Viveu em hotéis de cinco estrelas, foi a festas exclusivas e viajou em jatos privados.
Anna Delvey apresentou-se na alta sociedade de Nova Iorque como uma herdeira alemã com uma fortuna avaliada em 60 milhões de euros. Agora, pode ser condenada até 15 anos de prisão por assumir outra identidade e por bular várias pessoas e empresas em milhares de euros.
O nome verdadeiro de Anna Delvey é Anna Sorokin, tem 28 anos, nasceu na Rússia e, segundo o Ministério Público, não tem dinheiro.
"Os seus crimes vão desde fraudes com cheques a centenas de milhares de dólares furtados através de empréstimos, incluindo ainda esquemas que resultaram numa viagem paga a Marrocos e voos em jatos privados", disse Cyrus Vance na acusação formal à mulher, em outubro de 2017, segundo a BBC.
Anna Sorokin foi presa em 2017 no estabelecimento prisional na ilha de Rikers e responde agora em tribunal pelos crimes que cometeu.
QUEM É ANNA DELVEY (OU ANNA SOROKIN)?
A vida de Anna Delvey ficou conhecida depois da publicação norte-americana Vanity Fair publicar a história de uma das antigas amigas da falsa herdeira, que terá sido burlada em 62 mil dólares (cerca de 55 mil euros).
Nasceu em 1991 na Rússia e só aos 16 anos, em 2007, é que se mudou para a Alemanha. O pai era um motorista que mais tarde abriu uma empresa de ar condicionados. Em entrevista à New York Magazine, o homem confessou que a filha não tinha qualquer herança em seu nome.
Após desistir da faculdade, estagiou numa empresa de relações públicas e, depois, mudou-se para Paris, onde começou a estagiar na revista Purple. Foi nesta altura, na qual ainda era sustentada pelos pais, que assumiu o nome Anna Delvey.
Assim que chegou a Nova Iorque, Anna Sorokin "conseguiu estar sempre nos sítios certos", disse uma das pessoas que conviveu com a mulher, citada pelo Time.
De acordo com a New York Magazine, Anna Sorokin instalou-se na alta sociedade de Nova Iorque ao fazer amigos no mundo da moda e das artes plásticas, assim como com os jovens ricos da cidade.
Os comportamentos estranhos chamavam a atenção de quem passava tempo com a mulher: pagava sempre com dinheiro, "esquecia-se" de pagar a renda e pedia emprestado grandes quantidades de dinheiro sem nunca devolver.
A revista norte-americana dá conta de pelo menos um hotel que permitiu que ela ficasse durante um longo período de tempo sem apresentar um cartão de crédito.
OS CRIMES
Anna Sorokin foi acusada em 2017 de roubar 275 mil dólares (cerca de 244 mil euros) através de "diversas burlas cometidas entre novembro de 2016 e agosto de 2017", segundo o Ministério Público.
Em 2016, os procuradores alegam que a mulher fingiu ser uma herdeira alemã para pedir um empréstimo de 22 milhões de dólares (quase 20 milhões de euros), de modo a abrir um clube privado de artes. Segundo o Time, para pedir o dinheiro, apresentou documentos falsificados a vários bancos.
Apenas um concordou, mas Anna Sorokin teria de entregar um pagamento inicial de 100 mil dólares, que pediu emprestado a um banco estatal através de um representante a quem prometeu devolver o dinheiro. Esse dinheiro nunca apareceu.
Numa outra burla, Anna Sorokin terá convidado uma amiga para uma viagem com tudo pago a Marrocos. Rachel Williams, que publicou a história na Vanity Fair, disse ter pago a viagem toda, depois do cartão de crédito da falsa herdeira ter sido rejeitado.
A antiga amiga ficou a cargo das despesas de viagem, incluindo o aluguer de uma vila de luxo, e nunca recebeu o dinheiro de volta, como lhe tinha sido prometido.
A Time adianta ainda que muitos foram os cheques, sem fundo, passados a várias empresas e hotéis.
EM TRIBUNAL
O julgamento de Anna Sorokin começou no final de março e deverá durar até ao final deste mês.
No primeiro dia, o advogado de defesa argumentou que não foi a intenção da mulher cometer qualquer crime e disse que a sua cliente tinha apenas explorado um sistema "que facilmente seduz pelo seu glamour e brilho".
Segundo o Time, Todd Spodek argumentou ainda que a mulher estava simplesmente a tentar ganhar tempo até conseguir criar um negócio de sucesso e pagar as dívidas.
Caso seja condenada, Anna Sorokin pode apanhar uma pena até 15 anos de prisão e corre o riso de ser deportada para a Alemanha, por ter continuado nos Estados Unidos da América após o visto ter acabado.
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