sábado, 25 de julho de 2020

O CULUPADO


Repassando:
Por: *Nanwara Soothala Timiiva*
E a Fátima Mimbire?
O CULUPADO
Não faz muitos dias que a música do irmão Mbalua, o culpado, entrou em cena na música moçambicana e ganhou popularidade e sucesso que não só atraiu pessoas impelindo-as a fazer memes saudáveis nas redes sociais, mas também críticas infundadas e diametralmente odiosas/preconceituosas por parte de alguns intelectuais do país. Não é a primeira vez que músicas têm-se popularizado mesmo esquálidas contra a consciência colectiva/cultural e moral do nosso país incentivando putaria, mulherenguice como "as sete pitas na zona" de Bander, sexualizando a sociedade, pois a música de Ziqo "quadradinho" passava na televisão sem nenhum problema e, perante esta realidade triste, nenhum intelectual levantou a voz.
Por quê? Talvez por se tratar de músicas de origem sulina, personificação de civilização, que se quer impor sobre as outras regiões. O etnocentrismo geograficamente localizado tem sido a força motriz para enaltecer certas obras literárias em detrimento das outras em função da origem, despojando-se de possíveis critérios objectivos de validação.
Diante desse quadro exposto, é preciso responder, com devido respeito, a crítica da Fátima Mimbire, que aproveitando-se da popularidade da música teceu críticas legítimas, mas que não deixam transparecer o seu favoritismo ao Sul do país. Parece-me que ela é jornalista e crítica social, mas onde estavas quando as músicas anteriormente (quadradinho, sete pitas na zona) estavam no ar? Não vi sequer teu texto, possivelmente não tinhas esse ar interventivo diante da customização do entretenimento com vista a responder as baixarias e diarreias musicais que pareces fechar os olhos, mas justo que um nortenho lançou, tu apareces e digitas o teclado.
No teu texto observas que o namorado não é o supridor das necessidades da namorada porque reserva-se aos pais esse papel e daí, prossegues, dizendo que há "muitos exemplos por aí na sociedade e me enchem de orgulho", no entanto, não apresentas nenhum exemplo excepto às suas experiências subjectivas relativamente a vida familiar e as tornas um modelo basilar para tomada de decisões de todas moças. Devias saber, no mínimo, que muitas moças não vivem no contexto familiar por ti descrito, mas passam penúrias tão sérias. O cantor usa o substantivo namorado para criar mais harmonia a letra, pode ser que ele se refira aos maridos, transcenda o conceito. Suponhamos que o caso não seja esse mas seja literalmente o namorado, podemos dizer, humanamente falando, que os namorados devem ajudar as namoradas materialmente caso consigam. És defensora da ideia que as moças devem ser USADAS em nome de amor, mas não serem eventualmente "ajudadas" com presentinhos ou qualquer outra coisa?
A música não incentiva prostituição. Fala de uma moça piamente apaixonada por um homem e esse, aproveitando-se da passividade da moça, só a usa mesmo sabendo das suas faltas. Tendo ele o poder de ajudar, não o pode? Continuas vitimizando a sociedade e afirmas que o pedir dinheiro por parte das namoradas pode criar um "ciclo" de dependência e abrir asas para violência. Quantos ricaços casam com mulheres pobres, mas não são violentadas? Depende da consciência moral do indivíduo. É o momento de apelar ao nosso Governo a intensificar os projectos de qualidade de ensino, se bem que os tem, para inculcar na sociedade o respeito pela dignidade humana independentemente de se ser rico ou pobre. Se pedir dinheiro for prostituição deverias ser crítica acérrima da escritora Paulina Chiziane, mas nenhuma vez vi texto teu criticando-a; pois ela, em seus textos, mostra a submissão feminina aos intentos do homem para felicidade relacional e familiar. Por que não a criticas como uma defensora pública e dos direitos humanos?
Chama-me a atenção o teu texto. Quando eras criança vendias gelinhos em casa? O teu pai tinha um congelador ou geleira. Quanto àquelas que não têm pais um pouco abastados como os teus?
Falas de teu namorado que te vinha buscar no fim do expediente, mas era um Zé ninguém? Nunca comprou uma pipoca para ti? Nunca fez nada para ti?
Sem mais delongas a tua intervenção relativamente à música do irmão Mbalua é populista, inoportuna e demasiadamente infeliz. Influenciada pelos factores exógenos de regionalismos, complexo de superioridade cultural e um ar de pseudo-crítica na satisfação dos seus fãs.









