GAZA, Territórios palestinos — O líder no exílio do movimento Hamas, Khaled Meshaal, afirmou neste domingo, em Gaza, que as formas de resistência que ele pede devem se adaptar à situação, dando a entender que o respeito à trégua com Israel era conveniente para os palestinos.
Em um discurso na Universidade Islâmica de Gaza, Meshaal, que realiza sua primeira visita ao território palestino, governado pelo Hamas desde 2007, reiterou seu chamado à unidade nacional com o Fatah do presidente Mahmud Abbas, cuja autoridade é exercida nas zonas autônomas da Cisjordânia.
"A resistência é a base, mas às vezes temos uma trégua, às vezes temos uma escalada sob formas variadas, às vezes disparamos foguetes, às vezes não", declarou o chefe do Hamas.
"Jovens, vocês surpreenderam o inimigo. Nem Netanyahu, nem Lieberman, nem Barak acreditaram que a população de Gaza, este pequeno, mas formidável pedaço de terra ousaria bombardear Tel Aviv", disse, em referência ao chefe de governo israelense Benjamin Netanyahu e aos seus ministros das Relações Exteriores e da Defesa, Avigdor Lieberman e Ehud Barak.
"Queremos a unidade nacional sobre a resistência armada e a resistência popular. Convoco-os à reconciliação, à unidade nacional e (à unidade) das fileiras palestinas", acrescentou o chefe do Hamas.
"A Palestina é muito grande para que apenas um movimento assuma a responsabilidade. A Palestina é de todos nós, somos associados nesta nação: o Hamas não pode prescindir do Fatah nem o Fatah do Hamas, nem de nenhum movimento", alegou.
Após a entrada em vigor no dia 21 de novembro de um cessar-fogo com Israel, o chefe do governo do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, convocou o respeito ao processo, ordenando aos serviços de segurança que o fizessem cumprir.
Durante as hostilidades, de 14 a 21 de novembro, as tropas israelenses mataram 174 palestinos, em sua maioria civis, incluindo mulheres e crianças. Seis israelenses, quatro civis e dois militares, também perderam a vida.
Na véspera, Meshaal lançou uma convocação pela "libertação de toda a Palestina", descartando reconhecer o Estado de Israel e incentivando a unidade nacional palestina.
"Palestina do mar (Mediterrâneo) ao rio (Jordão), do norte a sul, é a nossa terra e a nossa nação, pelo que não se pode ceder nem uma parte", afirmou em um discurso em ocasião do 25º aniversário da criação do Hamas, em Gaza, onde realiza uma visita pela primeira vez.
"Não podemos reconhecer a legitimidade da ocupação da Palestina nem de Israel. Libertar a Palestina, toda a Palestina, é um direito, um dever e um objetivo", acrescentou Meshaal, cujo movimento é considerado uma organização terrorista por Israel.
"A resistência é um meio e não um fim", afirmou diante da multidão na qual se via muitas mulheres e crianças.
"De Gaza, a meus irmãos do Fatah na Cisjordânia, ao irmão Abu Mazen (Mahmud Abbas), dizemos: venham para a reconciliação e a unidade nacional, para construir nossa pátria; reconsiderem a resistência, que é honrosa e uma decisão estratégica", exortou.
"A resistência é a boa maneira de recuperar seus direitos, assim como todas as formas de luta, política, diplomática, jurídica e de mobilização, mas nenhuma tem sentido sem a resistência", afirmou ainda.
"A gestão do irmão Abu Mazen nas Nações Unidas é um pequeno passo, mas não é um progresso. Queremos que seja um apoio à reconciliação nacional e sirva para o projeto nacional", defendeu, referindo-se à concessão à Palestina em 29 de novembro do status de Estado observador.
"É hora de virar a página da divisão", insistiu.
Em dezembro de 2011, em uma reunião no Cairo, Meshaal afirmou que os movimentos de fora da OLP, como o Hamas e a Jihad islâmica, estavam "em vias de adesão à OLP".
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