O presidente Nyusi questiona a autenticidade dos refugiados moçambicanos no Malawi. Diz que podem ser "emigrantes que vão lá comercializar produtos agrícolas".
Nem dá para acreditar.
Porquê o Presidente não se desloca ao campo dos (supostos) refugiados com delegação integrando jornalistas, deputados das três bancadas parlamentares, para in loco perceber o que se passa?
Vergonhoso!
Aqui o meu Professor António Gaspar não lhe devem ter dado ouvido.
Refugiados no MALAWI já preocupam a ONU
Beira (Magazine CRV) -- Quando tropas moçambicanas à procura de rebeldes atacaram a sua aldeia, Wit Messenger, de 10 anos, deu meia volta e fugiu, deixando para trás os pais, que pode nunca mais voltar a ver. Messenger é um dos milhares de moçambicanos que nos últimos meses atravessaram a fronteira para chegar aos campos de refugiados no Malawi, dizendo que as forças governamentais estão a queimar casas e a matar civis numa campanha contra guerrilheiros, numa nova escalada de um conflito entre os antigos inimigos da guerra civil: Frelimo e Renamo. Porta-vozes tanto de um como de outro disseram à Reuters que o outro lado é responsável pelos ataques aos seus membros em várias partes do país mas não deram detalhes sobre a violência que origina o êxodo de refugiados.
Os primeiros moçambicanos chegaram a Kapise, no Malawi, em junho de 2015, mas a agência da ONU para os refugiados, ACNUR, diz que o fluxo de refugiados tem vindo a crescer neste mês e prevê que o número possa aumentar de 3500 para cinco mil nos próximos dias, ultrapassando a capacidade dos centros de acolhimento.
Mais de metade dos refugiados são crianças que caminharam durante dias das aldeias moçambicanas da província de Tete, trazendo apenas a roupa no corpo. “Via as casas a arder, depois ouvi tiros e fugi”, contou Wit, enquanto esperava, com outras crianças, por comida num vasto campo que se estende ao longo de uma colina com tendas de lona improvisadas.
“Não sei se os meus pais estão vivos ou mortos. Assusta-me a ideia de que posso não voltar a vê-los”, disse, em lágrimas, vestindo um pedaço de roupa rasgado e calções amarrotados. As forças de segurança dizem que os combatentes da Renamo têm atacado postos avançados da polícia nas últimas semanas, perto da fronteira do Malawi, onde há transporte público, enquanto forças leais ao governo respondem ateando fogo às aldeias onde acreditam que estão rebeldes.
Memórias de guerra
A Renamo começou como uma guerrilha apoiada pelos vizinhos – o governo branco da Rodésia e depois o apartheid na África do Sul – para responder ao movimento comunista da Frelimo. A violência dos últimos tempos traz à memória a guerra civil travada entre Renamo e Frelimo, a qual fez um milhão de mortos entre 1976 e 1992 e levou à fuga de outro milhão, também para o Malawi.
Alguns dos moçambicanos que agora chegaram à aldeia de Kapise disseram à Reuters que esconderam combatentes da Renamo porque sentiam que não tinha outra alternativa. “O governo perguntava onde é que estávamos a esconder a Renamo”, contou Agness Chifundo, que caminhou durante dois dias com os sete filhos para chegar a Kapise. “Quando não os conseguiam encontrar começavam a queimar as casas e a disparar. Eu vi cinco mortos e uma mulher a ser violada à minha frente.”
A província de Tete tem grandes reservas de carvão mas algumas empresas de escavação como a Vale e a Rio Tinto não conseguiram levar a cabo os projetos devido aos preços baixos, à falta de infraestruturas e a toda a inquietação que se fazia sentir na população. Embora a recente onda de violência esteja afastada das vastas reservas offshore de gás que têm sido desenvolvidas no Norte de Moçambique pela Eni e Anadarko, esta preocupa os investidores, que já estão assustados pela recessão global.
