quarta-feira, 23 de setembro de 2015

BREVE HISTORIAL DAS FORÇAS ARMADAS

A edificação do Exército Moçambicano remonta ao início da década de 60, quando, a 25 de Maio de 1962, a MANU, inicialmente denominada (Maconde African National Union), posteriormente (Mozambique African National Union) e a UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique), na presença de Eduardo Mondlane, se reúnem, na Tanzânia, com o objectivo de discutirem e adoptarem o protocolo de unificação dos Movimentos Nacionalistas Moçambicanos, tendo, mais tarde, aderido à UNAMI (União Nacional Africana de Moçambique Independente).
Em 25 de Junho de 1962, de acordo com o protocolo, a UDENAMO, criada na Rodésia do Sul, cujos membros eram recrutados entre os trabalhadores e emigrados vindos, sobretudo, de Manica, Sofala, Gaza e Lourenço Marques; a UNAMI, constituida no Malawi, com membros originários especialmente de Tete, Zambézia e Niassa, e a MANU, que se forma em Mombaça, no Quénia, agrupando particularmente elementos de origem maconde de Cabo Delgado, dissolvem-se e constitui-se a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). É nomeada uma direcção provisória, encabeçada por Eduardo Chivambo Mondlane , com o objectivo de organizar o I congresso da Frelimo Sim, que se realiza de 23 a 28 de Setembro de 1962, em Dar-es-Salam, no Tanganyika .
O I Congresso da FRELIMO define que o objectivo principal do movimento é a liquidação total da dominação estrangeira e a conquista da Independência de Moçambique. Este cria o Departamento de Operações do Interior (DOI), cuja prioridade é a mobilização e a organização das populações assente na compreensão da causa e estratégia da luta de libertação nacional. A atitude repressiva do regime colonial, consubstanciada com o reforço das forças militares, tornava evidente que o processo de libertação nacional exigiria o recurso à luta armada.
Outra prioridade residia na preparação do desencadeamento da luta armada, formando quadros político-militares necessários para o efeito. Assim, cria-se o Departamento de Segurança e Defesa (DSD) para se ocupar das operações militares.
O lançamento de uma campanha no exterior para desmascarar o colonialismo português e mobilizar a solidariedade a favor da causa moçambicana foi acompanhado com a necessidade da rápida elavação do nível de conhecimentos científicos para o desenvolvimento posterior da luta armada e a reconstrução nacional.
O passo a seguir ao I Congresso foi o envio de recrutas nacionalistas para países amigos, para treinos militares.
Em 1963, a Argélia acolheu três grupos de moçambicanos, de que se destacam, entre outros, Filipe Samuel Magaia, Samora moisés machel, Francisco Manyanga, Alberto Joaquim Chipande, Feliciano Gundana, Pedro Gaivão Odallah, António Silva e Osvaldo Tazama, para receberem treinos de guerrilha, de modo a criar uma força militar. O primeiro grupo foi chefiado por Filipe Samuel Magaia; o segundo, por Samora Machel e o terceiro, por António Silva .
No seu regresso, estabeceram os primeiros campos de treinos militares, em Bagamoyo, em 1963, e em Kongwa, em 1964, na Tanzânia. E a China enviou instrutores militares para esses campos. Nos princípios de Maio do mesmo ano, a FRELIMO enviou o primeiro contigente de militares para a China, composto por onze elementos, nomeadamente, Filipe Samuel Magaia (chefe do grupo), José Macamo (Adjunto chefe do grupo), José Phahlane Moiane, Cândido Mondlane, Paulo Samuel Kankhomba, Alfredo Maria Manuel, Matias Víctor, Inoque Mutser, Francisco Madengo, Francisco Kufa e Sebastião Marcos Mabote . Enquanto a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) acolhia grupos de recrutas moçambicanos, países como o Egípto, Gana e Israel forneciam ajuda militar e formavam outros quadros moçambicanos .
