segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Dhlakama retorna às matas de Gorongoza

 

Ouvir com webReader AfonsoDhlakama_CMC_n170O meu regresso não vai ser para a vila de Gorongoza, mas para as matas de Gorongoza
Aunício da Silva
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, retornou nesta segunda-feira às matas de Gorongoza, terras que foram palco da coordenação das operações militares durante os dezasseis anos da guerra civil em Moçambique.
Numa entrevista exclusiva ao Canal de Moçambique, concedida em Nampula, na sua residência oficial, Dhlakama disse que vai reunir com mais de três mil comandos para assinalar o 33° aniversário da morte do fundador da Renamo, André Matsangaissa, mas não descartou a hipótese de constituir o primeiro passo para o arranque da “revolução”, para a instalação de “uma nova ordem política nacional”.
Eis a entrevista na íntegra:
Canal de Moçambique (Canal): Senhor presidente, no dia 17 do corrente mês assinala-se o 33° aniversário da morte do fundador da Renamo, André Matsangaissa. Que actividades estão planificadas?
Afonso Dhlakama (Dhlakama): Este ano as cerimónias centrais vão poder acontecer em Gorongoza, lá onde André Matsangaiss morreu há 33 ano. Foi precisamente às 6 horas do dia 17 de Outubro de 1979, dois anos depois do início da luta.Foram dois anos como comandante em chefe e fundador do movimento. Em termos de actividades, quando esta data chega, faz com que as pessoas se recordem do carácter dele, de maneira como ele dirigia a Renamo e as operações militares. Muitas vezes quando começam adescrevê-lo as pessoas choram. Vai haver cultos e actividades culturais para evocar o nome dele como fundador da Renamo que morreu muito cedo. Vai existir grupos de desmobilizados que vão fazer marchascom demonstrações militares porque estamos perante a exaltação de um homem militar. Tudo vai ser nas matas de Gorongoza. Eu vou explicar a obra de Matsangaissa e o que aconteceu depois da sua morte e a expectativa que a Frelimo tinha. Mesmo Samora Machelchegou a falar através da rádio que ninguém o podia tirar depois da morte de André. Havia expectativa no desaparecimento da Renamo pela morte do seu líder e em casos de género isso é normal. Os líderes são os chefes principais. Quando morrem, toda a gente fica desmoralizada. Se calhar até deitam armas, como aconteceu quando André morreu. Na altura tínhamos quase 1.400 guerrilheiros e quase todos de Manica e Sofala.
Na sua maioria eram de Manica porque iniciámos a luta lá. Então, morrendo assim um conterrâneo, o chefe principal e a falta de explicação fez com que os guerrilheiros vissem como a Renamo tivesse terminado. Foi uma grande crise. Com a minha intervenção e de outros comandantes, conseguimos ultrapassar a crise, contando com o apoio da população de Gorongoza.
Canal: Esta exaltação poderá marcar o início da “revolução” que há mais de três anos vem anunciando, uma vez que as declarações que têm vindo a fazer já lhe valeram oposição dentro da Renamo, sobretudo dos desmobilizados?
Dhlakama: Eu penso que sim. Pela primeira vez depois da guerra vai poder haver muita concentração daqueles que fisicamente lutaram. Tenho evitado nas outras ocasiões que muita gente, sobretudo desmobilizados, se concentre. Agora, voluntariamente vão se concentrar. Não sei quantos milhares, mas serão muitos. Não resta dúvidas que estes todos vão querer perguntar qual será o fim destes abusos todos, uma vez cumpridos 20 anos da paz ou de sacrifício, doravante o que é que vai acontecer. Se vamos continuar a proceder da mesma maneira para começarmos um novo ciclo. É o sinal do fim da derrota do regime da Frelimo. Mais de três mil comandos vão se concentrar em Gorongoza em frente ao seu comandante em chefe. Vai ser muito duro, mas não há até agora uma agenda para falarmos da guerra ou da possibilidade de voltarmos às matas.
Para já a única coisa que vou ceder é a manifestação, caso até o dia 30 deste mês não haja nada de concreto em termos de assinatura de protocolos que podem mudar a cena política nacional para todo o povo e os membros da Renamo. Estamos a dar ultimato para os nossos irmãos da Frelimo entenderem o sofrimento dos que lutaram pela democracia e do próprio povo. Se há paz tem que ser para todos. Se há democracia tem que ser para todos nós.
