispersarão do nosso foco de debate
Basilio Muhate Hehehehe...para mim o foco está nos caminhos diferentes que os manos estão a usar para chegar ao mesmo fim.... Hehehehehe ...
Muzila Wagner Nhatsave Zé nunca concoredei com isso
Zulfikar Abdurremane Amur politiquice por parte do DS. uso a frase do Paulo Araújo "o povo não esta distraído quando o DS deixa a culpa do cartorio para os deputados como se fossem autonomos na tomada de decisoes sem que ele saiba, esta tentando adormecer ao eleitorado? "

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