Em Maio de 1964, a FRELIMO envia a Moçambique elementos para o trabalho clandestino, com o objectivo de organizar e dar tarefas concretas às populações, com vista ao desencadeamento da Luta Armada de Libertação Nacional.
No norte de Moçambique, principalmente na região de Cabo Delgado e no Niassa, verificam-se movimentações de forças portuguesas e de guerrilheiros da FRELIMO.
Além disso, nas vésperas do início da luta armada de libertação nacional, Moçambique vive um cenário fortemente influenciado por conflitos regionais, em que se assiste o envolvimento dos regimes do Apartheid da República da África do Sul (RSA) e o minoritário da Rodésia do Sul, para além do desenrolar da guerra fria.
A 25 de Setembro de 1964, é desencadeada a luta de libertação nacional por guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) . E no ano seguinte, o movimento fortalece-se e alcança vitórias significativas, sobretudo, em Cabo Delgado e Niassa. Contudo, nas frentes de Tete e da Zambézia, a guerra teve que ser interrompida, devido à disposição geográfica da província de Tete e à dominação colonial no Malawi e Zâmbia, o que dificultava o escoamento do material de guerra, através daqueles países, para o interior das províncias de Tete e Zambézia.
Em Setembro de 1965, chegam os primeiros efectivos numerosos para treinos de guerrilha, em Nachingwea, e inicia a formação de instrutores políticos. O aumento de populações nas zonas libertadas e semi-libertadas possibilitou o crescimento significativo dos efectivos das FPLM, como resultado do recrutamento local em áreas do alcance da FRELIMO, assim como no seio de moçambicanos refugiados em países vizinhos.
Em Novembro de 1966, a FRELIMO reestrutura os seus orgãos, extinguindo o Departamento de Segurança e Defesa (DSD) para, no seu lugar, criar o Departamento de Defesa (DD), com Samora Machel como Secretário, e o Departamento de Segurança (DS), chefiado por Joaquim Chissano.
Entretanto, desenvolvem-se no seio da FRELIMO contradições, com destaque para as de cariz ideológico, centradas no tribalismo, regionalismo e exclusão da mulher; o político-militar, caracterizado pela falta de estratégia de luta consensual, que residia entre o ataque rápido e guerra prolongada às cidades importantes e quartéis das forças portuguesas; e o administrativo, centrado na redistriduição dos recursos financeiros e logísticos .
Neste ano, decide-se pelo enquadramento da mulher na esfera da defesa, através da preparação político-militar, que se concretiza com a criação do Destacamento Feminino (DF) , em 4 de Março de 1967. A sua criação permitiu o envolvimento da mulher na guerrilha, cujo papel se centrava no transporte de material, na logística, no reconhecimento, na prestação de serviços de saúde, na educação e na mobilização das populações para a causa da luta de libertação nacional.
Em Abril de 1967, realiza-se a primeira reunião para reestruturação do DD. O Comando Supremo das Forças Populares de Libertação de Moçambique é dividido em doze secções, nomeadamente: Operações, Reconhecimento, Recrutamento, Treino e Formação, Logística, Transmissão e Comunicações, Informação e Publicações Militares, Administração, Finanças, Saúde, Comissariado Político, Pessoal e Segurança Militar. Esta reestruturação dinamizou as formas de actuação dos guerrilheiros da FRELIMO nas várias frentes de combate. Ainda em Abril deste ano, são preparados os primeiros artilheiros.
Nos anos 1966/67, as linhas de asseguramento logístico estavam distendidas ao máximo e o apoio rápido ao avanço para Sul expunha as primeiras vulnerabilidades dos guerrilheiros, particularmente a Sul do Niassa e da Zambézia.
Em Agosto de 1967, são enviados os primeiros contingentes de guerrilheiros da FRELIMO para reabrirem a frente de Tete.