O meu regresso não vai ser para a vila de Gorongoza, mas para as matas da Gorongoza.
Mandamos limpar em baixo das árvores. Estamos a construir barracas típicas do tempo da guerra. Ninguém vai dormir numa pensão, vamos estar a 35 quilómetros da vila de Gorongoza. Vamos assegurar que valeu a pena ter aceitado e enfrentado o começo disto, porque, embora com estes problemas, Moçambique já tem imagem internacional de um país democrático por causa desta luta da Renamo.
Canal: Senhor presidente, terá a Renamo uma capacidade militar de responder a quaisquer eventualidades? Depois do fim da guerra, a Renamo adquiriu algum armamento?
Dhlakama: Sim. Não há nenhuma diferença. É claro que muitos foram para FADM e de lá muitos foram mandados para as suas casas e estão desmoralizados. Em termos de moral estamos muito bem. Tanto a Frelimo como a Renamo, ninguém pode exibir uma capacidade combatível, mas diria que os corações e a vontade, o ódio nas pessoas em relação ao retardamento das expectativas faz com que elas ganhem mais ânimo.
Como sabe, todos ainda são novos, mesmo eu que dirige a luta, embora tenha cabelos brancos, não sou velho e não me sinto cansado. Sinto-me preparado para qualquer empurrão de violência. Imagine se eu próprio me sinto assim, imagine os jovens.
De momento a Renamo constitui uma força que a Frelimo não pode provocar. As FADM não existem, está uma desorganização. Agora, a Força de Intervenção
Rápida não é grande coisa. A PRM não é um exército combatível. A polícia, por natureza, é a segurança pública, pode ser chamada para confrontação, mas fisicamente não há em Moçambique uma Polícia capaz de enfrentar a Renamo. Não digo que tenho mil homens ou mais, mas tenho o potencial humano e material para qualquer coisa.
Vai ver, em termos de manifestação, a Frelimo vai tentar disparar e vai ter uma resposta que nunca viu durante a guerra. Espero que Guebuza não experimente fazer uma coisa desta.
Canal: Para além de manifestações, que outras decisões a reunião da Comissão Política tomou em Quelimane?
Dhlakama: Fizemos uma retrospectiva de onde é que viemos e porquê é que assinamos o Acordo Geral da Paz; o que tem acontecido nas eleições; como é que a Frelimo nos considera; onde estamos a vir, se podemos continuar assim. Ficou claro que a Renamo não quer a guerra armada, mas uma guerra pacífica e que são discursos e diálogo; promoção de manifestações.
Se a Frelimo tentar exibir força militar na guerra pacífica a Renamo vai atacar. Eu pessoalmente vou dar ordens para atacar porque nunca dei ordens para atacar como dava durante a guerra, por isso quero pedir a Deus para que de facto Guebuza entenda a preocupação da Renamo para perceber e aceitar que tenhamos uma solução pacífica e não tentar demonstrar a força que ele não tem porque vai ser uma pouca-vergonha.
A outra decisão é que a Renamo deve continuar a lutar como um partido que nasceu da guerra de um movimento político militar para promover palestras com intelectuais e jovens para explicar o que foi a guerra da democracia. A maioria da população moçambicana é jovem por isso tem que ser explicada o que foi a guerra. Imagine que os jovens que nasceram no ano da morte de André já são doutores e professores universitários e não viram a luta da Renamo e começaram a estudar com propagandas da Frelimo a dizer que foi uma guerra de desestabilização.
Todos não acreditam que a Renamo fez uma guerra de desestabilização, embora os professores continuem a ensinar isso, mas porque as pessoas não são filhos dos professores e os seus pais conheceram a Frelimo de 1975 e viram a guerra da Renamo e sabem as razões que motivaram (fuzilamentos, partido único, campos de reeducação, guias de marcha, restrição de liberdade religiosa e cultural).
Graças à luta, a Frelimo foi obrigada a readmitir as exigências da luta da Renamo. É preciso escolher temas da luta para explicar os jovens, incluindo os camponeses. É preciso explicar as pessoas o porquê da Frelimo falar da guerra de desestabilização, porque a Frelimo não quer assumir que eles é que matavam as pessoas. Eles é que pilavam as pessoas nos campos de reeducação, tiravam roupas às mulheres e chamboqueavam nos tribunais militares revolucionários.
Canal de Moçambique – 17.10.2012

1 comentário:

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