AFP
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Na superfície de Marte poderiam viver humanos. A radiação de fundo no planeta é quase a mesma que em órbita baixa da Terra, onde está orbitando a Estação Espacial Internacional (EEI). Esta é a conclusão a que chegaram os cientistas ao receber as primeiras medições da radiação no Planeta Vermelho. No entanto, os especialistas não têm pressa de rever suas visões sobre a proteção de pessoas em preparação para futuras missões a Marte.
A radiação continua a ser o principal obstáculo na realização de missões tripuladas a Marte. Tecnicamente, elas são possíveis já desde o início da década de 1970. Proteção leve contra a radiação ainda não foi criada, e não é muito prático levar grossas placas de chumbo para o espaço. Estima-se que ao longo dos três anos que durará uma expedição para o planeta, 25% dos membros da tripulação pode receber uma dose capaz de causar um câncer fatal. Se todo esse tempo a radiação não afetar a equipe, são necessários novos cálculos, diz a bióloga da Universidade Estatal de Moscou (UEM), Elena Vorobiova.
"Cada nova informação corrige o nosso entendimento e leva-nos a rever, inclusive, as abordagens à questão de proteção dos astronautas. Mas eu acho que, por enquanto, isso não afeta a ideia fundamental de como proteger os astronautas na superfície de Marte."
Durante os voos não se pode fugir da perigosa radiação. Além disso, Marte não tem um campo magnético que o proteja de erupções solares, como acontece na Terra. A estadia em Marte, pelo nível de exposição à radiação, é comparável a um voo em órbita baixa da Terra. Os vários meses de estadia em órbita das tripulações da EEI também não são uma coisa muito saudável. Lá, mesmo que enfraquecidos, mantêm-se ainda os efeitos de partículas galácticas pesadas, que causam, por exemplo, diferentes defeitos de visão. Existem casos de catarata. Eis o que diz o perito do Instituto Russo de Problemas Biomédicos, Vladislav Petrov.
"Dizer que a catarata se formou especificamente por causa da radiação no espaço, não é bem correto. Pode-se dizer que a probabilidade de seu desenvolvimento é consideravelmente maior."
Quanto à possibilidade de encontrar sinais de vida em Marte, os novos dados do Curiosity não a afetarão. A radiação, de longe, não é o fator mais prejudicial para uma célula viva, explica a bióloga Elena Vorobiova.
"O principal fator atuante na superfície de Marte – são os raios ultravioletas. Naquelas doses as células não os aguentam. Mas se penetrar no solo apenas por alguns milímetros, as células já ficam protegidas da radiação ultravioleta."
Na Terra, colônias de bactérias são encontradas às vezes até mesmo em circuitos primários de reatores nucleares, onde tem uma exposição monstruosa. E em termos de existência de células vivas, os cientistas não consideram as condições de Marte tão extremas. Mas a busca daquilo de que consiste em uma biosfera, ainda não teve sucesso. Se não houver nenhuma evidência de existência de vida, não há nenhuma necessidade de rever as hipóteses de seu desenvolvimento.
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