Neste contexto, nos dias 8 e 11 de Março de 1968, é reaberta a frente de Tete, com o ataque de surpresa ao Batalhão de Caçadores 1906, concretamente na vila Gago Coutinho e na Serra Chimato, situadas a Norte de Marávia .
De 1967 a 1969, notabiliza-se uma ala na FRELIMO que é apologista da separação dos políticos e dos militares. Este grupo criticava violentamente a acção de mobilização política dos combatentes junto da população e exigia que os comissários políticos do Exército se abstivessem de organizar reuniões com as populações e de abordar com estas os problemas políticos. Insistiam, também, para que se suprimisse a educação política do Exército e se ensinasse apenas a obedecer aos políticos.
As contradições já existentes no movimento permitiram a convocação do II Congresso da FRELIMO, o qual viria a ser realizado de 20 a 25 de Junho de 1968, em Matchedje, no Niassa, e na sequência da estratégia da luta armada, decide pela guerra popular e prolongada para alcançar a vitória. O congresso decide, ainda, pela intensificação da mobilização do povo, do recrutamento de elementos de outras províncias, onde a luta armada ainda não havia chegado, para engrossar as fileiras dos guerrilheiros. Decide-se, também, entre a solução de outros problemas, pelo alargamento do Destacamento Feminino .
A população camponesa moçambicana ajuda a manter a FRELIMO no terreno, fornecendo alimentos e abrigo, participando na recolha de informações, no transporte de material de guerra e em operações de sabotagem. Igualmente, os camponeses constituiam uma fonte de recrutamento para alimentar as fileiras dos guerrilheiros.
Na manhã do dia 3 de Fevereiro de 1969, Eduardo Chivamdo Mondlane, primeiro Presidente da FRELIMO, foi assassinado em Dar-es-Salaam por uma bomba armadilhada, que se presume ter sido produzida na Beira e transportada via Malawi para o território tanzaniano por agentes do inimigo. O assassinato surge no contexto do desenvolvimento da luta armada e das contradições que existiam dentro da Frente de Libertação de Moçambique .
Em 1970, desencadeia-se a Operação “Nó Górdio”, sob o comando do General Kaúlza de Arriaga, o qual pometera “liquidar a FRELIMO”. Esta operação envolveu milhares de soldados, tropas especiais, aviação e artilharia, concentrou-se no planalto de Mueda e revelou-se num completo fracasso. Na realidade, a guerra de guerrilha intensificou-se e estendeu-se para outras zonas do território nacional, actuando em pequenos grupos .
Entre 1972 e 1974, os portugueses reforçam os seus efectivos com tropas das suas colónias em África, face às dificuldades de fornecimento de homens da metrópole. Este processo levou à incorporação de um grande número de moçambicanos nos Grupos Especiais (GEs), nos Grupos Especiais Paraquedistas (GEPs) e nos FLECHAS. Estas unidades operavam principalmente no centro do País, zona mais ameaçada no final da guerra.
Em Julho de 1972, as Forças da FRELIMO avançam em direcção ao Sul, para abrir a Frente de Manica e Sofala, dirigidas pelo camarada Fernando Matavele, acompanhado de outros quadros, como os Camaradas Cara Alegre Tembe e Eduardo Nihia.
Nos finais do mesmo ano, faz-se o reconhecimento na província da Zambézia, através do Distrito de Morrumbala, que logo depois começa-se a introduzir o material de guerra a partir da província de Tete, missão para a qual foi nomeado o camarada Bonifácio Gruveta Massamba, saido de Tunduru para dirigir a Frente da Zambézia.
Até princípios de 1973, realizam-se combates na província de Tete, atacando a companhia de Chingodzi, Furancungo, Thebwé, Fíngoè, Malowera, Chitima, Changara, Mukumbura, Vila Gamito, Zumbo, Zóbwè e Calowera.
Após alguma resistência portuguesa no quartel de Malowera, em Outubro do mesmo ano, organizou-se um outro combate que foi o último, dirigido pelo camarada Tomé Eduardo, tendo culminado com a retirada das forças Portuguesas .

