Monday, August 6, 2018

Cabo Delgado usada como placa giratória de estupefacientes


De acordo com fonte da polícia que falou em Pemba em exclusivo para o Correio da manhã, os traficantes estão a usar, entre outras vias, os circuitos marítimos e aéreos para introduzir em Moçambique drogas pesadas, muita delas oriundas da Ásia (Paquistão e Índia como principais fontes) e algumas regiões do continente africano, com o Quénia a aparecer em destaque
O crescimento impetuoso e multifacetado que se assiste nas diversas esferas na província nortenha moçambicana de Cabo Delgado está a atrair indivíduos de variada índole, incluindo criminosos, que estão a transformar a região em placa giratória de estupefacientes. 
De acordo com fonte da polícia que falou em Pemba em exclusivo para o Correio da manhã, os traficantes estão a usar, entre outras vias, os circuitos marítimos e aéreos para introduzir em Moçambique drogas pesadas, muita delas oriundas da Ásia (Paquistão e Índia como principais fontes) e algumas regiões do continente africano, com o Quénia a aparecer em destaque. 
De acordo com as nossas fontes, a cocaína e a heroína são os entorpecentes que mais circulam em Cabo Delgado, havendo, ainda, registo de descoberta de campos de cultiva de drogas tipo cannabis sativa, vulgo soruma. A informação recolhida pela nossa Reportagem foi confirmada pelo porta-voz do Comando Provincial de Cabo delgado, Augusto Guta, salientando que “a província, na região norte de Moçambique, tem sido usada como corredor de tráfico de drogas pesadas, provenientes de vários países, para outras regiões do mundo”. “Trata-se de drogas que chegam a Moçambique, através de embarcações marítimas ou aviões que fazem a rota Nairobi/Dar-Es-Salam/ Pemba/Maputo”, disse Guta ao Correio da manhã.

O graduado da Polícia da República de Moçambique acrescentou que, “em conexão com estes casos, dois cidadãos de origem paquistanesa e um indiano estão a contas com as autoridades policiais”, a nível daquela parcela do país. 
Produção interna de estupefacientes 
A nossa fonte junto referiu ainda que a nível interno a PRM naquela parcela do país neutralizou campos de cultivo de estupefacientes. Augusto Guta apontou os distritos de Meluco e Mueda, zonas centro e norte de Cabo Delgado, como líderes na produção, consumo e tráfico de cannabis sativa, onde nos últimos 48 meses, foram apreendidos, respectivamente, 411,8 e 327 quilogramas daquele produto proibido em Moçambique. A nossa fonte ajuntou ainda que de 2015 a esta parte a polícia destruiu 20 campos agrícolas machambas de cannabis sativa, sendo 10 em Meluco, quatro em Mueda, três em Chiúre, duas em Balama e uma em Montepuez.
Droga em Namoto e Palma Outros dados reportados ao Correio da manhã pelo Gabinete Provincial de Combate a Droga (GPCD), em Cabo Delgado revelam que nos postos fronteiriços de Namoto e Palma, foram apreendidos 603,733 quilogramas de N-Acido Acetilantranílico, um produto usado para a produção de metaqualona, uma droga proibida em Moçambique. Este produto, oriundo do Quénia, segundo refere o GPCD, foi apreendido em Moçambique depois de ter atravessado centenas de quilómetros ao longo da Tanzânia e estava a ser transportado na carroçaria de uma viatura com destino a Maputo, mas tendo comodestino final a vizinha República da África do Sul. 
“A droga estava a ser transportada por dois cidadãos da Guiné Conacri que foram imediatamente detidos pela polícia”, diz o GPCD que destaca ainda a apreensão de pouco mais 2,120 quilogramas de anfetaminas no aeroporto de Pemba, na posse de um cidadão israelita e 13 quilogramas de heroína, em Montepuez. 
Os distritos de Meluco, Mueda, Muidumbe, Montepuez, Chiúre, Ancuabe e Balama são as zonas onde se produz mais soruma que, mais tarde, é transportada para as cidades de Pemba, Montepuez e vila de Mocímboa da Praia, locais conhecidos como entreposto comercial daquele produto, donde também é traficado para a vizinha província de Nampula e para a Tanzânia. 
Envolvimento de figuras de proa 
Em Julho passado a respeitada Organização não-governamental Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique emitiu um comunicado no qual se referia à movimentação de drogas em Moçambique, referindo-se ao envolvimento de figuras influentes nestes desmandos. 
O CIP referia na sua comunicação que a heroína como sendo “uma das maiores exportações de Moçambique há duas décadas”, acrescentando que “o negócio continua a crescer”.
CM 03.08.2018

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