Decadência da liberdade de expressão!? Horrível isto.
"Será que não temos mais gráficas neste país!?
Maputo (Canalmoz) – A edição de quarta-feira, 26 de Dezembro de 2018, que devia eleger a “figura do ano” do semanário “Canal de Moçambique”, não estará na rua, porque a mesma não foi impressa. A impressão devia ter sido feita na gráfica da “Sociedade Notícias”, mas os gestores da gráfica receberam alegadas “ordens superiores” para devolverem o cheque do “Canal de Moçambique”, que já havia sido entregue ao Departamento Comercial da “Sociedade Notícias”.
Numa acção que interpretamos como censura e intolerância política contra o “Canal de Moçambique”, sem qualquer tipo de explicação, os gestores da gráfica da “Sociedade Notícias”, que é sustentada por fundos públicos, rejeitaram o cheque do “Canal de Moçambique” porque receberam ordens para não imprimir o jornal.
O enredo tem quase um mês. O semanário “Canal de Moçambique” é normalmente impresso na África do Sul, exactamente devido à ausência de limite entre a actividade comercial das empresas gráficas nacionais e o exercício da política partidária por parte dessas mesmas empresas.
Acontece que, devido ao Natal e Fim de Ano, a empresa gráfica sul-africana entrou de férias colectivas no dia 22 de Dezembro de 2018. Como já nos haviam informado há dois meses sobre essas situação, o “Canal de Moçambique”, há cerca de um mês, contactou a gráfica da “Sociedade Notícias” para a impressão de uma única edição, a de quarta-feira, 26 de Dezembro. Foi-nos enviada a cotação, e o “Canal de Moçambique” emitiu o respectivo cheque, e tudo estava concordado para a impressão.
Na passada sexta-feira, a Direcção Comercial da “Sociedade do Notícias” telefonou ao nosso Departamento Comercial a informar que já não iria imprimir a edição do “Canal de Moçambique”, cuja impressão já havia sido paga, e que o “Canal de Moçambique” devia ir levantar o cheque que estava a ser rejeitado. Todas as tentativas do “Canal de Moçambique” para obter uma explicação convincente sobre as razões da recusa da impressão não obtiveram sucesso, até que um dos dirigentes da “Sociedade Notícias” nos informou de que haviam recebido alegadas “ordens superiores” para não imprimirem a edição do “Canal de Moçambique”,.
O “Canal de Moçambique” tentou várias vezes contactar o presidente do Conselho de Administração da “Sociedade Notícias”, para solicitar esclarecimento sobre a rejeição do cheque, mas este nem sequer se dignou atender as nossas várias chamadas.
Na Direcção Comercial, onde o assunto foi tratado há mais de quatro semanas, ninguém tem explicações. O mais caricato é que há jornais que pediram cotação na passada sexta-feira, e esses jornais vão ser impressos esta semana, numa clara demonstração de que o “Canal de Moçambique” não é bem-vindo numa gráfica que funciona com impostos dos moçambicanos, incluindo dos do “Canal de Moçambique”.
Assim sendo, a edição que devia estar na rua hoje, quarta-feira, 26 de Dezembro, só deverá estar na rua na próxima quinta-feira, 3 de Janeiro de 2019, pois a gráfica sul-africana que normalmente imprime o “Canal de Moçambique” reabre as portas no dia 2 de Janeiro de 2019.
Aos nossos leitores e parceiros comerciais que têm a edição de quarta-feira como tradição, queremos, aqui, pedir compreensão, considerando que este ataque à liberdade de imprensa ultrapassou a nossa capacidade de reacção em tempo útil que nos possibilitasse dar resposta ao nosso habitual compromisso de quarta-feira.
O que torna mais bizarra a situação é que a “Sociedade Notícias” está em falência técnica, por acumulação de prejuízos. Segundo o último Relatório e Contas, a “Sociedade do Notícias, SA” registou prejuízos de 52,2 milhões de meticais no último exercício económico, mais 20% do que no ano anterior, em que havia registado perdas de 43,44 milhões de meticais.
