EDITORIAL:
Quando o país, sobretudo a região norte e centro, foi devastado por fortes chuvas que arrastaram vidas, destruiram plantações e habitações, o Presidente da República, Filipe Nyusi assistia tudo a partir do conforto do palácio da Ponta Vermelha.
Nyusi, no acto da sua investidura, os religiosos denominaram-no por “o enviado de Deus”, uma vã tentativa de compará-lo a Jesus Cristo. Porém, passados 40 dias após a sua tomada de posse, ainda que num período em que os níveis hidrográficos subiam de maneira desenfreada, o PR veio a Nampula para se inteirar da situação das calamidades naturais no terreno e solidarizar-se com as vítimas, para a definição das prioridades que possam contribuir para uma rápida reconstrução do país.
Foram dias longos, marcados por um ambiente triste devido às perdas que sofremos por causa das cheias, não esquecendo o apagão que deixou a zona norte e parte do centro do país as escuras perto de um mês. No entanto, Nyusi, “o enviado de Deus”, para, alegadamente, mudar o destino de Moçambique, ficou esse tempo todo confinado em Maputo.
O povo, por sinal o seu patrão, não encontra razões para explicar porquê o PR levou tanto tempo para abandonar o conforto da Ponta Vermelha para ver de perto o sofrimento por que os moçambicanos passam. Se calhar, Nyusi, durante os 40 dias, devia ter se esquecido que a sua missão cá na terra é de livrar o povo do esquecimento que sofreu durante os últimos 10 anos de governação de Guebuza.
Mas, sem remorsos, o estadista moçambicano desembarcou no Aeroporto Internacional de Nampula por volta das 16h40, na passada quarta-feira (25), num avião com a referência ZS-ECB, acompanhado de alguns membros do Conselho de Ministros. Esperávamos que tivesse vindo via terrestre para ver de perto o que as chuvas fizeram.
Deve ser por isso que houve uma fraca participação popular. Mas também não precisava ter “ignorado” a população que lhe foi receber no Aeroporto Internacional de Nampula.
De lembrar que, após dar um passeio na província de Nampula, Nyusi prevê tentar lavar a sua imagem noutros pontos do país onde a mãe natureza ridicularizou as obras de engenharia mal aplicada e onde as águas ainda causam um sofrimento imenso. Mas enfim, finalmente "o empregado" lembrou-se do seu patrão, o povo!
@VERDADE – 01.03.2015
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