quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O MARTÍRIO DOS ESTUDANTES BOLSEIROS MOÇAMBICANOS NA ARGÉLIA


12 DE JANEIRO DE 2016 BY REGINALDO MANGUE


Os estudantes moçambicanos na Argélia escreveram na semana passada, uma carta a manifestar o seu descontentamento para com a embaixada de Moçambique na Argélia e o Instituto de Bolsas de Estudos de Moçambique.

Reivindicam o atraso de subsídio de bolsa, um valor que de resto, é pago trimestralmente. “Pois já estamos aproximadamente sem receber o subsídio de bolsa. O valor é pago em três em três meses (525 dólares norte americanos), a última parcela foi recebida no dia 16 de Julho de 2015 e já nos encontramos no dia 05 de Janeiro”, lê-se na carta que mais adiante explica que o atraso tem graves consequências na vida dos estudantes moçambicanos na Argélia. ” Passamos a quadra festiva ( natal e final de ano), numa situação caótica, sendo que no periodo de férias, o restaurante universitário encontra-se fechado. Os estudantes dependem completamente dessa bolsa, a maioria vem de famílias com poucas condições financeiras e não beneficia de nenhuma mesada. As nossas meninas sendo as mais sensíveis com a situação, para poderem ter o que comer são obrigadas a prostituírem-se para estudantes de outras nacionalidades, os homens são obrigados a trabalhar em obras para poderem ter o que comer…”

A embaixada de Moçambique na Argélia reagiu no dia 14 de Dezembro de 2015, através de uma circular assinada pelo embaixador, Hipólito Patrício, com o assunto subsídio de quarto trimestre 2015: “Para o conhecimento da comunidade dos Estudantes Bolseiros Moçambicanos residentes na Argélia, informamos que devido as dificuldades de ordem financeira em Moçambique, o Instituto de Bolsas de Estudo do Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano, está processar a transferência de apenas o montante correspondente ao pagamento de dois meses de subsídio de bolsa de estudo, referente ao quarto trimestre de 2015”.


Contudo, até a data da publicação desta notícia os estudantes moçambicanos na Argélia afirmam que ainda não receberam o subsídio e demostram certa indignação, “como alegam categoricamente que Moçambique está sem fundos para pagar os estudantes?”, questionam para depois sustentar: “Em Novembro de 2015 recebemos novos estudantes na Argélia aproximadamente 60. Vieram acompanhados de 500 dólares ( subsidio de instalação).
No mês de Julho e Setembro a embaixada organizou dois mega eventos tendo alguns estudantes como convidados, em locais hiper caros e luxuosos, equivalente a fortunas, os banquetes que foram servidos nesses eventos, são caros. Acreditamos que só com o valor que foi gasto nesses dois eventos poderia pagar os estudante ou ao menos para cobrir um prato de comida/uma cesta básica para os estudantes durante a quadra festiva, o que não aconteceu. Por outro lado, o Orçamento Anual do Estado é feito no início do ano para vários sectores, é muito estranho os estudantes terem apenas a metade do subsídio”.

O Confidencial deslocou-se na sexta-feira (08), ao Instituto de Bolsas de Estudos de Moçambique, tendo o repórter se dirigido a Secretaria Geral, onde foi aconselhado a procurar um indivíduo identificado pelo nome de Bayano. Este ridicularizou a reivindicação dos estudantes, “não escreva nada. O subsídio já foi pago. A conjuntura económica do país é instável. Eles reclamam de barriga cheia. Procure-me mais tarde para falarmos”, disse atabalhoadamente. Horas mais tarde o Confidencial voltou a contactar o indivíduo que supostamente responde pelo Instituto de Bolsas de Estudos de Moçambique “ainda estou ocupado. Irei contactá-los”. Contudo, passam três dias e ainda não recebemos nenhuma chamada.

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