Enquanto PSD e CDS divergiam na carga fiscal, as atenções eram dirigidas para o voto acidental de António José Seguro na futura proposta orçamental. Esta manobra de diversão ficou pelo caminho quando Portas se remeteu ao silêncio "patriótico" sobre as medidas fiscais em discussão com a troika, então abivacada em Lisboa. Foi nessa ocasião que Passos Coelho em pessoa deu vida ao espantalho da TSU para espantar tudo e todos em Portugal, e ainda as regras da concorrência na UE. Só os caloiros de economia da classe "António Borges" tomaram a nuvem por bens transaccionáveis.
Começou aí outra manobra de monta, agora no seu curso final: a de nos fazer crer que, quer o desentendimento CDS-PSD, quer a vasta mobilização popular se deviam principalmente à anunciada alteração das taxas da TSU, de facto demasiado obscenas para circularem assim. Grande parte da comunicação social colaborou nessa manobra de Outono, e mesmo Portas acreditou que podia sair airosamente do aperto caso houvesse recuo na matéria.
Ora, a TSU, que fora apresentada há doze meses como um remédio para diminuir os custos do factor trabalho e contribuir assim para uma maior competitividade externa das empresas, passou a ser considerada pelos anónimos tecnocratas de serviço como um meio de redução do défice e de diminuição do desemprego. Foi por isso que Passos Coelho, quando deixou cair esta medida no Conselho de Estado, disse que ia avançar com "alternativas". Mas o que Vítor Gaspar apresentou foi a arma escondida do aumento brutal do IRS, escaldado que estava do recurso transacto a um IVA que não respondera à chamada. A pressa com que o visto prévio da CE foi publicitado por Barroso destinou-se a dificultar a reacção política de Portas, assim como da AR, encarregada de garantir a aprovação do OE.
Estas manobras de corredor, conduzidas principalmente por técnicos anónimos, podem apressar o fim deste governo num prazo mais curto do que o previsto.
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