Editorial
Maputo (Canalmoz) - Das insuficiências de Filipe Nyusi a todos os níveis, parece-nos não haver dúvidas nem mais matéria para conversa. Que os seus discursos comunicam a nulidade, também parece haver amplo consenso sobre isso. Que as suas generalidades e os exemplos que enuncia são uma fotocópia autenticada do banal, também parece cristalino. Que Nyusi se confunde com o ponto mais alto de uma agenda já longa da banalização do Estado e dos seus órgãos, também inspira consenso.
E Filipe Nyusi tem estado a dar provas irrefutáveis de todas estas disposições. Por exemplo, há dias informou a população de Manica de que não é tarefa da população estar preocupada com a paz. Citado pelo diligente jornal “Notícias”, Nyusi disse que a população deve concentrar-se mais é na produção, e não na paz, que a paz é assunto do Governo. Daqui se pode perceber que os camponeses estão ligeiramente mais avançados do que Filipe Nyusi em matéria de raciocínio lógico.
Não se compreende como é que Nyusi quer que a população se concentre na produção ao mesmo tempo que esquiva das balas da guerra. Manica é onde, num passado recente, foi descoberta uma vala comum com corpos de cidadãos em avançado estado decomposição, uma acção que a população atribuiu aos “esquadrões da morte”. Ora, como é que é possível que a população se concentre na produção enquanto os seus familiares são sequestrados e fuzilados pelos “esquadrões da morte”? Como é que é possível que a população produza ao mesmo tempo que tem de fugir dos “esquadrões da morte”?
É fácil concluir que a sugestão de Nyusi deve ter soado a insulto à população. Aqui, é de notar que os camponeses conseguiram perceber que sem a paz não podem ir às machambas e desenvolver as suas demais actividades, mas Nyusi entende que é possível, sim, produzir sendo fustigado pela guerra.
No passado fim-de-semana, em Nairóbi, Nyusi abriu mais uma vez o seu livro e brindou-nos com mais uma pérola do seu invulgar raciocínio. Sobre a guerra e as revindicações da Renamo, Nyusi respondeu: “Quando termina o campeonato é apenas uma equipe que ganha, e é essa mesma equipe que representa o país no mundo inteiro”. Este é um raciocínio presidencial altamente revelador do quanto se tornou uma banalidade ser presidente desta República. Na nossa modesta opinião, qualquer secretário de Grupo Dinamizador conseguiria produzir uma frase mais bem elaborada do que esta análise típica de qualquer “futebolista de bancada”. Toda a situação pela qual Moçambique está a passar, e que nos arrasta a todos para o esgoto, reduz-se agora a uma cena futebolística de um campeonato qualquer.
Mas o mais arrepiante estava por vir. E, a fazer fé na notícia difundida pela Agência de Informação de Moçambique, há muito que se lhe diga. Escreve a AIM: “O Presidente da República, Filipe Nyusi, questiona a pretensão da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, de querer governar a força as províncias onde alega ter ganho nas eleições gerais de 2014”. E, mais adiante, a AIM anuncia: “Não é verdade que a Renamo ganhou seis províncias. Apenas teve mais votos relativamente a outros partidos, disse Nyusi”.
Não podia haver prova maior do que estivemos aqui a dizer. Ora, se a Renamo obteve mais votos em seis das dez províncias existentes em Moçambique, e se as seis províncias incluem os maiores círculos eleitorais e esmagadoramente dominados pela Renamo, como é que se explica então que a Frelimo tenha ganho as eleições?
Assumindo, de facto, que a Renamo tenha obtido mais votos nessas seis províncias relativamente aos outros partidos, incluindo a Frelimo, tal como Nyusi proclamou, como é que se explica que a Frelimo tenha sido declarada vencedora, ganhando em apenas quatro províncias, sem que nenhuma delas seja um importante conglomerado eleitoral?