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Soares Muzik
5 de Julho às 14:24 ·

Lugela em Grande com o musico IRMÃO MBALUA





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Fatima Mimbire
9 h ·



Vocês regionalistas e tribalistas duma figa, vão lá usar outro bode expiatório, a mim não me apanham nessa vossa campanha sem nexo. Vão lá plantar em outra seara.
Quando exaltamos Aly Faque, os Saldicos, os Massukos, a mana Pureza Wafino, Zena Bakar e os Yuphuru lamentando até o seu desaparecimento, entre outros não falam nada. Não somos regionalistas e tribalistas. Quando usamos uma música, de um moçambicano e vocês preferem dizer que é zambezianos, chovem críticas e acusações torpes de regionalismo e Tribalismo. Isso revela muito de vocês, se calhar, vocês é que não estão felizes com o sucesso do "culupado", por problemas vosso de etnias superiores. Eu não tenho tribo nem etnia. Nunca tive esse tipo de conversa na minha família. Meu pai nasceu em Gaza e minha mãe em Maputo, e eu em Maputo, apenas um lugar. Mas os que antecederam os pais do meu pai vêm de um pouco de todo o país. Quando me perguntam sobre tribo, eu digo Moçambique. Porque a minha mocambicanidade é maior que qualquer etnia ou região, por isso defendo populações em Cabo Delgado, na Zambézia, em Nampula, em Inhambane e em Gaza, através do meu trabalho. Me poupem dos vossos preconceitos baratos!
Eu reitero, se soubesse desenhar eu desenharia: "o culpado, não é o namorado dela. É a paternidade irresponsável e o machismo barato que objectiza a mulher". Querem continuar a fazer da mulher um objecto, força, continuarão na cauda do desenvolvimento. Vejam países de agenda feminista de desenvolvimento : Suécia, Finlândia, Dinamarca, Holanda. A escolha é vossa. Ainda bem que o "Professor" trouxe-nos, poeticamente, uma oportunidade para reflectirmos sobre esta matéria.
Ps: senhores Dr. tribalista, regionalistas, que tal se no lugar de perderem tempo escrevendo tratados acusando os outros de ser o que vocês revelam claramente ser, usassem o vosso tempo e latim para dessecarem sobre como tornar a Zambézia a província mais rica do país em termos de desenvolvimento humano e não só? Seria mais útil, não creio que estudaram tanto para promover regionalismos e tribalismo que carregam convosco, e sequer acredito que os vossos estudos superiores vos deram essa capacidade de identificar regionalismo e tribalismo nas pessoas que sequer conhecem. É um paradoxo ter uma província tão rica :praias lindas, recursos minerais, floresta, terras aráveis com a baixa de Nanti, só para dar um exemplo, águas termais, etc e ser a mais pobre do país. Preferem perder tempo atribuindo Tribalismo e regionalismos à Fátima! Sinceramente...
Vão se curar dessa doença senhores. Já causou morte no passado. Não ressuscitem fantasmas que estão nas vossas cabeças e que não vão conseguir gerir, façam exorcismo se for o caso, compatriotas. Mas nos poupem, particularmente, me poupem desses vossos devaneios nojentos.
Fátima Mimbire





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Fatima Mimbire
22 de Julho às 13:12 ·



Quando os ninjas vivem dos nossos impostos!
Então, a polícia que deve investigar os crimes é a mesma que chantageia as vítimas para não serem alvo de crimes que eles devem esclarecer. Quem os desmantela? Ou são ordens superiores? Vimos a partir de Gaza que, afinal, os esquadrões de morte são parte do sistema e vivem dos nossos impostos e mesmo depois de presos e acusados continuam a receber os seus salários. Porque será?
E quando a instituição que deve assistir às vitimas das calamidades gasta mais em arrendamento do que em assistência, vamos dizer o quê? Que é um custo normal, justo. 5milhões por mês? Que tal una investigação, PGR? Ou será que por ser o Canal de Moçambique é proibido investigar e vão processar o jornal?
Este país é pobre ou é empobrecido e vivemos estendendo as mãos para poder poupar para eles roubarem, e ainda lhes damos um bónus com os salários e regalias chorudíssimas que os nossos impostos lhes pagam?
Quem põe guizo ao gato? Estou farta disto










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Fatima Mimbire
22 de Julho às 13:00 ·



Caríssimo Miller Matine obrigada por me mencionar numa publicação tua. Respeito a tua opinião sobre o que escreveu sobre mim. Permita-me, apenas fazer pequeninas correcções:
1. Eu não sou tribalista e nem regionalista. Esse discurso ou mentalidade não existe em mim. Acho ser de muita má-fe sugerir que estou contra o sucesso de uma música porque é do centro do país.
2. Eu não estou a debater a música. Eu aproveitei uma parte engraçada da música para falar de um assunto que há muito queria abordar e vi, agora, esta oportunidade.
3. Eu clarifico no meu texto que não estou a falar da música, senão até iria ao detalhe nessa análise (quem me lê sabe disso).
4. Se quiseres saber a minha opinião em relação à música é só perguntar, vou te responder com muito prazer.
Finalmente, se tens uma agenda de promoção do tribalismo e regionalismo, muita pena, não posso fazer nada por ti, mas, deixe-me bem fora dela e não use meu nome para promover ódio entre os moçambicanos. Essa não é a minha agenda. A minha agenda é contra a degradação humana, é contra a corrupção, contra a má governação que prejudica muito às pessoas do centroe norte de Moçambique e sempre dei a voz por isso, contra a exploração do homem pelo homem, contra a coisificação da mulher e contra a predominância de um grupo em prejuízo do todo. Espero que graves isso e te lembres sempre que ousares pensar e falar de mim e sobre o que escrevo.
Ps1: reitero tudo o que disse. O namorado não substitui os pais e encarregados de educação das meninas no suprimento das suas necessidades. A culpa do namorado é não dizer aos pais da namorada que ela precisa de cuidados e obligá-lo a sustentá-la. As meninad devem conhecer o seu valor e lembrar que esta dependência em relação aos homens, que estes pedidos de favor aos namorados est2na origem da violência contra o género.
Ps2: podes insultar - me. Soa como bálsamo para mim. Esses insultos dizem mais de ti, de quem e o que és, mais do que de mim.
Obrigada anyway e que o universo te abençoe. E que os nossos antepassados te livrem desse espirito tribalista e regionalista que forçosamente queres atribuir aos outros.
Fátima Mimbire





