AINDA A PROPÓSITO DO MEU ARTIGO “DHLAKAMA NÃO ESTÁ SOZINHO”
Por Gento Roque Chaleca Jr., em Bruxelas
“A verdade cabe em qualquer altar. A verdade, meus amigos, não tem geografia”. Excerto de uma conversa com alguns amigos
Em resposta ao meu artigo titulado “Dhlakama não está sozinho”(publicado na edição nº 2443 de 02 de Novembro de 2012) está inserido nesta mesma gazeta, O Autarca, na edição nº 2445 de 06/XI/ 2012, a reacção do senhor Jorge Castelo Antunes, leitor que escreve da cidade portuária da Beira. Como deve saber sou assíduo colaborador desta gazeta, e nos meus débitos, qualquer ataque injusto que se me dirija, cumpre-me desafrontá-lo. A injustiça que o senhor Antunes comete não se limita a mim, Gento Roque Chaleca, ela é extensiva e abusiva aos meus. Este comportamento revela uma triste compreensão dos deveres impostos pela liberdade de expressão.
No seu apontamento, o senhor Antunes escreve: “É muita pena que temos moçambicanos que vivem fora desta realidade e promovem este tipo de brincadeiras. Se fosse uma pessoa que reside aqui eu até poderia respeitar estas declarações. O que é que queremos deste país? Será que não aprendemos com a história?”. Para o senhor Antunes, que parece um sentinela do comunismo, os moçambicanos que vivem no estrangeiro não tem direito à liberdade de opinião e expressão. Ainda por cima, encaixou mal as minhas palavras. Ao contrário do que o senhor pensa, não sou a favor da guerra, mesmo quando ela é justa. Quem me conhece sabe que não sou daqueles que matam os pais para depois virem dizer que são órfãos. Concordo inteiramente com Pepetela “A guerra é um pretexto, ou para os fracos se convencerem de potência ou os criminosos cometerem legalmente actos de sadismo, se não legalmente pelo menos justificadamente”. Portanto, só pode esquecer o passado quem quer. Não é o meu caso.
“A verdade cabe em qualquer altar. A verdade, meus amigos, não tem geografia”. Excerto de uma conversa com alguns amigos
Em resposta ao meu artigo titulado “Dhlakama não está sozinho”(publicado na edição nº 2443 de 02 de Novembro de 2012) está inserido nesta mesma gazeta, O Autarca, na edição nº 2445 de 06/XI/ 2012, a reacção do senhor Jorge Castelo Antunes, leitor que escreve da cidade portuária da Beira. Como deve saber sou assíduo colaborador desta gazeta, e nos meus débitos, qualquer ataque injusto que se me dirija, cumpre-me desafrontá-lo. A injustiça que o senhor Antunes comete não se limita a mim, Gento Roque Chaleca, ela é extensiva e abusiva aos meus. Este comportamento revela uma triste compreensão dos deveres impostos pela liberdade de expressão.
No seu apontamento, o senhor Antunes escreve: “É muita pena que temos moçambicanos que vivem fora desta realidade e promovem este tipo de brincadeiras. Se fosse uma pessoa que reside aqui eu até poderia respeitar estas declarações. O que é que queremos deste país? Será que não aprendemos com a história?”. Para o senhor Antunes, que parece um sentinela do comunismo, os moçambicanos que vivem no estrangeiro não tem direito à liberdade de opinião e expressão. Ainda por cima, encaixou mal as minhas palavras. Ao contrário do que o senhor pensa, não sou a favor da guerra, mesmo quando ela é justa. Quem me conhece sabe que não sou daqueles que matam os pais para depois virem dizer que são órfãos. Concordo inteiramente com Pepetela “A guerra é um pretexto, ou para os fracos se convencerem de potência ou os criminosos cometerem legalmente actos de sadismo, se não legalmente pelo menos justificadamente”. Portanto, só pode esquecer o passado quem quer. Não é o meu caso.