As perdas, que totalizavam 95,09 milhões de meticais negativos, que não podiam ser compensadas pelos activos e reservas, colocaram a “Sociedade do Notícias, SA” numa situação de falência técnica, que ficou agravada com a saída do Banco de Moçambique (que detinha 55% da sua estrutura acionista). Como forma de recuperar a empresa que garante a propaganda escrita do Governo e do partido Frelimo, o Estado decidiu reforçar a sua posição, que era de 35,07%, e tornou-se p principal accionista, com 99,77%.
Segundo o Relatório de Execução do Orçamento do Estado, de Janeiro a Setembro de 2017, para concretizar a sua posição, o Governo de Filipe Nyusi, apesar da crise em que o nosso país está mergulhado, injectou 436.069.776,11 meticais, aumentando o Capital Social da “Sociedade do Notícias, SA”, que, anteriormente, era de apenas 10.000,00 meticais.
É essa mesma “Sociedade”, que sobrevive a quase cem por cento de fundos públicos e com resgates financeiros à mistura, que se dá ao luxo de rejeitar cheques dos mesmos contribuintes.
Afora as questões financeiras, esta acção do Governo do partido Frelimo vem juntar-se a tantas outras acções draconianas contra a imprensa livre, como, por exemplo, as famigeradas taxas sobre emissões e sobre a publicidade. Se há todas essas achas para a incerteza sobre o futuro da imprensa livre, pelo menos há duas certezas: a de que a Frelimo continua apostada na regressão da democracia e do livre pensamento e a de que essa aposta encontrará da nossa parte uma vigorosa oposição. Nós acreditamos nos valores da democracia, e a liberdade de imprensa é um dos desses valores, quer a Frelimo queira, quer não. E estamos dispostos a ir até às últimas consequências por esta causa. (Nota da Direcção Editorial)."
"Será que não temos mais gráficas neste país!?
Maputo (Canalmoz) – A edição de quarta-feira, 26 de Dezembro de 2018, que devia eleger a “figura do ano” do semanário “Canal de Moçambique”, não estará na rua, porque a mesma não foi impressa. A impressão devia ter sido feita na gráfica da “Sociedade Notícias”, mas os gestores da gráfica receberam alegadas “ordens superiores” para devolverem o cheque do “Canal de Moçambique”, que já havia sido entregue ao Departamento Comercial da “Sociedade Notícias”.
Numa acção que interpretamos como censura e intolerância política contra o “Canal de Moçambique”, sem qualquer tipo de explicação, os gestores da gráfica da “Sociedade Notícias”, que é sustentada por fundos públicos, rejeitaram o cheque do “Canal de Moçambique” porque receberam ordens para não imprimir o jornal.
O enredo tem quase um mês. O semanário “Canal de Moçambique” é normalmente impresso na África do Sul, exactamente devido à ausência de limite entre a actividade comercial das empresas gráficas nacionais e o exercício da política partidária por parte dessas mesmas empresas.
Acontece que, devido ao Natal e Fim de Ano, a empresa gráfica sul-africana entrou de férias colectivas no dia 22 de Dezembro de 2018. Como já nos haviam informado há dois meses sobre essas situação, o “Canal de Moçambique”, há cerca de um mês, contactou a gráfica da “Sociedade Notícias” para a impressão de uma única edição, a de quarta-feira, 26 de Dezembro. Foi-nos enviada a cotação, e o “Canal de Moçambique” emitiu o respectivo cheque, e tudo estava concordado para a impressão.
