Dhlakama endurece o tom
NO REITERAR DA IMPLANTAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO TERRITORIAL DA RENAMO
- “Se a Frelimo tentar resistir poderá haver empurrões e tudo, mas não é o que eu pretendo.”
- “Os melhores dias chegaram para o povo de Moçambique. Não quero a guerra e nem quero ouvir falar da guerra, mas não tenho receio da guerra.”
-”Negociar o quê? Negociar apenas para fazer subir o metical, para melhorar a imagem da Frelimo. Usar o Dhlakama como se tratasse de uma menina bonita, para imagem de Moçambique ficar limpa já terminou.”
O líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, apelou esta terça-feira ao Governo a não usar métodos violentos durante o processo de implantação da administração territorial pelo seu movimento, que reiterou pretender iniciar a partir de Março.
Dhlakama alertou que uma resistência do Governo à implantação da administração da Renamo em Moçambique através do uso de armas pode provocar mortes, avisando que só vai responder pela mesma via se a integridade do seu executivo estiver ameaçada, insistindo que pretende uma “transição pacífica, tranquila e sem tiros”.
“Se a Frelimo tentar resistir poderá haver empurrões e tudo, mas não é o que eu pretendo”, precisou Afonso Dhlakama, que falava por telefone a partir de Sadjundjira (serra da Gorongosa) aos membros do seu movimento durante uma reunião do partido em Chimoio, Manica, centro de Moçambique, acrescentando que não vê a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder) com capacidade militar.
“Os melhores dias chegaram para o povo de Moçambique. Não quero a guerra e nem quero ouvir falar da guerra, mas não tenho receio da guerra”, avisou Afonso Dhlakama, interrompido frequentemente com aplausos num discurso de mais de meia hora, sublinhando que não vai reaparecer para já pessoalmente, mas vai continuar a dirigir reuniões públicas.
Dhlakama garantiu que a estrutura executiva já foi montada, devendo nos próximos dias indicar os governadores e administradores distritais, que se encarregarão de hastear gradualmente as bandeiras do partido nas datas de início de funções, anunciando que o orçamento será financiado através de cobranças de impostos e doações internacionais.
“Olhe para qualquer Governo do mundo. Não há nenhum Presidente de qualquer país que governou com seu próprio dinheiro, nem (Barack) Obama tem dinheiro para governar (Estados Unidos da) América. Há impostos, taxas, créditos, empréstimos e Moçambique é rico” explicou.
Adiantou contudo que nem juristas e constitucionalistas nacionais e estrangeiros, nem o Conselho de Segurança das Nações Unidas, o pode acusar de irregularidades na implantação da administração da Renamo, justificando o processo pelo facto de estar cansado das fraudes eleitorais, e voltou a sugerir emendas na Constituição da República para acomodar o seu projecto de criação de seis províncias autónomas no centro e norte.
Afonso Dhalakama não é visto em público desde o passado dia 09 de Outubro, quando forças especiais da polícia moçambicana cercaram e invadiram a sua casa na Beira, centro do país, levando 16 armas.
A operação provocou confrontos em várias regiões, criando vagas de deslocados.
Em Novembro, o Presidente da República, Filipe Nyusi, defendeu ponderação no desarmamento compulsivo da Renamo, para dar espaço ao diálogo, mas o líder da Renamo manteve-se escondido e reiterou a ameaça de governar as províncias onde reivindica vitória eleitoral, a partir de Março próximo.
“Negociar o quê? Negociar apenas para fazer subir o metical, para melhorar a imagem da Frelimo.
Usar o Dhlakama como se tratasse de uma menina bonita, para imagem de Moçambique ficar limpa já terminou” defendeu, insistindo que só vai negociar a pacificação das relações com o Governo após implantação da sua administração.
Relativamente ao seu pedido de mediação da crise político-militar entre o Governo e a Renamo, Dhlakama anunciou segunda-feira que tinha já um parecer positivo de Jacob Zuma, Presidente da África do Sul, que enviou a resposta através da embaixada em Moçambique, e da igreja Católica.
Moçambique vive uma crise política e militar desde 2013, que se manteve com a recusa da Renamo em reconhecer a derrota nas eleições gerais de Outubro de 2014, e insiste na criação de seis províncias autónomas no centro e norte, onde reivindica vitória eleitoral e elegeu 81 dos 89 deputados na Assembleia da República.
DN – 14.01.2016
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