E diz mais, o senhor Antunes: “Ele lá em Bruxelas pelo menos sabe que o seu filho não será privado de nada, irá acordar, ter um matabicho, ir a escola e diversões e os nossos aqui irão acordar sem saber o que lhes reserva o dia”.Não seja advogado do diabo, senhor Antunes. Moçambique não está em guerra há 20 anos, mas o povo vive na penúria. Já que fala de filhos, saiba que, mais da metade das crianças deste país vive privada de quase tudo: habitação, comida, água, luz, escola, etc. Nenhum relatório aponta “os homens armados da Renamo”como causas desta calamidade. E digo mais, senhor Antunes, a pobreza em Moçambique tem rosto: é a Frelimo. Mas eu insisto na questão de filhos: Senhor Antunes, vá perguntar às crianças da Marávia, de Chigubo, de Moamba, de Magude, de Nhamatanda, de Chicualacuala (só para citar alguns exemplos) se ontem teve matabicho? Não se esqueça de, no acto desse interrogatório, perguntar as crianças de Marínguè, da Catembe, das ilhas de Inhaca, Moçambique, Ibo, respectivamente, se ontem, segunda-feira, tiveram um dia fácil? Outra questão, senhor Antunes, as crianças da Bélgica não tem os mesmos políticos que as“nossas” crianças em Moçambique tem. Gostaria também que soubesse que a democracia no reino da Bélgica é exercida pelo povo. Aqui é o povo que manda. Aqui é o povo que ordena. Cá a democracia não tem paternidade. A Bélgica esteve mais de 250 dias sem governo, mas o país não colapsou. Curiosamente, a economia cresceu. A corrupção na Bélgica é zero. Para que não fique nenhuma dúvida sobre o que é democracia, vou citar Franklin D. Roosevelt. Este afirma o seguinte: “A democracia funda-se em coisas básicas e simples: igualdade de oportunidades; emprego para os que podem trabalhar; segurança para os que dela necessitam; fim dos privilégios para poucos; preservação das liberdades para todos”. A este propósito, pergunto-lhe, senhor Antunes, onde está a igualdade de oportunidade para todos em Cateme? Quantos moçambicanos formados vivem na gandaia? Tem alguma dúvida, senhor Antunes? Dou-lhe a receita: coloque no jornal um anúncio de emprego e verá quantos formados desempregados o país têm.
Algumas linhas a seguir questiona-me: “Se é Moçambicano, venha cá e vá apoiar estas brincadeiras apartir de Gorongosa e sentir na pele o que ele deseja. Iria pedir os jornais e a televisão para que promovessem a cultura da Paz e Irmandade e não criar espaços para vincular este tipo de informação”.
Eu não conheço o senhor Antunes, mas posso afirmar sem medo de errar que uma das suas características é ser distraído e falso nacionalista. O meu conceito de moçambicano é diferente do seu. Não se mede a moçambicanidade pela geografia, pelo conforto, pelo nível académico, pela cor partidária, pelo grau de esperteza, etc. Ser moçambicano é saber respeitar os valores da moçambicanidade:Liberdade, Diversidade, Solidariedade e Justiça. Já agora, senhor Antunes, deixe-me esclarecer um outro equivoco seu. Os jornais não me dão espaço por eu ser Gento Roque Chaleca ou por estar a viver em Bruxelas. O espaço que tenho está isento de quaísquer contrapartidas. Nunca recebi um único tostão de nenhum jornal ou jornalista para escrever os meus débitos. Assim como o senhor não pagou um único vintém pelo seu apontamento. Em contrapartida, ofereço instrumentos de trabalho para que os jornalistas exerçam cada vez mais melhor o seu papel.
Portanto, antes de chamar nomes as coisas procure reflectir melhor para não ofender. Mais vale perder-se do que ofender. Na minha terra os mais velhos dizem que “perder-se é condição para conhecer (bem) o caminho”. Procure, portanto, se informar bem sobre as reivindicações da Renamo. Não basta ouvir de um porta-voz aquilo que os facto no terreno o desmente. Não se deixe levar por tablóides de jornais nem com acontecimentos que seguem agendas pré-definidas. Pense e chegue à verdade, pois a verdade é uma questão de escolha.
Adiante, acrescenta o senhor Antunes: “Com estas atitudes pode-se notar claramente de que a Renamo nunca consegiu se adequar a realidade deste país, que era de passar de um Grupo Armado para um Partido Democrático”. Senhor Antunes, vejo em si outra característica: Esquizofrenia. Esse“Grupo Armado” trouxe-lhe à liberdade. Se não trouxe a si, seguramente que trouxe ao povo moçambicano. Não me vou alongar neste aspecto porque está para breve o lançamento da minha obra que o convido a ler. Talvez puxar à memória e falar-lhe, por exemplo, de 24/20, das aldeias comunais, das inquisições nos campos de reeducação, etc. Esqueceu-se? Quem acabou com estas “BRINCADEIRAS”?Esqueceu? Pois eu não: “NÃO VAMOS ESQUECER O TEMPO QUE PASSOU / QUEM PODE ESQUECER O QUE PASSOU?”.
Antunes, o senhor termina o seu apontamento com uma mensagem. Eu gostaria de terminar esta minha crónica com uma história filosófica. Certo dia estava eu em Chivule, minha terra natal, de férias. O velho Mavico, questionado sobre os homens armados da Renamo e o facto da governação da Frelimo ser diferente das promessas eleitorais, respondeu-me, salivando restos de “pombê”, o seguinte: “O tempo de vida deu-me duas coisas importantes: a idade e a desconfiança: A idade permitiu-me concluir que, geralmente, uns querem o poder para turvar o molho e outros querem-no para conjugar, no presente do indicativo, o verbo encher. A desconfiança é própria de quem continua esperando. Conheci um homem que, estando na planície e na depressão, dizia que teria mais visão posicionado no cume da montanha e distribuiria os recursos de forma equitativa ao gado. Porém, após a ascensão, disse que já não via bem, porque é próprio do topo dar outro olhar em função do ângulo. E quando o povo exigiu as reformas prometidas, o homem disse que a mensagem do namoro era diferente da da vida conjugal: o que ontem era doce, com o tempo se torna vinagre. Não pela vontade humana, mas pela natureza da vida. A seguir, o povo aplaudiu, permanecendo na desgraça”.
