A Renamo terá um novo presidente dentro de 45 dias, que em princípio será um destes badalado nomes: Ossufo Momade, Manuel Bissopo e Elias Dhlakama, que são, respectivamente, presidente interino, secretário-geral e irmão de Afonso Dhlakama, este último não ocupa actualmente nenhum cargo no seio da perdiz.
De acordo com a deliberação do Conselho Nacional da Renamo, que este que esteve reunido nos dias 29 e 30 de Novembro, na Serra de Gorongosa, em Sofala, a Perdiz, a eleição do novo líder terá lugar durante o VI Congresso do partido, que vai decorrer de 15 a 17 de Janeiro próximo, no distrito de Gorongosa, e será neste congresso onde será eleito o novo presidente.
José Manteiga, que foi porta-voz do Conselho Nacional, indicou que a deliberação indicou ainda o perfil daqueles que podem serem candidatos a presidente da Renamo.
1 - Ser cidadão de nacionalidade originária moçambicana; 2- Ter no mínimo 15 anos de militância no partido; 3 - Ter idade mínima de 35 anos; 4- Ser idóneo de reconhecido mérito; 5- Estar regularmente inscrito como membro do partido; 6- Ter exercido no mínimo cinco anos de politica activa; 7- Ter exercido uma das seguintes funções: a) Combatente da luta pela democracia, b) Secretário-Geral, c) Membro do Conselho Nacional, d) Membro da Comissão Política Nacional, e)Membro do Conselho Jurisdicional, f)Presidente do Conselho Provincial, g) Chefe Nacional ou regional de Departamento, h) delegado político distrital ou provincial e i) Ter cota regularizada nos últimos dois anos.
Circulam no seio da Renamo, como potenciais candidatos a cargos de presidente do partido, três nomes, nomeadamente, Ossufo Momade, Manuel Bissopo e Elias Dhlakama.
Questionado sobre se já há candidatos ao cargo, José manteigas limitou-se a afirmar apenas que o perfil para tal já foi lançado pelo Conselho Nacional.
"Brevemente estarão abertas as candidaturas e será nessa altura que serão oficialmente conhecidos os candidatos a cargo de presidente do partido. Já foi criado um gabinete para a preparação do VI congresso e será este que irá anunciar, dentro de dias, o início da data para a apresentação de candidaturas" explicou.
Elias Dhlakama na corda bamba
Elias Dhlakama na corda bamba
Os requisitos para se ser candidato ao cargo de presidente da Renamo, contém alguns pontos que fragilizam a candidatura de Elias Dhlakama, entre eles o ponto número dois, que estabelece a necessidade de ter, no mínimo, 15 anos de militância no partido.
Sucede que Elias Dhlakama, depois da chamada guerra dos 16 anos, passou a integrar o exército nacional, As Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), donde saiu há cerca de dois meses.
Sobre este facto José Manteigas afirmou que o congresso irá deliberar sobre algumas situações excepcionais.
"Em termos de princípios legislativos, há excepções, portanto, pode ser que ele venha a ser abrangido por uma dessas excepções" avançou Manteigas.
O VI congresso da Renano poderá decorrer na serra da Gorongosa, se as condições climatéricas assim o permitirem. De contrário, segundo José Manteigas, a vila sede de Gorongosa, será o palco do evento, que contará com 700 participantes e 300 convidados.
O Conselho Nacional da Renamo tinha ainda como objectivo fazer a análise socio-política do país e preparar este partido para enfrentar os próximos pleitos eleitorais.
Críticas a sociedade civil
Quanto a situação socio-política, o Conselho Nacional produziu um documento onde apela ao governo para que dentro do espírito dos entendimentos alcançados entre o Presidente da República, Filipe Nyusi e o falecido presidente deste partido, Afonso Dhlakama, se acelere o processo de integração, enquadramento, desarmamento e integração social, dos seus homens residuais, bem como as fases subsequentes com vista a conclusão do processo negocial.
"Houve alguns avanços, nomeadamente a promoção de 14 oficiais há cerca de três meses, mas depois não houve mais nenhuma evolução. O nosso desejo é ver este processo concluído rapidamente e esperamos que o governo cumpra com a sua parte".
Ilícitos eleitorais
O presidente interino da Renamo Ossufo Momade, falando na sessão de abertura do VI Conselho Coordenador do seu partido, mostrou-se agastado com alegas irregularidades eleitorais registadas nas últimas eleições autárquicas.
Para Momade houve um silêncio cúmplice de quem de direito e de forma particular da sociedade civil.
"Quando nós reagirmos, esta mesma sociedade civil será a primeira a condenar e apelar-nos para resolvermos as nossas diferenças através do diálogo e para nós esta é uma atitude muito estranha, porque no nosso entender, a manutenção da paz e da reconciliação nacional é uma responsabilidade colectiva.”
“Continuaremos a seguir todos os trâmites legais para fazer face aos ilícitos eleitorais, na esperança de que os órgãos competentes cumpram, de forma zelosa, a sua parte e não agendas ocultas, pondo em causa a vontade popular".
Na reunião, para além dos 100 membro do conselho nacional, tomaram parte da mesma, como convidados, vários membros deste partido, com destaque para Elias Dhlakama, irmão de Afonso Dhlakama, e Bernardo Matsangaissa, sobrinho de André Matsangaissa, primeiro comandante em chefe da Renamo.
O PAÍS – 02.12.2018
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