Ivone Soares*
Muitas vezes ouvimos: “confia em mim! Eu sou um homem de palavra”, e nesse exercício de se fazer acreditar julgam que basta dizer essas palavrinhas que automaticamente tornam-se credíveis perante quem pretendem convencer. Muitas vezes quem pede esse voto de confiança não o merece, dado que no minuto seguinte se revela um homem sem carácter... sem palavra. Em campanha eleitoral ouvimos promessas das mais variadas. Os políticos são exímios neste campo: prometem como ninguém!
Se formos revisitar as promessas feitas pelos actuais dirigentes, que por via do voto foram dados esse voto de confiança para governarem, veremos que muito resta por ser feito.
Uns não cumprem com o manifesto eleitoral porque está-lhes no ADN prometer e fingir que tudo cumprem.
Outros não atingem as metas porque não têm recursos ao seu dispor para implementarem tudo o que ficou por fazer. Outros ainda nem que gatinhando vão se esgrimindo por mostrar que realmente são homens de palavra.
Ser homem de palavra não é fácil. Isso implica muita responsabilidade.
Implica ter respeito pelo próximo, ser honesto.
Ser um homem de palavra implica ser um homem educado, com noção das promessas que faz, implica ter bom carácter.
Infelizmente, nota-se que há mais homens que só prometem e poucos que cumprem.
Se até numa relação a dois ouvimos promessas de formação de família, de casamento, de fidelidade, de protecção.
Chega-se a fazer planos para um futuro risonho, e também nesse campo notamos o quão difícil é para alguns homens manterem a palavra. O que se pode esperar dos homens e mulheres especialistas em brincar com os sentimentos alheios?
Estive a ler uns capítulos de um livro que está a fazer grande sucesso na comunidade feminina: Think like a man, act like a lady.
E nesse bestseller, as mulheres convidadas a pensar como homem e agir como senhoras recebem de um homem conselhos de como lidar com as várias “espécies” de homens.
Praticamente reconhecesse que há uma guerra entre os sexos.
Enquanto há mulheres que buscam por exemplo: estabilidade emocional numa relação a dois, a maior parte dos homens querem a cereja no topo do bolo: querem “diversão”.
Cabe aos eleitores analisarem muito bem os manifestos eleitorais que lhes são “vendidos” para que não se de autoridade e poder a homens sem palavra.
É preciso ver se aquele candidato que pede votos realmente merece essa confiança.
O candidato deve ser radiografado na sua plenitude. E como há tendência para amedrontar os eleitores dizendo que serão descobertos caso não votem no candidato imposto pelo sistema, logo feitos máquinas mentalizam que o candidato tem um poder sobrenatural para enxergar onde foi colocado o voto. Na verdade, naquela cabine de votação o eleitor fica psicologicamente agitado. Uns acabam entrando em conflito com sua própria consciência porque recebeu camisete, boné, capulana, bandeirolas, comida e bebida grátis e ate teve acesso a espectáculos gratuitos onde os músicos elevavam a figura do candidato. O conflito aí perturba-o e ele feito “máquina” vota num homem sem palavra e que ira manter sua actual condição de vida. Dai que, temendo o novo, temendo mudanças, temendo o desconhecido, vão dando pão ao candidato que de tudo faz para garantir que ele (eleitor) permanecerá o mesmo seguidor dessa “tradição”.
Nos relacionamentos o cenário não muda muito.
Se, ontem, as mulheres eram valorizadas por aquilo que são e não pela quantidade de maquilhagem que carregam, se ela ocupava um lugar central na vida de homens poderosos e que mereciam parte desse poder a mulher que os acompanhava, hoje, Éé tudo um jogo de interesse.
Para manter o poder eles são capazes de mostrarem-se apaixonados, dedicados, cavalheiros como aqueles que só vemos nos filmes... Hoje, eles não valorizam as mulheres com aquela consideração de ontem. Hoje, querem a cereja no topo do bolo. Mas então, o que as mulheres têm feito para que os homens não as vejam como brinquedo preferido?
Um brinquedo que pode ser quebrado após cada uso, pois sabe-se que arranjar outro é a coisa mais fácil possível...
São os homens/ candidatos os sem palavra, ou os eleitores não avaliam o perfil de quem os abordam e “compram”gato por lebre?
Um momento especial será vivido brevemente. Eleições serão realizadas e todos aqueles que estarão envolvidos em eleições de qualquer natureza devem aproveitar aqueles minutos na cabine de votação, em que estão sozinhos com um boletim de voto, para deixar que sua consciência fale mais alto que as camisetes, os bonés, as comidas e bebidas que hoje recebem e que só voltarão a ter quando novas eleições forem chamadas.
As mulheres devem lembrar-se que o cavalheiro que hoje as corteja, basta comer a cereja no topo do bolo, mostrar-se-á tão sem palavra quanto o diabinho por quem antes choraram.
* Comunicologa, Deputada da Assembleia da República pela Bancada da Renamo
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 05.09.2012
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