Política
Governo não quer ficar a ‘queimar em lume brando’
Passos Coelho nunca foi líder da oposição no Parlamento
José Sena Goulão/Lusa
Depois de o programa de Governo ser chumbado pela moção de rejeição do PS, do BE e do PCP Passos Coelho não faz tenções de manter o seu Executivo em gestão. Mas não atira a toalha ao chão e está preparado para assumir a liderança da oposição a partir da primeira fila da bancada social-democrata no Parlamento.
Passos Coelho exclui deixar liderança do PSD e não estipula prazo para ficar na oposição
Pelo que mesmo que António Costa consiga formar uma solução de Governo alternativa com o BE e o PCP, está completamente afastada a possibilidade de Passos deixar a liderança dos sociais-democratas. O líder do PSD está preparado para regressar ao Parlamento e liderar a oposição a um governo que junte António Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, acompanhado de muitos dos seus ministros.
Tanto mais que a coligação PSD/CDS mostra-se convicta de que um Governo que junte o PS, o BE e o PCP “será um descalabro” e, mais cedo ou mais tarde, “vai acabar por dar mau resultado”. O que depois só se resolverá, muito provavelmente, com a convocação de novas eleições.
E Passos Coelho nem sequer estipula um prazo máximo para ficar a liderar a oposição no Parlamento.
Governo não quer ficar a ‘queimar em lume brando’
Ao que o SOL apurou, Passos Coelho e a sua cúpula entendem que um Governo em gestão, nas atuais circunstâncias, não só não tem condições para governar como o preço a pagar por uma solução dessa natureza “seria enorme”, justifica fonte próxima do primeiro-ministro.
Pelo que este é um cenário que Passos Coelho “exclui em absoluto”, assegura outra fonte próxima do líder do PSD, já que o Governo estaria condicionado e praticamente sem poderes nenhuns.
Além de de não ter legitimidade para apresentar o Orçamento do Estado para o próximo ano em Bruxelas, se o Governo se mantivesse em gestão isso implicaria também que todas as medidas extraordinárias, como os cortes dos salários da função pública ou a sobretaxa de IRS, caíssem logo no dia 1 de janeiro.
Sem contar ainda com o facto de que ficaria a ‘queimar em lume brando’ à medida que a maioria parlamentar de esquerda fosse bloqueando todas as leis que o Executivo de Passos e Portas tentasse apresentar. E sem ter assim as condições mínimas para fazer aprovar qualquer medida na AR.
O Presidente da República poderia, ainda assim, ter uma posição diferente e forçar o Executivo de Passos a manter-se em gestão. Mas nem o líder do PSD nem os seus colaboradores mais próximos acreditam que seja essa a posição de Cavaco Silva, caso António Costa esteja em condições de apresentar um acordo de Governo.
Nesse cenário, a coligação Portugal à Frente conta que o Presidente chame o secretário-geral do PS. Porém, o acordo com BE e PCP terá de ser “consistente” e dar algumas garantias fundamentais, nomeadamente no que se refere ao respeito pelos compromissos internacionais de Portugal, como Cavaco deixou claro nas entrelinhas do seu discurso há uma semana quando anunciou a indigitação de Passos Coelho como primeiro-ministro.
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