O GOVERNO de Cabo Delgado garante que vai dar todo o apoio necessário às 27 famílias da aldeia Mitumbate, na Mocímboa da Praia, no norte da província, que viram suas casas incendiadas pelos extremistas muçulmanos no dia 29 de Novembro último. O objectivo é minorar o sofrimento das vítimas que tiveram de abandonar a aldeia, buscando temporariamente refúgio na sede distrital.
De acordo com o governador da província, Júlio Parruque, que há dias visitou a região atacada, a ajuda será em alimentos e material de construção, com destaque para chapas de zinco, a ser disponibilizado pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades.
No dia 29 de Novembro, o grupo extremista que amiúde aterroriza a região norte de Cabo Delgado, sobretudo o distrito de Mocímboa da Praia, desde Outubro deste ano, matou duas pessoas e feriu outras duas, e ainda incendiou 27 casas na aldeia Mitumbate, obrigando os residentes daquela pacata aldeia a viver numa situação de deslocados.
O Governo diz ter identificado um cidadão de nome Nuro Adremane como líder do grupo de islamitas, coadjuvado por Jafar Alawi, todos naturais de Mocímboa da Praia. Presentemente, as Forças de Defesa de Segurança estão a vasculhar a região em busca dos dois indivíduos.
O administrador de Mocímboa da Praia, Rodrigo Purruque, que apresentou o estágio da actual situação político-militar do distrito durante a visita do governador, referiu que as motivações do grupo atacante são a exaltação de doutrinas religiosas não comuns no islão, desacreditar o Governo e institucionalizar uma região autónoma.
Ainda de acordo com o administrador distrital, o grupo estuda as doutrinas religiosas na Tanzania, Sudão e Arábia Saudita, fora do controlo das instituições formais, recebendo depois treinos militares para manusear armas de fogo, incluindo as brancas. Purruque salientou que a maior parte dos integrantes deste grupo são nacionais e naturais dos distritos de Mocímboa da Praia, Palma, Macomia. Sabe-se que integram igualmente o grupo estrangeiros de nacionalidades tanzanianas e somali.
O administrador referiu que os confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança, no 5 de Outubro, causaram dois óbitos e cinco feridos nas fileiras da PRM. Do lado dos atacantes, foram mortos 20 indivíduos. Também foram feitas 308 detenções, 165 dos quais são moçambicanos, 42 tanzanianos e 1 somali. No total, 152 são homens e 56 mulheres. Purruque lamentou o facto de terem sido soltos 100 dos detidos por alegada falta de provas materiais no seu envolvimento neste caso.
Sobre a soltura de 100 dos supostos criminosos, populares de Mocímboa da Praia disseram ao nosso jornal que 16 esposas de insurgentes muçulmanos, ainda a monte, que tinham sido detidas pela Procuradoria e mais tarde libertas pelo Tribunal Provincial, por alegada falta de provas, fugiram da vila de Mocímboa da Praia, presumindo-se que foram juntar-se aos maridos nas matas.
O governador condenou, porém, a atitude dos órgãos da Administração da Justiça por ter libertado algumas pessoas que tinham sido detidas, acusadas de estar envolvidos nos ataques, afirmando que o assunto de Mocímboa da Praia mexe com a soberania nacional, por isso as instituições do Estado, incluindo o poder judicial, deviam estar sincronizadas na sua actuação.
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