sábado, 11 de abril de 2015

CASO G 40: JE SUIS LEONEL MUCHANO AND SAMUEL CANDA


O meu manifesto de solidariedade para com o jornalista do “Canal Desportivo” da Rádio Moçambique, o meu amigo Manuel Zimba, que está a ser alvo de um processo disciplinar em virtude de haver denunciado interferências políticas no desempenho das suas funções em plena emissão, foi partilhado por várias pessoas, outras fizeram likes e outras ainda aproveitaram a oportunidade para também manifestarem a sua solidariedade nos seus comentários. São pessoas que ainda acreditam que é possivel construir um mundo melhor, onde o homem não seja lobo de outro homem, mas que seja irmão marcado pelo signo da solidariedade. Quero, entretanto, destacar com particular atenção os jornalistas Leonel Muchano e Samuel Canda, da Agência de Informação de Moçambique e da Televisão de Moçambique, respectivamente. Primeiro foi o jornalista Leonel Muchano que manifestou a sua solidariedade para com Manuel Zimba nos seguintes termos: “Para a minha grande infelicidade não ouvi o programa desportivo da RM, mas creio que terá sido no Magazine Desportivo onde Zimba, o irreverente, exerceu o seu profissionalismo. Mas seja como for, acredito que o G40TISMO está nos fragmentos do fim como disse o prolifero Ungulani ba ka Khosa, porque pouco ou nada sabemos da nova era. Mas a avaliar pela intensidade dos ventos que sopram, muito vai mudar ate as mentes que estavam em progressiva erosão”. Logo seguiu-se o Samuel Canda, tendo manifestado a sua solidariedade do seguinte modo: “Triste, a luta continua”. Já o disse antes, mas nada importa repetir: Je Suis Manuel Zimba. E vocês também puderam dizer o mesmo. Mas agora eu quero vos dizer o seguinte, meus caros companheiros de longas jornadas: Je Suis Leonel Muchano. Et Je Suis Samuel Canda aussi. Nada sólido e duradoiro se pode construir quando o homem se enclausura na sua própria individualidade. O gesto de solidariedade que vocês manifestaram para com o nosso amigo Zimba é, de facto, uma luz no fundo do túnel rumo à libertação do homem enclausurado na sua própria individualidade, o homem que acha que o problema do outro é sempre do outro enquanto ele estiver de barriga cheia. Sei o que se passa na Agência de Informação de Moçambique, onde o jornalista Leonel Muchano tem como director o jornalista Gustavo Mavie, que aparece a encabeçar uma certa lista VIP que se tornou impopular por motivos já sobejamente conhecidos. Também sei o que se passa na Televisão de Moçambique, onde labora o jornalista Samuel Canda. Ambas são empresas públicas de comunicação social, que sofrem o problema das interferências políticas na sua gestão editorial. Lembro-me da visita do então Primeiro-Ministro Alberto Vaquina à AIM, um pouco depois da sua designação para o cargo. Depois de todos os salamaleques, sermões e outros cantos da sereia, eis pois que um dos jornalistas denunciou o problema de ser sempre o director Gustavo Mavie a fazer as viagens presidenciais, em detrimento de outros que são jornalistas também, para além de também serem filhos de Deus. Sempre o Mavie, sempre o Mavie. E nós keh, yeh vakhite! Devido aos baixos salários, todos jornalistas gostam de viajar com o presidente. É sempre uma oportunidades para ganhar ajudas de custo e poupar para os livros dos miúdos. Mas não é somente essa a grande razão da denúncia do jornalista. Se todos somos jornalistas, porque somente uma única pessoa pode viajar com o presidente? É por ser nosso chefe? Só viaja o chefe? Eu acho que o Leonel Muchano merece viajar mais vezes com o presidente, da mesma forma que também cobre o parlamento, o conselho de ministros, o comité central e as mamanas do carvão, lavayani vaku xavissa a macala na va lwela a utomi. A propósito, oh Muchano, ainda existe a célula do partido ai na AIM ou continua a AIM enclausurada nos tempos do partido único? Não precisamos ir mais além. Passemos em frente. O Samuel Canda lá na TVM também deverá andar irritado com a forma como a informação tem sido substituida pela propaganda, não fossem as acções protagonizadas pela triste equipa do G 40, que ali se instalou para fazer das suas. Mas não te rales, meu caro, because Je Suis Samuel Canda too. And I love you so much. As Jesus said: Amarás ao próximo como amas a ti próprio. No amar ao próximo reside o mais belo capítulo dos direitos humanos: o da solidariedade. Para que possamos ser solidários, precisamos de ser fraternos. Para que sejamos fraternos precisamos saber que nós nascemos iguais em dignidade e em direitos. Para que nos sintamos iguais em dignidade e em direitos, precisamos de ser homens livres. Liberdade, igualdade e fraternidade. São estes os ideais que nos conduziram à revolução francesa, quando já nessa altura malta Jean Jacques Rosseau, Montesquieu, Voltaire e outros tinham visto a luz e por ela lutavam. A luz. Sigai os ensinamentos do professor Baltasar Garzon, segundos os quais a condição humana consiste em lutar constante e permanentemente para mudar o mundo e melhorar a nossa própria existência, no sentido de reduzir ou eliminar a exploração de uns seres humanos por outros, em todas as frentes. A República de Moçambique é um Estado de Direito, baseado no pluralismo de expressão, na organização política democrática, no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais do Homem. Todos os cidadãos têm direito à liberdade de expressão, à liberdade de imprensa, bem como o direito à informação. O exercício da liberdade de expressão, que compreende a faculdade de divulgar o próprio pensamento por todos os meios legais e o exercício do direito à informação, não podem ser limitados por censura. Nos meios de comunicação social do sector público são assegurados a expressão e o confronto de ideias das diversas correntes de opinião. O Estado garante a isenção dos meios de comunicação social do sector público, bem como a independência dos jornalistas perante o Governo, a Administração e demais poderes políticos. Isso tudo está lá na Constituição. Vocês sabem disso. Não sejais cúmplices dos que atentam contra esses valores inscritos na nossa magna carta. Libertem-se do G 40 assim como de outros gquarentismos que pululam nas nossas vidas. Sejamos solidários uns com os outros. Passem a mensagem. Digam que ESTÁ NA HORA! Seh yih txayili, vakhite. Sukani lanu va bava. Para que vocês possam reflectir mais e mais ainda sobre como o direito à solidariedade é um direito humano, que deriva da própria natureza, sendo-lhe inato a qualquer lei de carácter positivo, assim como se lembrarem de que é preciso agir, deixo-vos com muito amor e carinho o poema “É preciso agir”, do meu amigo Beltold Brecht:
“Primeiro levaram os comunistas
Mas não me importei com isso
Eu não era comunista
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os sindicalistas
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou sindicalista
Depois agarraram uns sacerdotes
Mas como não sou religioso
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde”. Bertold Brecht.
E a Luta Continua!
Major-General Henry Miller

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