Luanda - O presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, afirmou este sábado (26.08) que "o país ainda não tem um Presidente eleito", e que não reconhece os resultados provisórios apresentados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE). Uma contagem paralela do partido já contabilizou mais de 50% dos votos de todas as províncias e sugere que a UNITA esteja na frente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Fonte: DW
"O país ainda não tem resultados eleitorais válidos. Precisamos manter a serenidade e continuar a vigiar aqueles a quem pagamos para nos servir na condução do processo eleitoral", disse Samakuva durante conferência de imprensa no centro de escrutínio nacional da UNITA, em Viana, nos arredores de Luanda.
"O país ainda não tem resultados eleitorais válidos. Precisamos manter a serenidade e continuar a vigiar aqueles a quem pagamos para nos servir na condução do processo eleitoral", disse Samakuva durante conferência de imprensa no centro de escrutínio nacional da UNITA, em Viana, nos arredores de Luanda.
O partido no poder foi declarado vencedor nas eleições gerais, com 61,05%, segundo a apuração feita pela CNE. No entanto, a UNITA apresentou esta tarde aos jornalistas as atas de votação que está a utilizar para fazer a apuração paralela dos votos, e explicou de que forma conduz este processo.
"O nosso objetivo aqui é mostrar os dados reais, onde, portanto, exista justiça e verdade. São dados somados a partir das atas das operações eleitorais, que são inscritas nas mesas eleitorais e assinadas por todos os delegados de lista", assegurou o secretário de comunicação do partido, Rubens Sicato.
De acordo com Sicato, já foram verificadas pela UNITA as atas de votação de 14.494 mesas, o que corresponde a 56,8% do total. "Esperamos até o início da próxima semana ter 100% das atas contabilizadas para anunciar os resultados".
Dados diferentes
Na conferência de imprensa, a UNITA revelou dados de três províncias onde estaria na frente do MPLA. Em Luanda, o partido de Isaías Samakuva terá alcançado 47% dos votos, enquanto o partido no poder teve 36,6%. No Bié, são 48,35% contra 47,6%, respetivamente. No Huambo, a difrença entre os partidos é pequena: MPLA tem 47,6%, enquanto a UNITA 46,1%.
Os dados apresentados pelo maior partido da oposição contrastam com os da apuração oficial realizada pela CNE. Por esta contagem, o MPLA tem 48,17% e a UNITA 35,44% em Luanda; no Bié, são 57,44% para o partido do candidato João Lourenço e 38,26% para o de Isaías Samakuva; e no Huambo, 58,90% contra 35,90%, respetivamente.
De acordo com deputado e líder parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, que participou da explicação dos dados, as projeções resultantes apresentam "substanciais diferenças" dos dados da CNE.
Vontade do povo
"O poder do povo foi manifestado no dia 23 de agosto e todos devem respeitar esta manifestação, tal como foi expressa nas urnas", defendeu Isaías Samakuva. Para o líder do maior partido oposicionista, "é crime manipular, alterar ou distorçer a vontade do povo. É um crime contra a pátria, porque traduz um ataque à soberania naciona, mesmo que seja cometido por agentes do Estado".
Segundo Samkuva, a origem dos dados utilizados na projeção da CNE é desconhecida dos partidos da oposição e respetivos comissários, desde logo tendo em conta, disse, que os centros de escrutínio provincial só este sábado iniciaram as operações, e não logo após o fecho da votação, como decorre da lei.
No centro de escrutínio nacional da UNITA, em Viana, Luanda, o partido afirma já ter recebido praticamente a totalidade das atas síntese e atas de operação, de todas as 12.512 assembleias de voto, que incluem 25.873 mesas de voto, enviadas pelos delegados de lista.
Sociedade quer "mudança"
A apresentação da UNITA foi acompanhada por vários apoiantes do partido. Para o presidente da Fundação 27 de Maio, José Fragoso, os dados divulgados pela CNE "não refletem a contade do povo". Sobre a contagem apresentada pelo partido esta tarde, ele disse que "foi uma demonstração que convenceu e animou o eleitorado para a mudança".
Também acredita em fraude eleitoral o jovem ativista Emiliano Catumbela, um dos revús que em 2013 ele sofreu agressões físicas, alegadamente, por parte dos serviços secretos, quando protestava contra o desaparecimento de Alves Kamulingue e Isaías Cassule.
"O povo já sabe que os partidos da oposição estão na frente. Da forma que o MPLA está a apresentar [os dados] é uma fraude. Precisamos do resultado que o povo votou. O MPLA perdeu as eleições e não quer reconhecer", acredita Catumbela.
Nesta sexta-feira, outros partidos da oposição ameaçaram não reconhcer os resultados da CNE, tendo a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) afirmado que a ausência e mandatários dos partidos da oposição no processo de contagem dos votos é um dos motivos que comprometem a veracidade dos dados anunciados pelo órgão eleitoral.
Já o MPLA divulgou um comunicado a pedir aos angolanos que não se deixem influenciar por "tentativas de provocar distúrbios e instabilidade" por aqueles que têm um "histórico de destruição e desordem no país".
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