Não existem detalhes precisos sobre os confrontos que estão a decorrer em Tete, no entanto existem sinais evidentes de um crescente conflito entre Frelimo e Renamo. O líder do Renamo, Afonso Dhlakama, de 63 anos, já afirmou que em março assumiria o poder em seis províncias do Norte, declarando autonomia nas áreas em que o seu partido venceu as eleições gerais de 2014. Não explicou como pretende fazê-lo. A nível nacional, a Frelimo obteve 57% dos votos, a Renamo conseguiu 37% dos sufrágios.
Assassínio falhado
Dhlakama tem estado escondido desde outubro do ano passado depois de ter sido alvo de uma tentativa de assassinato que diz ter sido encomendada pela Frelimo, embora o partido no poder o negue. O secretário-geral do Renamo, Manuel Bissopo, foi atingido e ferido na semana passada, horas depois de acusar as forças de segurança de matar membros do seu partido. A Frelimo diz que não esteve por detrás do ataque, no qual o guarda costas de Bissopo foi morto.
A presença da polícia na capital de Moçambique, Maputo, tem vindo a aumentar. Ocasionalmente são colocados agentes à porta dos escritórios da Renamo. O presidente Filipe Nyusi, de 56 anos, diz que quer negociar um acordo mas Dhlakama argumenta que esta não é uma atitude sincera. “Temos um problema de segurança a fermentar”, disse, à Reuters, um diplomata do ocidental em Maputo. “Estamos a ver ataques feitos a um oficial chefe e ouvimos que a situação em Tete é terrível. As pessoas não fogem sem terem razões para isso.”
O fluxo migratório coloca um travão nos recursos do Malawi numa altura em que uma das piores secas de sempre promete deixar 2,8 milhões com fome. O Malawi disponibilizou alguma terra em Kapise mas o ACNUR diz que não é o suficiente e alguns campos enfrentam surtos de cólera. “Não queremos viver assim, mas não podemos voltar”, diz o agricultor moçambicano Robert Keness, apontando para as latrinas. “Temos medo da guerra na nossa casa.” - Fonte : DN - (Redacção, extraído daqui: http://www.lusofonia.news/
mocambicanos-no-malawi-preocupam-onu2
Os primeiros moçambicanos chegaram a Kapise, no Malawi, em junho de 2015, mas a agência da ONU para os refugiados, ACNUR, diz que o fluxo de refugiados tem vindo a crescer neste mês e prevê que o número possa aumentar de 3500 para cinco mil nos próximos dias, ultrapassando a capacidade dos centros de acolhimento.
Mais de metade dos refugiados são crianças que caminharam durante dias das aldeias moçambicanas da província de Tete, trazendo apenas a roupa no corpo. “Via as casas a arder, depois ouvi tiros e fugi”, contou Wit, enquanto esperava, com outras crianças, por comida num vasto campo que se estende ao longo de uma colina com tendas de lona improvisadas.
“Não sei se os meus pais estão vivos ou mortos. Assusta-me a ideia de que posso não voltar a vê-los”, disse, em lágrimas, vestindo um pedaço de roupa rasgado e calções amarrotados. As forças de segurança dizem que os combatentes da Renamo têm atacado postos avançados da polícia nas últimas semanas, perto da fronteira do Malawi, onde há transporte público, enquanto forças leais ao governo respondem ateando fogo às aldeias onde acreditam que estão rebeldes.
Memórias de guerra
A Renamo começou como uma guerrilha apoiada pelos vizinhos – o governo branco da Rodésia e depois o apartheid na África do Sul – para responder ao movimento comunista da Frelimo. A violência dos últimos tempos traz à memória a guerra civil travada entre Renamo e Frelimo, a qual fez um milhão de mortos entre 1976 e 1992 e levou à fuga de outro milhão, também para o Malawi.