Em 25 de Abril de 1974, oficiais portugueses revoltados com o impacto da degradação da situação sócio-económica e político-militar na metrópole e nas colónias portuguesas, levam a cabo um golpe de Estado. Este golpe, do ponto de vista político-militar, surpreendeu os regimes do apartheid e de Ian Smith, porque nunca lhes passara pela cabeça que o regime colonial fascista português pudesse chegar ao fim.
Nesta sequência, fracassaram, definititivamente, os seus projectos de transformar o rio Zambeze numa “fronteira” militar para impedir a expansão dos guerrilheiros da FRELIMO mais para o sul, o que, de facto, já tinha acontecido.
Logo depois do golpe de 25 de Abril, e na sequência de uma intentona em Lisboa, Spínola demitiu-se do cargo de Presidente da República e, para o seu lugar, foi designado o General Costa Gomes, que aparentemente tinha melhor relacionamento com o Movimento das Forças Armadas (MFA) e uma abertura de espírito democrático.
A situação político-militar, social e económica na metrópole, nas colónias portuguesas e em Moçambique em particular, criou condições para os Acordos de Lusaka, rubricados a 7 de Setembro de 1974, os quais preconizavam a formalização da independência de Moçambique.
Toma posse, a 20 de Setembro do mesmo ano, o Governo de Transição e a Comissão Mista Militar, para garantir a transferência progressiva de poderes a todos os níveis e a preparação da Independência de Moçambique. O governo de transição era encabeçado por Joaquim Alberto Chissano, assistido por nove ministros moçambicanos, enquanto a Comissão Mista Militar era composta por três oficiais superiores das Forças Armadas Portuguesas, representando as Forças Armadas Portuguesas e três da contraparte moçambicana, nomeadamente, Alberto Joaquim Chipande, Sebastião Marcos Mabote e Jacinto Veloso, representando as Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM) .
Em 1975, o Governo moçambicano, face à conjuntura regional e internacional, e muito especificamente às ameaças da Repúblida da África do Sul e da Rodésia do Sul, realiza, de 25 de Julho a 4 de Agosto de 1975, a IV Conferência do Departamento da Defesa (DD), e faz uma reflexão sobre a formação do exército regular moçambicano .
Com a independência de Moçambique, África do Sul fica descontente e, em 1975, infiltra as suas forças, que desenvolvem ataques à Província de Maputo (Ponta de Ouro, Namaacha, Boane, Matola) e, como consequência, alguns militares sul-africanos foram capturados em Boane.
Ainda em Novembro do mesmo ano, as forças do regime de Ian Smith atacam Mavonde, Mapai e Chicualacuala .
E, em 1976, os militares do regime de Ian Smith começam a realizar ataques e incursões militares no interior do País cujos alvos eram as bases dos guerrilheiros do Zimbabwe African National Union (ZANU), campos de refugiados zimbabweanos e objectos económicos, que entre eles, pode-se destacar o massacre de Nyazónia, na província de Manica, ocorrido a 9 de Agosto de 1976 .
Todavia, para que a confiança política fosse garantida no seio da Frelimo e dos moçambicanos, a estrutura da defesa manteve um papel importante no Comissariado Político Nacional, pois que a educação política era parte integrante do programa de treino, do mesmo modo que a prática militar.
Assim, após a proclamação da Independência Nacional, a administração portuguesa foi substituída por uma estrutura administrativa nacional, composta por Comandos Provincias, coadjuvados pelo Comissariado Político Nacional, criado em 1976, com o objectivo de desenvolver a educação política, patriótica, cultural e moral no seio dos militares. O Comissariado Político teve como primeiro dirigente, o camarada Armando Emílio Guebuza, que foi subsitituido pelo Tenente-General Armando Panguene, e, este último, pelo Major-General Eduardo da Silva Nihia, em 1987. Este órgão é extinto em 1994, no âmbito do Acordo Geral de Paz (AGP).
A 3 de Março de 1976, Moçambique aplica as sanções mandatórias das Nações Unidas contra a Rodésia do Sul, elevando o antagonismo entre os dois países que conduz à confrontação directa, uma situação que cria exigências militares que se revelam muito para além do que os países amigos de Moçambique podiam satisfazer.
Ainda em 1976, Moçambique detinha uma força mista, constituída por companhias de guerrilheiros e alguns pelotões do então batalhão “Nova Vida” formado na Zâmbia.
Nessa altura, chegam a Boane instrutores chineses transferidos de Nachingwea para orientarem o Curso “25 de Setembro”, com o objectivo de transformar os comandantes da guerrilha nos primeiros oficiais do novo exército regular capazes de enfrentar uma agressão externa em todo o território nacional.
Image Para o efeito, as autoridades moçambicanas solicitam o apoio da URSS e da China. A União Soviética começa a transferir, em 1977, quantidades significativas de equipamento militar, incluindo sistemas de artilharia, radares, veículos blindados de combate e de transporte. Ao mesmo tempo eram iniciados cursos com instrutores soviéticos em Moçambique e na União Soviética. Estes cursos são igualmente frequentados por moçambicanos em Cuba, Bulgária, Hungria, República Democrática Alemã, e ainda em Boane e em Nampula.
Em 1976, o Governo decide, na altura, o estabelecimento de um Exército composto por 4 Brigadas de Infantaria Motorizada, uma de Tanques, e algumas unidades de Artilharia pesada.
