22.12.2018 às 20h47
Na Nigéria, onde os hospitais retêm doentes que não pagaram a conta, alguém descobriu uma oportunidade invulgar para fazer o bem
Não há na Nigéria um serviço nacional de saúde universal como na Europa e apenas 5% da população tem seguro de saúde. Muitos dos outros têm de se sujeitar ao que a má sorte lhes reserva. Ou então vão a hospitais e pagam. Mas se não puderem pagar logo, o mais provável é ficarem retidos - durante semanas ou até meses - até saldarem integralmente a conta. A não ser que lhe apareça o Anjo.
O Anjo é um projeto de Zeal Akaraiwai, um homem elegante e bem parecido na casa dos 40 que trabalha como consultor financeiro. A julgar pelo Mercedes preto em que se desloca, Zeal é alguém muito bem sucedido. Indignado com a situação das pessoas menos afortunadas do que ele, adquiriu o hábito de circular pelos hospitais a pagar a conta de doentes já tratados, a fim de que eles possam sair e ir às suas vidas.
Na reportagem da BBC que conta a história, ele chega ao hospital e recebe uma lista que lhe é entregue por assistentes sociais. Dessa lista constam doentes que ele poderá ajudar. O seu critério não é ajudar toda a gente - apenas pessoas que já estejam em condições de ir embora. Doentes crónicos, ou pessoas ainda a meio do tratamento, em princípio não estão incluidos, embora possa haver exceções.
Zeal examina cada caso, falando com os doentes e confirmando os factos com médicos. Vai tomando as suas decisões, e no final paga o total da conta. Uma coisa que não quer é agradecimentos, ou sequer que as pessoas a quem auxilia percebam quem ele é. Nem deseja que o contactem posteriormente. Aquilo que faz, fá-lo com base numa obrigação de solidariedade cuja base parece ser religiosa, embora ele se exprima em termos racionais.
"O mero facto de que um indivíduo, como eu, tenha de ir a um hospital pagar as contas de pessoas que estão perdidas diz imenso sobre a injustiça do sistema", explica. "Não há razão nenhuma para não podermos ter seguros de saúde como deve ser. Temos gente inteligente que pode pensar em esquemas que funcionem". Para já, existe o seu projeto, para o qual também contribuem amigos e a sua família.
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