Sunday, April 14, 2019

Presidente ucraniano debate sozinho na televisão depois de adversário faltar ao frente-a-frente


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Petro Poroshenko respondeu ao desafio do adversário comediante para participar num debate no estádio olímpico, submetendo-se primeiro a análises ao sangue. Mas Volodymyr Zelenskiy não apareceu.
Petro Poroshenko entrou no debate no estádio olímpico, com capacidade para 70 mil pessoas
AFP/Getty Images
O Presidente ucraniano Petro Poroshenko, candidato à reeleição na segunda volta das presidenciais de 21 de abril, esteve este domingo no estádio olímpico de Kiev para um debate com o adversário, o comediante Volodymyr Zelenskiy, mas este não compareceu. Tendo em conta a ausência do oponente, Poroshenko aproveitou para ficar quase uma hora no palco a responder às perguntas dos jornalistas e mandou abrir as portas aos seus apoiantes no final, tornando o debate numa espécie de comício.
A ausência de Zelenskiy deve-se ao facto de o comediante, que desafiou o atual Presidente para um debate no estádio olímpico, tenha preferido a data de 19 de abril, enquanto Poroshenko optou pelo 14 de abril. Sem entendimento, Poroshenko reservou à mesma o estádio de 70 mil lugares e mandou montar dois pódios para o debate. De acordo com a BBC, o candidato esteve 45 minutos em cima do palco à “espera” de Zelenskiy, aproveitando para responder a perguntas e para atacar o adversário. “Se ele se esconder das pessoas de novo, voltaremos a convidá-lo”, garantiu Poroshenko à chegada.
“Não fui eu que propus este local para o evento, foi um tal homem”, afirmou o Presidente num dos pódios, com outro vazio ao lado, segundo conta a Radio Free Europe (RFE). “Sei que estás a assistir”, acrescentou, dirigindo-se diretamente ao comediante.
Do lado de fora estariam cerca de duas mil pessoas a ouvir Poroshenko, que foram autorizadas a entrar no final. De acordo com a mesma rádio, a decisão transformou o “debate” numa espécie de comício, com os participantes a cantarem o hino nacional, a gritarem “Glória à Ucrânia” e a tirarem selfies com o Presidente. O seu porta-voz, Svuatoslav Tseholko, garantiu à RFE que a decisão de deixar entrar os apoiantes terá sido tomada de improviso pelo próprio Poroshenko.

Um debate precedido de análises ao sangue para provar que os candidatos não são “viciados”

A ideia de um debate no estádio olímpico partiu, de facto, do comediante Zelenskiy, que na quarta-feira passada divulgou um vídeo a entrar no estádio e a desafiar diretamente o Presidente para um debate ali. “Achava que eu ia fugir… Não. Não vou fazer o mesmo que o senhor fez há quatro anos”, afirmou o candidato, referindo-se à campanha de 2014 em que Poroshenko recusou debater com a adversária e veterana da política ucraniana Yulia Tymoshenko.
Mas as condições de Zelenskiy não se ficaram apenas pelo local inusitado para o debate. O comediante exigiu ainda que os dois fossem submetidos a análises sanguíneas antes do debate para provar que não são “viciados em drogas ou álcool”.
Poroshenko reagiu no dia seguinte, com outro vídeo: “Isto não é uma piada”, declarou o Presidente. “Mas se quer um estádio, que seja num estádio. Estarei à sua espera.” Os dois fizeram as respetivas análises na sexta-feira, em locais diferentes, depois de o comediante não ter aceitado fazer os exames no mesmo local que Poroshenko. Ambos foram filmados pelas televisões a tirar sangue, como conta a CNN.
Talvez por não estar à espera que Poroshenko, de 53 anos, aceitasse o convite, Zelenskiy acabou por contestar a data e não aparecer este domingo. Contudo, não é de excluir a possibilidade que no dia que prefere, 19 de abril, possa haver outro debate no estádio olímpico que volte a ter apenas um participante.
O comediante, que venceu a primeira volta das eleições com 30% dos votos (mais 14% do que Poroshenko), continua à frente nas sondagens. Zelenskiy tornou-se conhecido do grande público ucraniano pelo seu papel na série “Servos do Povo”, onde interpreta um professor de escola que se torna Presidente da Ucrânia quase por acidente. Agora, arrisca a sua sorte na vida real, podendo mesmo chegar ao poder no país que ainda vive uma guerra com milícias pró-russas no leste, sem participar em nenhum debate eleitoral com o adversário.

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