Uma Brigada de Infantaria Motorizada era formada por uma Companhia de Comando, uma Companhia de Transportes, uma Companhia de Polícia Militar, um Esquadrão de Reconhecimento, três Batalhões de Infantaria Mecanizada, um Batalhão de Tanques, um Batalhão de Artilharia Terrestre, um Batalhão de Artilharia Anti-Aérea e uma Bateria de Artilharia Reactiva.
No dia 8 de Março de 1977, é lançado o “apelo para a defesa da Pátria” e parte dos 600 estudantes do ensino secundário que interromperam os seus estudos por decisão do governo, foram enviados para a União Soviética e China, para serem treinados em diversas especialidades. Grande parte deles frequentou cursos especiais para a criação da Força Aérea e da Marinha.
Neste ano, é criado o Comando das Forças Terrestres, dirigido pelo Comandante Joaquim João Munhepe, tendo como Chefe do Estado-Maior, o Comandante Tobias Joaquim Dai.
Em 1978, é instituido o Serviço Militar Obrigatório. Em consequência, por volta de 1980, a antiga força guerrilheira de 10.000 homens não só se tinha transformado, como também havia aumentado para cerca de 70.000 homens.
Em termos de armamento militar, as FPLM herdavam algum material francês, designadamente, MAT 49, Mas 36 e Thompson 0,50, adquiridos por intermédio da Argélia, que constituíram o seu equipamento no início da luta armada. Este material foi substituído gradualmente pelo material da China, da URSS e de outros países do Leste, tais como, PPSH e Simonov nos anos 65, e na década de 60, por AK, RPK, morteiros 60 e 82 mm, canhão sem recuo de 75 mm, B10, 12,7 mm nos princípios dos anos 70, e, finalmente ZGU, Grad P (B11) e Strella 2M .
Em 2 de Outubro de 1978, o Presidente Samora moisés machel inaugurou na cidade de Nampula, a Escola Militar, instituição de formação de oficiais das Forças Armadas, cujas aulas eram leccionadas maioritariamente por especialistas Soviéticos .
Nos finais de 1978, começou a regressar ao país o grupo de jovens formados na aviação de transporte e, desde princípios de 1979, os aviões de tipo AN26 pilotados por moçambicanos e assistidos por instrutores soviéticos, fazendo voos de asseguramento logístico das FAM/FPLM.
Em Agosto de 1979, regressa o grupo de técnicos e especialistas de assistência técnica de aviões de combate. E como haviam já chegado os primeiros kits de equipamento de ajuda à navegação e componentes de aviões de instrução e combate, foram imediatamente iniciados os trabalhos de montagem dos equipamentos e aparelhos na base aérea de Nacala.
Com a chegada de tripulantes moçambicanos, em Dezembro de 1979. No ano de 1980, começam a fazer voos aéreos de instrução e de combate usando aviões de tipo MIG, a partir da Base Aérea de Nacala.
No dia 01 de Junho do mesmo ano, após a transferência da aviação da Base Aérea de Nacala para a Base Aérea da Beira, os aviões caça-bombardeiro de tipo MIG 17 iniciaram as suas operações na zona centro do país.
E em finais de Janeiro de 1980, regressou ao país o grupo de tripulantes de helicópteros, que começou a fazer voos no primeiro semestre do mesmo ano. Foi desta forma gradual que surgiu a aviação militar moçambicana constituída de aviões de combate, de transporte e helicópteros .
Em 1981, o Exército moçambicano estava, assim, transformado numa força completamente convencional. E no mesmo ano, a RSA envolve-se numa agressão directa contra Moçambique.
Até 1982, a Força Aérea, treinada com o apoio soviético, estava já dotada de aviões de carga AN-26 e Helicópteros MI-8, de aparelhos de MIG-17, e, mais tarde, MIG-21, bem como uma força naval.
Para conferir maior organização e por se tratar de um aspecto importante, foi criado o sistema de patentes militares nas Forças Armadas de Moçambique (FAM), através da Lei Nº 5/80, de 25 de Setembro de 1980. As patentes passaram a identificar a hierarquia militar e exprimiram-se por galões e divisas. Ainda em 1980, uma reorganização territorial dos miliatares moçambicanos levou ao estabelecimento do Comando Regional Centro, na cidade da Beira, com o objectivo de fazer frente às acções de desestabilização de Moçambique.
É ainda neste ano que são criadas as três primeiras Brigadas das Tropas de Guarda-Fronteiras, num total de cinco , sob o Comando de Tomé Eduardo, patenteado a Major-General em 25 de Setembro de 1980, tendo como Chefe do Estado-Maior Graça Tomás Chongo.
Em 1982, o governo concluiu que a reorganização do Exército de 1980 não se adequava à nova situação militar e cria 10 Comandos Militares Provinciais, de modo a libertar as Brigadas militares distribuidas pelo País da tarefa de protecção dos objectivos económicos e da população.
De forma a conter a escalada da guerra, é assinado, a 16 de Março de 1984, o Acordo de Nkomati entre Moçambique e RSA, que remove o espectro de ameaça de um ataque convencional por parte da África do Sul.
Na ocasião, o Estado Sul-africano, através do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros, pediu a intervenção dos americanos nas negociações do Acordo. Neste contexto, o Secretário do Estado Americano George Schultz, figura influente do Partido Republicano, recebeu esta notícia e interessou-se pela iniciativa.
As negociações e o Acordo de Nkomati contribuíram para um clima favorável no Ocidente e tornou claro que o regime do Apartheid era o agressor e quem fomentava a guerra . Além disso, este acordo permitiu a criação de uma série de grupos de trabalho, tanto na área de “não agressão”, que tinha carácter de defesa, polícia e segurança, como na área da “boa vizinhança”, com a natureza económica .

