Maputo (Canalmoz) – Unidades das FADM e da Unidade de Intervenção Rápida estão a cercar o pequeno regulado de Mangunde, distrito de Chibabava, província de Sofala, onde actualmente se encontra o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama e a sua família. Dhlakama deslocou-se a Mangunde para passar as festas com a sua família. O pai de Dhlakama, cujo nome é a toponímia do povoado, reside naquele povoado há anos.
Na segunda-feira, o chefe da delegação da Renamo nas negociações no Centro de Conferências “Joaquim Chissano”, Saimone Macuina, disse que as tropas governamentais montaram até postos de controlo e cancelas na estrada que vai até à residência dos pais de Afonso Dhlakama. As tropas governamentais revistam todas as pessoas que por aí passam.
A Renamo acusou o Governo de violação do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, assinado no dia 5 de Setembro de 2014, através de movimentação de grandes contingentes de tropas especializadas fortemente equipadas com armas pesadas, que incluem BTR’s, nas zonas consideradas em conflito, nas regiões centro e norte do país.
Saimone Macuiana disse aos jornalistas na segunda-feira que as tropas já começaram a bloquear a circulação de pessoas e bens, por meio de postos de controlo e de cancelas montados naquelas zonas onde as pessoas são minuciosamente revistadas quando passam.
Macuiana apontou as regiões de Muxúnguè, Save, Casa Nova, Matenge (Tete), Gorongosa, Marínguè, Inhaminga, como aquelas onde as forcas governamentais aumentaram os seus efectivos nos últimos dias que antecederam a validação e proclamação dos resultados eleitorais de 15 de Outubro pelo Conselho Constitucional. A prontidão das forças governamentais já havia sido anunciada recentemente pelo vice-ministro do Interior, coronel José Mandra, aquando da sua visita à Gorongosa e a Vundúzi.
A Renamo entregou à delegação do Governo um documento contendo estas constatações. Igualmente deu a conhecer que pediu um encontro urgente com a Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM), para que esta se desloque urgentemente ao terreno para ver o que se está a passar. Por outro lado, pediu para que urgentemente a equipa de supervisores (Governo, Renamo e observadores nacionais) se desloque às províncias, concretamente aos locais onde alegadamente o Governo está a violar o acordo.
Saimone Macuiana disse que a Renamo notificou a violação à Assembleia da República, à Procuradoria-Geral da República, à EMOCHM e a todos os países que fazem parte da missão de observadores militares internacionais.
“Não podemos ter um Estado de Sítio no Centro e Norte, enquanto no Sul não existe. Todos estes aspectos que mencionámos contrariam o espírito da paz e da estabilidade”, disse Saimone Macuiana.
Entretanto, o ministro dos Transportes e Comunicações, Gabriel Muthisse, chefe da delegação do Governo confirmou: “De facto recebemos o documento da Renamo e dissemos que o assunto vai ser analisado nas instituições correspondentes”.
“A lei que resultou do acordo assinado entre a Renamo e Governo não limita a possibilidade de as Forças Armadas ou da Polícia movimentarem os seus efectivos em território nacional”, disse Gabriel Muthisse. “Não estou em condições de responder nada. Primeiro, é porque não sei se houve movimentação de militares”, respondeu Gabriel Muthisse, perante a insistência do “Canalmoz”, acrescentando: “Como sabe, eu sou ministro dos Transportes e Comunicações e não sou ministro da Defesa nem do Interior, por isso não interfiro nas decisões que essas instituições tomam para a movimentação dos seus efectivos”. (Bernardo Álvaro)
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