terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Manuel Vicente deixou os munícipes do Lobito à fome – Aladim Ongola



Benguela – A zona alta da cidade do Lobito acordou nesta segunda-feira, 10, aos berros de um megafone que exigia os condutores a retirarem seus carros da via pública. A cidade acordou com as ruas todas sob “segurança”, da Polícia de Intervenção Rápida, a Polícia Canina, a ordem pública e a polícia de trânsito fortemente armados com matérias bélicos pesado.

Fonte: Club-k.net

Foi deste jeito que a cidade despertou tudo isso, devido ao lançamento da primeira pedra no espaço onde albergará a futura refinaria de petróleo a ser construído no município do Lobito, no morro da Kileva.

As paragens de táxis e os mercados informais mais populosos e que ficam a beira do caminho onde Manuel Vicente passaria nomeadamente no Chapanguel, Contente e no Catuma, foram proibidos as vendas e carregamento de viaturas. Muitos dos vendedores destes espaços ficaram sem fazer completamente nada devido a forte ameaça que se impunha as pessoas que ousassem a se opor ou insistir.

Os vendedores da praça do Chapanguel indignaram-se pela atitude das autoridades locais, uma vez que lhes foi prometido pelo do governador da província, Armando da Cruz Neto, isso na altura das eleições de 2012, em fazer daquele local a nova praça municipal, o que até agora nada se concretizou, se não apenas a construção de um quarto de banho público de duas sanitas (o que ainda espera-se para inaugurar).

Em depoimento, algumas vendedoras destes locais questionavam: “O que vamos comer hoje?” Muitas delas têm de lucro naquilo que vendem o dia todo, apenas 500 kzs ou menos, e ainda vem uma ordem do género. Questionaram.

O caso também foi doloroso para os taxistas que foram proibidos de carregarem nas paragens habituais, obrigando muitos passageiros a subirem e descerem as corridas e com a viatura em movimento, perigando assim a vida de muitos.

Muitos professores, enfermeiros e outros, tiveram muitas dificuldades de chegarem aos seus locais de serviços, principalmente aqueles que trabalham no interior da província. Nos municípios como no Bocoio e o Balombo, muitos professores não foram cedo ao trabalho e outros desistiram de ir, porque as paragens destes (na paragem do Catuma) foram também proibidas. Facto esse que afectou muitos afazeres, uma vez que para os professores, está a se fazer as correcções das provas e as pautas finais de um ano lectivo de longa pausa pedagógica.

A normalidade destes locais e das ruas calmas do Lobito, se restabeleceu as 12h00, mas deixando sem possibilidade de venda muitas pessoas, uma vez que muitos deles tinham de montar as suas barracas.

Em grupos de intelectuais desta cidade do Lobito, começam já a prever (caso um dia Manuel Vicente se torne Presidente da República) que não teremos uma governação muito diferente do actual Presidente da República. Continuaremos sob ordem de “Armamentos bélicos” pesados para impor a ordem e o pão, constantemente retirado.

*Sociólogo

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