Em simultâneo, em coordenação com Angola, o Estado moçambicano mantinha contactos com a Administração Norte-americana, à procura de uma solução mais global para os problemas do país e da região.
Entretanto, no dia 19 de Outubro de 1986, aconteceu uma tragédia em Mbuzini, no território Sul-africano, próximo da fronteira com Moçambique, vitimando o Presidente Samora Machel e a sua comitiva, quando estes regressavam duma reunião com outros chefes de Estado, realizada em Mbala, na Zâmbia, em missão de busca de segurança e paz na região .
E após um percurso de negociações, a 04 de Outubro de 1992, o Governo moçambicano e a RENAMO assinam, em Roma, República da Itália, o Acordo Geral de Paz (AGP), cujo Protocolo VI estabelece os mecanismos para o cessar-fogo, responsabilizando os signatários na execução do processo, em coordenação com a Comissão de Cessar-Fogo (CCF), que se subordinava à Comissão de Supervisão e Controle (CSC).
No âmbito militar, o Acordo adoptou o Protocolo IV, para regular a formação das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, que deviam ser apartidárias, de carreira, profissionalmente idóneas, competentes, exclusivamente formadas por cidadãos moçambicanos voluntários e provenientes das Forças de ambas partes.
As FADM deviam ter a missão da defesa e salvaguarda da soberania, da Independência e da Integridade Territorial do País. As partes acordaram que os efectivos do novo exército seriam de 30.000 homens a serem fornecidos pelas Forças Armadas de Moçambique (FAM/FPLM) e pelas Forças da Renamo, na razão de 50% para cada lado. Destes efectivos, 24.000 preencheriam o Exército; 4.000 a Força Aérea e 2.000 a Marinha.
Os assuntos relaccionados com a formação da nova força ficaram a cargo da Comissão Conjuta para a Formação das Forças Armadas de Moçambique (CCFADM).
A criação técnica das FADM iniciou com a “Declaração de Lisboa”, emitida em Fevereiro de 1993, na qual Portugal, França e Reino Unido se comprometeram a treinar o novo Exército.
Em Fevereiro e Setembro de 1994, instrutores portugueses ministraram cursos de direcção para oficiais de cada uma das partes, findos os quais foram formados oficiais para o Comando das FADM. Portugal, formou, igualmente, sargentos e soldados de ambas as partes, destinados a formar o núcleo da futura força naval moçambicana.
Entre Março e Maio de 1994, instrutores portugueses treinaram ainda o primeiro dos três batalhões de Forças Especiais, no Centro de Instrução de Forças Especiais de Nacala, na Província de Nampula.
A França enviou para Moçambique instrutores militares, para formar a primeira Companhia de desminagem, em Boquisso, Província de Maputo, cujo término foi em Julho de 1994.
Image Os britânicos, por seu turno, treinaram em Nyanga, no Zimbabwe, 540 instrutores moçambicanos governamentais e da Renamo, os quais foram colocados nos Centros de Preparação Militar de Dondo, Província de Sofala, de Boane e da Manhiça, na Província de Maputo, para, numa primeira fase, treinarem 5.000 homens de ambos os lados.
A formação dos batalhões de infantaria foi realizada em duas fases, sendo a primeira, de formação de três batalhões de Infantaria, que foram desdobrados em Chókwè, Quelimane e Cuamba, nas Províncias de Gaza, Zambézia e Niassa. A segunda fase consistiu na formação de outros seis batalhões, perfazendo nove, num total de 4.500 homens. Até Dezembro de 1994, as FADM tinham atingido um total de 38,59% do seu efectivo orgânico.
http://www.fadm.mil.mz/index.php…