Senhor Antunes, são livres as suas opiniões críticas, mas devem primar pelo espírito de imparcialidade e justiça.
gentoroquechaleca@gmail.com
Algumas linhas a seguir questiona-me: “Se é Moçambicano, venha cá e vá apoiar estas brincadeiras apartir de Gorongosa e sentir na pele o que ele deseja. Iria pedir os jornais e a televisão para que promovessem a cultura da Paz e Irmandade e não criar espaços para vincular este tipo de informação”.
Eu não conheço o senhor Antunes, mas posso afirmar sem medo de errar que uma das suas características é ser distraído e falso nacionalista. O meu conceito de moçambicano é diferente do seu. Não se mede a moçambicanidade pela geografia, pelo conforto, pelo nível académico, pela cor partidária, pelo grau de esperteza, etc. Ser moçambicano é saber respeitar os valores da moçambicanidade:Liberdade, Diversidade, Solidariedade e Justiça. Já agora, senhor Antunes, deixe-me esclarecer um outro equivoco seu. Os jornais não me dão espaço por eu ser Gento Roque Chaleca ou por estar a viver em Bruxelas. O espaço que tenho está isento de quaísquer contrapartidas. Nunca recebi um único tostão de nenhum jornal ou jornalista para escrever os meus débitos. Assim como o senhor não pagou um único vintém pelo seu apontamento. Em contrapartida, ofereço instrumentos de trabalho para que os jornalistas exerçam cada vez mais melhor o seu papel.
Portanto, antes de chamar nomes as coisas procure reflectir melhor para não ofender. Mais vale perder-se do que ofender. Na minha terra os mais velhos dizem que “perder-se é condição para conhecer (bem) o caminho”. Procure, portanto, se informar bem sobre as reivindicações da Renamo. Não basta ouvir de um porta-voz aquilo que os facto no terreno o desmente. Não se deixe levar por tablóides de jornais nem com acontecimentos que seguem agendas pré-definidas. Pense e chegue à verdade, pois a verdade é uma questão de escolha.
Adiante, acrescenta o senhor Antunes: “Com estas atitudes pode-se notar claramente de que a Renamo nunca consegiu se adequar a realidade deste país, que era de passar de um Grupo Armado para um Partido Democrático”. Senhor Antunes, vejo em si outra característica: Esquizofrenia. Esse“Grupo Armado” trouxe-lhe à liberdade. Se não trouxe a si, seguramente que trouxe ao povo moçambicano. Não me vou alongar neste aspecto porque está para breve o lançamento da minha obra que o convido a ler. Talvez puxar à memória e falar-lhe, por exemplo, de 24/20, das aldeias comunais, das inquisições nos campos de reeducação, etc. Esqueceu-se? Quem acabou com estas “BRINCADEIRAS”?Esqueceu? Pois eu não: “NÃO VAMOS ESQUECER O TEMPO QUE PASSOU / QUEM PODE ESQUECER O QUE PASSOU?”.
Antunes, o senhor termina o seu apontamento com uma mensagem. Eu gostaria de terminar esta minha crónica com uma história filosófica. Certo dia estava eu em Chivule, minha terra natal, de férias. O velho Mavico, questionado sobre os homens armados da Renamo e o facto da governação da Frelimo ser diferente das promessas eleitorais, respondeu-me, salivando restos de “pombê”, o seguinte: “O tempo de vida deu-me duas coisas importantes: a idade e a desconfiança: A idade permitiu-me concluir que, geralmente, uns querem o poder para turvar o molho e outros querem-no para conjugar, no presente do indicativo, o verbo encher. A desconfiança é própria de quem continua esperando. Conheci um homem que, estando na planície e na depressão, dizia que teria mais visão posicionado no cume da montanha e distribuiria os recursos de forma equitativa ao gado. Porém, após a ascensão, disse que já não via bem, porque é próprio do topo dar outro olhar em função do ângulo. E quando o povo exigiu as reformas prometidas, o homem disse que a mensagem do namoro era diferente da da vida conjugal: o que ontem era doce, com o tempo se torna vinagre. Não pela vontade humana, mas pela natureza da vida. A seguir, o povo aplaudiu, permanecendo na desgraça”.
Senhor Antunes, são livres as suas opiniões críticas, mas devem primar pelo espírito de imparcialidade e justiça.
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