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Fatima Mimbire
21 de Julho às 10:52 ·



A culpa do namorado dela!
Vou aproveitar o vibe do sucesso que o "culupado" está a fazer para abordar um assunto que me preocupa: namorado satisfazer as necessita financeiras da namorada, dar dinheiro à namorada ou sustentar a namorada.
Para mim, a culpa do namorado é não dizer ao pai da namorada que ela tem necessidades que precisam ser satisfeitas. Se a moça ou a namorada não tiver pais, tem algum encarregado de educação. Se não tiver ninguém porque é órfã, a culpa é da sociedade que não luta por uma protecção social mais abrangente e adequada para os mais pobres, sobretudo órfãos.
O namorado não substitui e nem deve substituir o papel dos pais e encarregados de educação das meninas, ainda que elas sejam maiores de idade. Os pais só devem deixar de sustentar suas filhas quando elas sairem de casa. Presume-se que saiam de casa quando já têm condições para se sustentarem ou serem sustentadas pelos maridos.
Uma menina que pede dinheiro ao namorado, que deixa o namorado suprir as suas necessidades, desde as mais básicas às caprichosas, está a abrir espaço para ser tratada como objecto. Eu tenho cá para mim que o escalonamento dos casos de violência baseadas no género tem este factor como base, sem excluir outros, obviamente.
Pedir dinheiro ao namorado para comprar cabelos, unhas, telefones, roupa para sair com ele ou para comprar comida, se confunde com prostituição. E todos sabemos como são tratadas as prostitutas (leiam bruna surfistinha para entender-era uma prostituta por vontade própria)- sem o mínimo de respeito. Então, repensemos um pouco se nalgum momento, com estas práticas que se normalizam e me desassossegam, particularmente, não abrimos uma brecha para eles justificarem a violência : "eu te pago", "eu te sustento", "tu não eras nada", "já esqueceste de onde vieste", "esses cabelos, achas que custam quanto, etc, etc...
Existem muitas formas de ganhar dinheiro sem necessariamente ter de depender do namorado. Há muitos exemplos por aí na sociedade e me enchem de orgulho.
Quando eu era mais nova, meu pai era" cacata" e não nos dava dinheiro para nossos caprichos e roupa só no final do ano. Para contornar isso, comprar meus chinelos, minhas carteirinhas, minhas cassetes de Roberta Miranda e Leandro e Leonardo, eu vendia gelinhos em casa. Comecei com um pacote e fui crescendo e ja comprava três caixas. Quando entrei para o pré -universitário, ja era mais moça, eu trançava mirabas a umas vizinhas e ganhava um dinheirinho.
Quando terminei o secundário, em 2003, enquanto me preparava para concorrer para a universidade, fui trabalhar como assistente administravo no STAE da cidade de Maputo. Servia café, fazia limpeza e recebia documentos. Meu namorado ia buscar - me no final de expediente. Portanto, podemos sair desse ciclo vicioso da dependência que nos leva à violência.
Não sou melhor que ninguém, dei um exemplo a partir de mim porque conheço bem, mas poderia dar outros exemplos.
Minha mãe quando a fábrica de sapatos onde ela trabalhava faliu nos anod 80, não ficou em casa. Virou mukerista, vendeu carne, roupa para não depender só do meu pai e dar - nos exemplo de que podemos ter um marido que é funcionário de um banco, que progride e vira gerente, mas tens de trabalhar, tens de fazer alguma coisa por ti mesma. O primeiro carro dela foi comprado com o dinheiro dos negócios dela. Eu aprendi esta lição e passo para as minhas filhas.
Parece muito amor e consideração por nós quando se canta: "... eu me admiro como ela vive mal... Ela usa um celular movitel amarado com borracha..." e se diz mais: "o culpado é o namorado dela porque não satisfaz as necessidades dela". Não é não.
Podemos parar esse ciclo. Não é chique pedir dinheiro ao namorado. Não é chique se sujeitar às piores coisas só porque ele paga ou pode pagar.





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