Até ao fim de Janeiro, devem ficar só 90 presos na base americana em Cuba, prometeu o chefe do Pentágono.
Dois prisioneiros iemenitas detidos em Guantánamo sem acusação desde 2002 foram transferidos da prisão de alta segurança norte-americana para o Gana. É a primeira vez que este país africano acolhe prisioneiros estrangeiros, em mais um esforço da Administração Obama para encerrar a prisão, onde estão ainda 105 prisioneiros.
Mahmmoud Omar Mohammed Bin Atef e Khalid Mohammed Salih al Dhuby foram indicados para transferência em 2006 e 2007, respectivamente, e faziam parte do grupo de 46 prisioneiros ainda detidos mas com a transferência aprovada pelo Gabinete Provisório de Revisão de Guantánamo (GPRG).
É muito tempo para ficar à espera. “Ninguém entende porquê. Isso tem sido uma das maiores frustrações de representar estas pessoas” afirmou à Reuters George Clarke, o advogado norte-americano de Bin Atef, referindo-se aos atrasos do processo de transferência.
Bin Atef e Salih Dhuby são os primeiros do ano a abandonar a prisão da baía de Guantánamo depois de, em Dezembro, o secretário de Defesa Ashton Carter ter anunciado no Congresso que um total de 17 detidos está com saída prevista para Janeiro. No final do mês, diminuirá para 90 o número de prisioneiros na base americana em Cuba.
A maioria dos prisioneiros que ainda lá está é do Iémen, mas por questões de segurança não podem ser repatriados. Como parte do esforço de Obama de encerrar o centro de detenção antes de abandonar o cargo, várias transferências têm sido negociadas nos últimos meses com países estrangeiros, como é o caso de Cabo Verde e do Uganda.
“O Governo dos EUA está grato ao Governo do Gana pelo seu gesto humanitário e pela disponibilidade em apoiar o esforço dos Estados Unidos para encerrar a prisão da Baía de Guantánamo” anuncia o comunicado oficial do Departamento de Defesa americano, que confirma restarem agora 105 prisioneiros em Cuba.
Khalid al-Dhuby e Bin Atef, que ficarão sob guarda das autoridades ganenses durante os próximos dois anos, nunca foram alvo de acusação criminal. Ainda assim, Al Dhuby, identificado como cidadão iemenita natural da Arábia Saudita, é referido no processo prisional como “um provável membro da Al-Qaeda”, que terá combatido em Tora Bora, no Afeganistão.
Bin Atef, de 36 anos, também nascido na Arábia Saudita, mas com cidadania iemenita, foi capturado pela NATO em Novembro de 2001, por alegadamente ter sido “combatente da 55ª Brigada Árabe de Osama Bin Laden e um confesso membro dos taliban”.
A avaliação de 2007 refere que Atef “reconheceu ter viajado para o Afeganistão para participar no combate jihadista” e acusa o detido de ameaçar cidadãos norte-americanos, incluindo “a ameaça directa de cortar a garganta” aos guardas prisionais depois de ser libertado.
O advogado de Atef alega que os comentários do prisioneiro aconteceram há muito tempo e foram fruto da “frustração” de estar preso. Clarke acrescentou que se realmente o prisioneiro fosse perigoso, não teria sido transferido e descreveu Atef como um “jovem brilhante”. O advogado referiu que o iemenita pretende aprender a língua, formar uma família e arranjar emprego assim que chegar ao Gana. “Tenho a certeza de que será bem-sucedido”, afirmou George Clark.
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