terça-feira, 27 de outubro de 2015

A única maioria absoluta que existe em Portugal


Apesar da indefinição que reina na vida política, as eleições legislativas de quatro de outubro produziram uma maioria absoluta inequívoca: 70 por cento dos eleitores votaram nos projetos que se comprometem a manter o défice público abaixo dos três por cento, a reduzir a dívida pública e a respeitar os compromissos assumidos com os nossos parceiros europeus.

Não pode haver mensagem mais clara: 70 por cento dos eleitores pedem aos políticos portugueses que resolvam o problema do buraco nas contas do Estado, que façam baixar o stock de dívida, que garanta a confiança dos investidores nos mercados internacionais, que garantam que os impostos não vão aumentar mais e até comecem a baixar, que os cortes de salários e o congelamento de pensões sejam progressivamente afastados.

Mais, esta maioria absolutíssima pede que os políticos resolvam os problemas que são pagos para resolver.

Esta maioria está farta de truques e táticas que seguem os interesses dos partidos e esquecem os interesses do país. Na semana passada fiquei a saber foram congelados mais dois projetos, de valor superior a 100 milhões de euros e que iriam criar mais de 500 postos de trabalho.

Esta maioria receia com razão que os investidores comecem a retrair as decisões de investimento e a criação de novos empregos.
O que esta maioria receia é que os juros da dívida pública voltem a subir em flecha e que tenhamos de voltar a pedir um resgate aos credores internacionais.

O que esta maioria absoluta receia é que venha a ser chamada em breve a pagar mais impostos e a sofrer novos cortes de salários pensões e subsídios. Esta maioria absoluta é composta pelos votos do CDS, do PSD e do Partido Socialista. 

Nenhum destes votantes viu até agora um acordo escrito assinado por António Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa a comprometerem-se a manter o défice público abaixo dos três por cento do PIB e a controlar a despesa pública. 

Se e quando houver esse acordo terão acabado os cheques em branco passados à tal maioria que ainda ninguém viu.

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