Discurso de Sua Excelência Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da República de Moçambique, por ocasião da Atribuição de Insígnias à Cidadãos Condecorados.

Maputo, 23 de Setembro de 2015


Sua Excelência Armando Emílio Guebuza, Antigo Presidente da República, 
Senhor Primeiro Ministro,
Venerando Presidente do Tribunal Supremo, 
Venerando Presidente do Tribunal Administrativo,
Venerando Presidente do Conselho Constitucional,
Digníssima Procuradora Geral da República,
Senhores Membros do Conselho de Ministros,
Senhora Governadora da Cidade de Maputo,
Senhor Presidente do Município de Maputo,
Senhores Membros da Comissão de Títulos Honoríficos e Condecorações, 
Senhor Decano do Corpo Diplomático, 
Caros convidados, 
Minhas senhoras e meus senhores.

Queremos por ocasião do quinquagésimo primeiro aniversário das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, no ano em que o nosso País completa os seus 40 anos de independência, saudar o Povo moçambicano em todo território nacional.
Durante o ciclo de governação que sucedemos e no que estamos a liderar, nossos compatriotas aqui presentes ou representados foram agraciados com insígnias dos Títulos Honoríficos e Condecorações.
Por ocasião do 25 de Setembro, data em que homenageamos os Libertadores desta pátria moçambicana, quisemos de forma pública reconhecer os préstimos destes nossos concidadãos, fazendo a entrega das insígnias, o que simboliza a admiração e reconhecimento do Povo e do Estado moçambicano, do seu empenho individual e colectivo.
Com este acto, como dissemos quando celebramos os 40 anos da nossa independência, estamos a honrar aos que se distinguiram no processo da conquista da nossa liberdade, na construção e defesa do Estado moçambicano.
Queremos com este gesto, estimular e promover valores de patriotismo, de amor ao próximo, de cultura de trabalho, de criatividade, do espírito de entrega, da tolerância e de reconciliação.
Queremos ainda com este gesto simbólico, injectar nas novas gerações a virtude de bravura e de fidelidade para com a Pátria Mãe.
Felicitamos e renovamos os nossos parabéns aos que hoje receberam as suas insígnias, e acreditamos que o País continuará a beneficiar da vossa entrega e carinho, nesta grande batalha de manutenção e consolidação da Paz, condição principal para a criação do bem-estar para os moçambicanos.

Viva o 25 de Setembro!
Viva a Paz para os moçambicanos!
Muito obrigado pela atenção!




Discurso de Sua Excelência Filipe Jacinto Nyusi , Presidente da República de Moçambique, Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança por ocasião do patenteamento de Oficiais Generais e da saudação às Forças Armadas de Defesa de Moçambique.


Maputo, 23 de Setembro de 2015

Senhor Ministro da Defesa Nacional;

Senhor Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique;

Caros Membros do Conselho Consultivo da Presidência da República;
Caros Oficiais Generais, Superiores e Subalternos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique;

Ilustres Convidados;

Minhas Senhoras e Meus Senhores!

Antes de mais, permitam-me felicitar aos Oficiais Generais que acabamos de patentear como imperativo do preenchimento da Orgânica das Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
A dinâmica nos aconselha a adequar o capital humano, o grande recurso com que as FADM contam, aos novos desafios.
Ao Contra Almirante Joaquim Rivas Mangrasse, aos Brigadeiros Elias Marceta Dhlakama, Cândido José Tirano, António Augusto Maurice e Eugénio Augusto Roque e ao Comodoro Eugénio Dias Muatuca, a partir de hoje recai sobre vós uma responsabilidade acrescida.
Passam a pertencer à classe de oficialato mais decisiva das FADM, são a cara visível dos que devem garantir a Paz e a estabilidade dos milhões de moçambicanos.
Recomendamos que integrem e/ou dirijam equipas coesas, onde a disciplina, a tolerância, a lealdade e os valores de reconciliação já conquistados sejam cada vez mais consolidados.
O Governo tem a obrigação de criar as condições objectivas para que a vossa missão seja coroada de êxitos.

Caros Oficiais Generais, Superiores e Subalternos,
O Nosso país comemora no dia 25 de Setembro de 2015, o quinquagésimo primeiro Aniversário das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, uma data que simboliza o sacrifício e o heroísmo do nosso Povo, reflectido na Geração do 25 de Setembro, fonte incontornável e incontestável da nossa inspiração na construção do futuro risonho que almejamos para todos os moçambicanos.
Quero através de vós, prestar uma singela homenagem a todos os que protagonizaram estes actos heróicos, aceitando sacrificar as suas próprias vidas para que todos nós, hoje, pudéssemos desfrutar da Paz, Liberdade e do Progresso, como uma Nação livre e independente.
Com elevada honra e emoção, por vosso intermédio, saúdo vivamente a todo, o povo moçambicano, e de forma muito especial, a todos os Oficiais Generais, Superiores, Subalternos, Sargentos e Praças das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, em geral e a todos os trabalhadores civis do sector da defesa que com sacrifício e abnegação têm sabido ser depositários do legado heróico dos Jovens de 25 de Setembro.
Estendo a minha saudação a todas Forças de Defesa e Segurança, que as FADM fazendo parte delas, tem estado a dar exemplo de coordenação, inspirando a maior confiança ao Povo moçambicano.
Quero usar desta ocasião para agradecer a mensagem de carinho e de fidelidade à Constituição da República e à nossa direcção na qualidade de Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança.