Alguns dos moçambicanos que agora chegaram à aldeia de Kapise disseram à Reuters que esconderam combatentes da Renamo porque sentiam que não tinha outra alternativa. “O governo perguntava onde é que estávamos a esconder a Renamo”, contou Agness Chifundo, que caminhou durante dois dias com os sete filhos para chegar a Kapise. “Quando não os conseguiam encontrar começavam a queimar as casas e a disparar. Eu vi cinco mortos e uma mulher a ser violada à minha frente.”
A província de Tete tem grandes reservas de carvão mas algumas empresas de escavação como a Vale e a Rio Tinto não conseguiram levar a cabo os projetos devido aos preços baixos, à falta de infraestruturas e a toda a inquietação que se fazia sentir na população. Embora a recente onda de violência esteja afastada das vastas reservas offshore de gás que têm sido desenvolvidas no Norte de Moçambique pela Eni e Anadarko, esta preocupa os investidores, que já estão assustados pela recessão global.
Não existem detalhes precisos sobre os confrontos que estão a decorrer em Tete, no entanto existem sinais evidentes de um crescente conflito entre Frelimo e Renamo. O líder do Renamo, Afonso Dhlakama, de 63 anos, já afirmou que em março assumiria o poder em seis províncias do Norte, declarando autonomia nas áreas em que o seu partido venceu as eleições gerais de 2014. Não explicou como pretende fazê-lo. A nível nacional, a Frelimo obteve 57% dos votos, a Renamo conseguiu 37% dos sufrágios.
Assassínio falhado
Dhlakama tem estado escondido desde outubro do ano passado depois de ter sido alvo de uma tentativa de assassinato que diz ter sido encomendada pela Frelimo, embora o partido no poder o negue. O secretário-geral do Renamo, Manuel Bissopo, foi atingido e ferido na semana passada, horas depois de acusar as forças de segurança de matar membros do seu partido. A Frelimo diz que não esteve por detrás do ataque, no qual o guarda costas de Bissopo foi morto.
A presença da polícia na capital de Moçambique, Maputo, tem vindo a aumentar. Ocasionalmente são colocados agentes à porta dos escritórios da Renamo. O presidente Filipe Nyusi, de 56 anos, diz que quer negociar um acordo mas Dhlakama argumenta que esta não é uma atitude sincera. “Temos um problema de segurança a fermentar”, disse, à Reuters, um diplomata do ocidental em Maputo. “Estamos a ver ataques feitos a um oficial chefe e ouvimos que a situação em Tete é terrível. As pessoas não fogem sem terem razões para isso.”
O fluxo migratório coloca um travão nos recursos do Malawi numa altura em que uma das piores secas de sempre promete deixar 2,8 milhões com fome. O Malawi disponibilizou alguma terra em Kapise mas o ACNUR diz que não é o suficiente e alguns campos enfrentam surtos de cólera. “Não queremos viver assim, mas não podemos voltar”, diz o agricultor moçambicano Robert Keness, apontando para as latrinas. “Temos medo da guerra na nossa casa.” - Fonte : DN - (Redacção, extraído daqui: http://www.lusofonia.news/
mocambicanos-no-malawi-preocupam-onu2
Antonio A. S. Kawaria, Sic Spirou, Rafael Ricardo Dias Machalela e 50 outras pessoasgostam disto.
Comments
Rafael Ricardo Dias Machalela O presidente é assessorado por estagiários. Alguém disse isso. E acho que concordo...
Freide Cesar Interessante quando o PR vira comentador....
Euler Gente De Mocuba Êxodo movido por fertilizantes agrícolas....E de uma sentada foram mais de 2 mil e como a fila era enorme lá no Malawi para comprar os fertilizantes, preferiram acampar todos no mesmo sítio.
Andre Dimas Eishiii...
Antonio Faquira "Estamos num país de políticos pequenos de mentalidade. ." Severino Ngwenha (STV - Linha Aberta, 2/2). Responde bem o tipo de dirigentes que temos.
Euclides Da Flora devia ter calado!!
Antonio A. S. Kawaria É lamentável o que Nyusi questiona. Porquê desde 1994 nunca mais se falou de refugiados mocambicanos no Malawi? Será que nunca houve essa comercializacão?
Jemusse Abel Eu que sou da zona fronteiriça sei que ninguem faria isso so pelo tipo de gente que sao. Agricultores.
Cristiano Matsinhe Numa conjuntura marcada por défice de legitimidade, parece lógico que o primeiro impulso do PR seja duvidar da autenticidade dos refugiados moçambicanos no Malawi. Cada um com os seus fantasmas.
Borges Nhamirre Sim, Professor Cristiano! Mas o Sr. Presidente dispoe de recursos bastantes para trabalhar. O Sr. Presidente nao pode falar quando nao tem certezas. Devia deslocar-se a Malawi ou no minimo mandar para la uma equipa para se inteirar do que esta a acontecer. So Depois, Sua Excelência, o Presidente, poderia ir a midia reagir, apresentando factos.
Cristiano Matsinhe Claro Borges. Mas a conjuntura é mesmo de negação: negue que existam confrontos armados, negue que existam sequestros e atentados com motivações políticas, negue que existam refugiados e deslocados de guerra, negue tudo o que puder negar até onde der, o resto... veremos lá à frente. Esse é o espírito da negação e da contrainformação. Infelizmente.
Borges Nhamirre Infelizmente, Prof. E pior quando e' o PR que deve negar. Antes do PR se expor a estas situações há muitos na linha hierarquia que estão la para se queimar. Triste.
Jose Eduardo Borges Nhamirre ao que está a acontecer chama-se cinismo politico e tem um alto preço porque ofende directamente as vitimas da falsidade bem como os cidadaos atentos e lucidos. Pois tendo razao o prof., entao o PR nao tem nenhuma duvida do que se passa, decidiu participar apenas da brincadeira da NEGACAO dada a conjuntura.
Inocencio Banze É o fim da picada!!! Isso ja vem sendo notícia na maior parteda midia do país dos Chewas!!! Vir negar isso aos 90 min do segundo tempo, até mete medo. Que país está presidir o Eng. Jacinto?
Será Moçambique mesmo? Será?
Sic Spirou Deve ser assessoria do Tony Blair isso..kkkk
Amilton Munduze A minha dúvida é se o Professor António Gaspar é Assessor ou Assessorio. Sim, porque se fosse Assessor algumas coisas não aconteceriam. Aquele senhor é um grande conflitologo.
Jossias Ramos Antonio Gaspar, 'Chefe Adjunto do G-Forty'. Dele nao espero tanto.
Borges Nhamirre Vamos falar com Emílio Jovando para ver se consegue nos organizar um chá com o Professor para uma conversa simples. Ele é(ra) um homem simples e acessível.
Melita Matsinhe Fiquei chocada quando vi aquilo. Tirou muuuuito do positivo que o pres, para mim, parecia transparecer. Senti-me novamente sem líder máximo.
Marcelino Voabil Meu caro não é que ele não sabe que são refugiados, sabe muito bem; Partamos do principio que eles mesmos não queria assumir que estariam moçambicanos do lado de lá e graças a intervenção das medias internacionais passaram a influenciar a nossa pobre imprensa politizada a escrever coisitas lacunosas mas que realmente confirmava a presença de co-cidadaos nossos naquelas terras. agora essa do sr Nhussy nao querer assumir revela mais uma vez a sua incapacidade governativa e ausência de humanismo por parte dele proprio, prontos falei!
Agnaldo Antonio Pedro O politicamente correto as palavras do PR.
Eduardo Santos Mapata Se o PR não reconheceu-os como refugiados quando as redes sócias dão a entender do mesmo no passado hoje ele veem desmentir o que está acontecer In louco então este é mal acessorado ou nunca esteve no comando do país
No comments:
Post a Comment