Na passada sexta-feira, a Direcção Comercial da “Sociedade do Notícias” telefonou ao nosso Departamento Comercial a informar que já não iria imprimir a edição do “Canal de Moçambique”, cuja impressão já havia sido paga, e que o “Canal de Moçambique” devia ir levantar o cheque que estava a ser rejeitado. Todas as tentativas do “Canal de Moçambique” para obter uma explicação convincente sobre as razões da recusa da impressão não obtiveram sucesso, até que um dos dirigentes da “Sociedade Notícias” nos informou de que haviam recebido alegadas “ordens superiores” para não imprimirem a edição do “Canal de Moçambique”,.
O “Canal de Moçambique” tentou várias vezes contactar o presidente do Conselho de Administração da “Sociedade Notícias”, para solicitar esclarecimento sobre a rejeição do cheque, mas este nem sequer se dignou atender as nossas várias chamadas.
Na Direcção Comercial, onde o assunto foi tratado há mais de quatro semanas, ninguém tem explicações. O mais caricato é que há jornais que pediram cotação na passada sexta-feira, e esses jornais vão ser impressos esta semana, numa clara demonstração de que o “Canal de Moçambique” não é bem-vindo numa gráfica que funciona com impostos dos moçambicanos, incluindo dos do “Canal de Moçambique”.
Assim sendo, a edição que devia estar na rua hoje, quarta-feira, 26 de Dezembro, só deverá estar na rua na próxima quinta-feira, 3 de Janeiro de 2019, pois a gráfica sul-africana que normalmente imprime o “Canal de Moçambique” reabre as portas no dia 2 de Janeiro de 2019.
Aos nossos leitores e parceiros comerciais que têm a edição de quarta-feira como tradição, queremos, aqui, pedir compreensão, considerando que este ataque à liberdade de imprensa ultrapassou a nossa capacidade de reacção em tempo útil que nos possibilitasse dar resposta ao nosso habitual compromisso de quarta-feira.
O que torna mais bizarra a situação é que a “Sociedade Notícias” está em falência técnica, por acumulação de prejuízos. Segundo o último Relatório e Contas, a “Sociedade do Notícias, SA” registou prejuízos de 52,2 milhões de meticais no último exercício económico, mais 20% do que no ano anterior, em que havia registado perdas de 43,44 milhões de meticais.
As perdas, que totalizavam 95,09 milhões de meticais negativos, que não podiam ser compensadas pelos activos e reservas, colocaram a “Sociedade do Notícias, SA” numa situação de falência técnica, que ficou agravada com a saída do Banco de Moçambique (que detinha 55% da sua estrutura acionista). Como forma de recuperar a empresa que garante a propaganda escrita do Governo e do partido Frelimo, o Estado decidiu reforçar a sua posição, que era de 35,07%, e tornou-se p principal accionista, com 99,77%.
Segundo o Relatório de Execução do Orçamento do Estado, de Janeiro a Setembro de 2017, para concretizar a sua posição, o Governo de Filipe Nyusi, apesar da crise em que o nosso país está mergulhado, injectou 436.069.776,11 meticais, aumentando o Capital Social da “Sociedade do Notícias, SA”, que, anteriormente, era de apenas 10.000,00 meticais.
É essa mesma “Sociedade”, que sobrevive a quase cem por cento de fundos públicos e com resgates financeiros à mistura, que se dá ao luxo de rejeitar cheques dos mesmos contribuintes.
Afora as questões financeiras, esta acção do Governo do partido Frelimo vem juntar-se a tantas outras acções draconianas contra a imprensa livre, como, por exemplo, as famigeradas taxas sobre emissões e sobre a publicidade. Se há todas essas achas para a incerteza sobre o futuro da imprensa livre, pelo menos há duas certezas: a de que a Frelimo continua apostada na regressão da democracia e do livre pensamento e a de que essa aposta encontrará da nossa parte uma vigorosa oposição. Nós acreditamos nos valores da democracia, e a liberdade de imprensa é um dos desses valores, quer a Frelimo queira, quer não. E estamos dispostos a ir até às últimas consequências por esta causa. (Nota da Direcção Editorial)."
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