Caros Oficiais Generais, Superiores e Subalternos;

Minhas Senhoras e Meus Senhores!
Este acto transmite a disponibilidade e prontidão das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, em particular, e das Forças de Defesa e Segurança, em geral, de defender sem tréguas, com orgulho e profissionalismo a soberania e integridade territorial e ao povo moçambicano.
Como disse em várias ocasiões, perante vós membros da direcção das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, reitero que o meu compromisso é de servir o povo moçambicano, como o meu único e exclusivo patrão.
O meu compromisso é o de respeitar e fazer respeitar a Constituição da República e as demais Leis Moçambicanas. Reitero a minha prontidão para defender o Povo Moçambicano e a Unidade Nacional.
As Forças Armadas de Defesa de Moçambique por tradição e de acordo com o quadro legal de que se regem, servem única e exclusivamente ao Povo moçambicano o qual ciclicamente cede parte de seus filhos à esta instituição. Por isso a Palavra de Ordem é: Lealdade e sempre Lealdade.
Este desiderato só pode ser alcançado se as nossas Forças Armadas continuarem a pautar pela disciplina e pelo alto sentido de profissionalismo e inovação para que com os recursos de que dispõem continuem a cumprir com rigor e eficácia as suas missões.
Neste contexto, a educação, formação e instrução constantes devem continuar a ser norma nas nossas unidades e sub-unidades para que em quaisquer circunstâncias possam estar aptas para salvaguardar a maior conquista do nosso povo, a unidade nacional, paz e o direito ao desenvolvimento sócio-económico para o bem estar de todos.
Reconhecemos os esforços que as Forças Armadas de Defesa de Moçambique estão a empreender para garantir o funcionamento normal das instituições e que o país continue a sua marcha pelo desenvolvimento económico.
As nossas Forças Armadas devem continuar a ser o símbolo de coesão nacional e patriotismo por aglutinarem no seu seio moçambicanos na sua plena diversidade.
Devem ser, igualmente um factor dissuasor contra quaisquer iniciativas obscuras, de indivíduos ou grupos que procurem criar pânico e medo no seio das populações através de ameaças de guerra.

Estas ameaças, visam pôr em causa a estabilidade socioeconómica e a unidade nacional dos moçambicanos, desviando-nos da luta contra o nosso principal inimigo, a pobreza.
Por isso, ao festejarmos esta data, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique devem ter sempre presente a sua responsabilidade de garantir que os moçambicanos vivam em paz, não sejam intimidados, que durmam e acordem com sonhos de um futuro promissor.
O Governo continuará empenhado na busca da Paz efectiva, privilegiando sempre o diálogo no âmbito das instituições democráticas de que o país dispõe e de outros espaços disponíveis.

Estimados Oficiais,
Caros Sargentos e Praças,
Exorto-vos a prosseguirem, na mesma senda de profunda dedicação à nossa pátria, rigor absoluto e persistência no cumprimento dos vossos deveres, sempre na estrita observância dos mais altos valores da ética e da moral militar, incrementando a Educação Cívico-Patriótica a todos os níveis e em todos escalões de Comando e Direcção das tropas.

Aos desafios inerentes à sua condição militar, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique devem agregar a participação no processo de produção de alimentos, na construção de infra-estruturas, formação, promoção da saúde e bem estar do militar e, por esta via, galvanizarem o processo de luta pelo bem-estar e construção de um Moçambique cada vez melhor para todos.
Queremos que as Forças Armadas de Defesa de Moçambique continuem a ser a “Escola de Cidadania” de excelência, onde os valores mais nobres da Nação Moçambicana, nomeadamente: Indivisibilidade do Povo Moçambicano, a Independência, a Soberania e o Patriotismo são incutidos com zelo, dedicação, disciplina e obediência.

Caros Oficiais Generais;
Minhas Senhoras e Meus Senhores;
Apreciamos o exemplo de reconciliação que oferecem ao Povo moçambicano, os Oficiais Generais e Superiores que ontem se confrontaram uns contra os outros e hoje juntos perfilam em saudação à um único Comandante-Chefe, e renovam o juramento de lealdade e de respeito à Constituição da República.
Queremos saudar e enaltecer esta grande demonstração de reconciliação entre os moçambicanos. Esta é uma grande lição de coesão e unidade nacional, é uma lição de profissionalismo.
Reitero o meu carinho construído no meu passado do ontem recente, no Ministério da Defesa Nacional e desejo a todos vós, membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, em particular, e às Forças de Defesa e Segurança, em geral, votos de muita saúde, prosperidade, bom trabalho e Festas Felizes.

Termino convidando a todos que me acompanhem num brinde:
Ao crescimento das Forças Armadas de Defesa de Moçambique;
Às comemorações do 25 de Setembro;
À saúde dos patenteados.

Muito obrigado pela atenção!

Filipe Nyusi

Sem comentários: