terça-feira, 6 de outubro de 2015

Líder da Renamo pode deixar o esconderijo a qualquer momento.

Observadores nacionais prontos para se encontrarem com Dhlakama


A equipa de observadores nacionais está pronta para viajar para a Região Centro de Moçambique a fim de se encontrar com o presidente da Renamo.
A VOA apurou que os observadores esperam apenas pela finalização da logística, nomeadamente a deslocação por via área.
Neste momento, alguns jornalistas encontram-se na região, mas não há nenhuma informação se Dhlakama sairá do esconderijo onde se encontra ainda hoje ou se apenas nos próximos dias.
Algumas fontes admitem que o líder da Renamo esteja em Gondola, na província de Manica, mas não qualquer  confirmação do partido.
Afonso Dhlakama não é visto em público desde o dia 25 de Setembro quando a comitiva em que seguia foi atacada na localidade de Zimpinga, em Gondola.
A polícia moçambicana disse que o incidente foi provocado por homens da Renamo que atiraram contra uma viatura provocando a morte de um civil.
A Renamo, entretanto, responsabilizou a Frelimo pelo ataque.
Mais tarde, o Governo revelou que além do civil, foram mortos 23 combatentes da Renamo no incidente que, segundo as autoridades, foi provocado por populares.
VOA – 06.10.2015

Dhlakama deve sair em breve do seu esconderijo

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Pode estar para breve a saída do líder da RENAMO do local onde se refugiou, no centro de Moçambique, depois dos confrontos armados de 25 de setembro, em Manica. Afonso Dhlakama não é visto em público desde essa altura.
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O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) encontra-se em parte incerta desde o incidente, com a sua comitiva em Zimpinga, distrito em Gondola, na província de Manica, no dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
Contudo, há indicações de que Afonso Dhlakama pode estar no povoado de Chicaca, em Mussátua, no distrito de Gondola. Também se avança que se poderá ter refugiado na Gorongosa, onde poderá ter entrado pela região de Chiro, naquele distrito da província de Sofala.
Fonte partidária confirmou contactos para o líder da RENAMO sair do local onde se refugiou. E avançou que se trata de "preservar a vida" do líder do maior partido da oposição em Moçambique.

Segundo o delegado político provincial da RENAMO, Sofrimento Furai Matequenha, a saída de Dhlakama foi adiada devido a um reforço de efetivos das forças de defesa e segurança na região onde supostamente se encontra.
Em declarações em Chimoio, o deputado disse que está em curso a retirada das Forças de Defesa e Segurança (FDS) do local onde se acredita que o presidente da RENAMO está instalado.
Dhlakama quer "testemunhas"


"O presidente da RENAMO vai sair", garante Sofrimento Matequenha. "Ele prefere ter testemunhas para a sua saída", por uma "questão de garantia e segurança", explicou. "Não é porque eu tenha medo, é bom haver testemunhas a ver-me sair", declarou Afonso Dhlakama em entrevista ao canal privado STV.

Segundo o delegado provincial da RENAMO, tal como aconteceu aquando da sua saída de Sadjundjira, na Gorongosa, a questão da segurança continua a ser determinante, tendo em conta a envergadura dos ataques de que a comitiva do partido foi vítima, por duas vezes em menos de uma semana, na província de Manica.
DW – 06.10.2015

07/10/2015

Lusa – 07.10.2015

EDITORIAL DO JORNAL SAVANA DE 2 DE OUTUBRO DE 2015
Crise dos nados mortos e o desastre comunicacional do governo

O mais chocante no episódio dos 38 nados mortos que foram encontrados na lixeira de Malhampsene, no município da Matola, não foi o acontecimento em si, nem mesmo a janela de oportunidade que o mesmo deu aos cidadãos para se aperceberem do completo caos em que se encontra o sector da saúde neste país.

O que mais chocou foi a atitude de extrema ligeireza com que o assunto foi tratado ao nível do governo. Nenhuma vida, mesmo nas circunstâncias em que ela nunca existiu, merece ser tratada com tamanha ligeireza, tanto desprezo e absoluta despreocupação.
No pingue pongue que se tornou hábito quando entidades públicas tentam furtar-se de assumir as suas responsabilidades, chegou-se a dizer que aquele assunto não era da responsabilidade do governo, e que tudo deveria ser resolvido ao nível do município da Matola, simplesmente porque as morgues nos hospitais são geridas pelas autoridades municipais.
E em obediência a esta disciplina partidária que cega até os mais visionários, lá se regimentou o jovem Calisto Cossa, acompanhado da vereadora da saúde na Matola, para aparecer nas câmaras e dar a cara por um assunto de que ele próprio sabe que não tem responsabilidade absolutamente nenhuma.
Este assunto foi de extrema gravidade que se o governo entendesse que havia necessidade para algum esclarecimento público e pedido de desculpas, essa missão deveria caber à Dra. Nazira Abdula, que é a titular que no governo superintende a área da saúde.
Trata-se, afinal, de um assunto sobre a vida, que muito sinceramente ultrapassa as competências de um responsável municipal.
E para piorar uma situação já de si má, lá estava para emprestar a sua sabedoria, o Director Nacional de Saúde Pública, Francisco Mbofana, a dizer que aquelas mortes estavam dentro dos parâmetros permissíveis ao nível dos padrões internacionais. Foi, de facto, uma borrada por cima de outra. Por mais que tecnicamente se esteja dentro dos parâmetros admissíveis ao nível das convenções internacionais, é uma asneira grave dizer publicamente que
mesmo uma morte está dentro da normalidade. Pior quando isso é dito por um médico, cuja função é justamente garantir a continuidade da vida. A sensibilidade pública do assunto exigia uma linguagem mais contida e de compaixão para com os pais e familiares daquelas vítimas inocentes.
É importante que o governo no seu todo, e as autoridades da saúde em particular, levem a cabo uma profunda avaliação da situação em que se encontra este sector no nosso país, caracterizada por uma absoluta falta de confiança pública, que certamente não terá sido melhorada com este incidente e pela forma como ele foi gerido publicamente.
Uma das consequências da falta de confiança no nosso serviço nacional de saúde é a massiva fuga de capitais como resultado de cidadãos nacionais que procuram melhores cuidados médicos no estrangeiro, onde acreditam que a sua vida será tratada com maior responsabilidade e em condições de segurança. De facto, só os que não têm o mínimo de condições sujeitam-se ao sistema nacional de saúde. Os que podem, incluindo destacados
membros do governo e seus familiares, procuram tratamento no estrangeiro.
E a lição que é preciso tirar é que quando 38 potenciais seres humanos perdem a oportunidade de se tornarem seres vivos e poderem exibir o seu potencial, isso não é matéria municipal. É um assunto do Estado. E o governo deveria ter tido uma melhor e mais humana estratégia de comunicar com o povo sobre esta crise.

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