O que sabemos é que, quando um partido tem a maioria dos votos em relação aos outros partidos e não forma Governo, é porque o segundo partido mais votado se coligou a um terceiro ou quarto para obter votos suficientes que suplantem o primeiro partido. A questão que se coloca é: com quem é que a Frelimo se coligou para suplantar quem “teve mais votos relativamente a outros partidos”?
Não havendo partidos que oficialmente se tenham coligado com a Frelimo, não é em si revelador de que a vitória da Frelimo e de Nyusi só tenham sido possíveis graças à coligação entre o partido Frelimo e a dupla constituída pela Comissão Nacional de Eleições e o Conselho Constitucional?
Se a Renamo “teve mais votos relativamente a outros partidos”, os outros partidos incluem a Frelimo, que, por inferência e tal como os outros, teve menos votos do que a Renamo. Cria-nos bastante confusão que um partido que tenha tido “mais votos relativamente a outros partidos” não esteja a governar. Tal como nos cria confusão que um partido que tenha tido “menos votos relativamente aos outros partidos” esteja a governar sem coligação.
Se calhar é por isso que Armando Guebuza, reagindo às eleições, declarou formalmente que foi uma “vitória arrancada”. Só uma “vitória arrancada” pode explicar o facto de o partido “que teve mais votos relativamente a outros partidos” não esteja no poder, e que o partido que teve “menos votos relativamente a outros partidos” esteja a governar sem coligação. (CanalMoz/Canal de Moçambique)
E Filipe Nyusi tem estado a dar provas irrefutáveis de todas estas disposições. Por exemplo, há dias informou a população de Manica de que não é tarefa da população estar preocupada com a paz. Citado pelo diligente jornal “Notícias”, Nyusi disse que a população deve concentrar-se mais é na produção, e não na paz, que a paz é assunto do Governo. Daqui se pode perceber que os camponeses estão ligeiramente mais avançados do que Filipe Nyusi em matéria de raciocínio lógico.
Não se compreende como é que Nyusi quer que a população se concentre na produção ao mesmo tempo que esquiva das balas da guerra. Manica é onde, num passado recente, foi descoberta uma vala comum com corpos de cidadãos em avançado estado decomposição, uma acção que a população atribuiu aos “esquadrões da morte”. Ora, como é que é possível que a população se concentre na produção enquanto os seus familiares são sequestrados e fuzilados pelos “esquadrões da morte”? Como é que é possível que a população produza ao mesmo tempo que tem de fugir dos “esquadrões da morte”?
É fácil concluir que a sugestão de Nyusi deve ter soado a insulto à população. Aqui, é de notar que os camponeses conseguiram perceber que sem a paz não podem ir às machambas e desenvolver as suas demais actividades, mas Nyusi entende que é possível, sim, produzir sendo fustigado pela guerra.
No passado fim-de-semana, em Nairóbi, Nyusi abriu mais uma vez o seu livro e brindou-nos com mais uma pérola do seu invulgar raciocínio. Sobre a guerra e as revindicações da Renamo, Nyusi respondeu: “Quando termina o campeonato é apenas uma equipe que ganha, e é essa mesma equipe que representa o país no mundo inteiro”. Este é um raciocínio presidencial altamente revelador do quanto se tornou uma banalidade ser presidente desta República. Na nossa modesta opinião, qualquer secretário de Grupo Dinamizador conseguiria produzir uma frase mais bem elaborada do que esta análise típica de qualquer “futebolista de bancada”. Toda a situação pela qual Moçambique está a passar, e que nos arrasta a todos para o esgoto, reduz-se agora a uma cena futebolística de um campeonato qualquer.
Mas o mais arrepiante estava por vir. E, a fazer fé na notícia difundida pela Agência de Informação de Moçambique, há muito que se lhe diga. Escreve a AIM: “O Presidente da República, Filipe Nyusi, questiona a pretensão da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, de querer governar a força as províncias onde alega ter ganho nas eleições gerais de 2014”. E, mais adiante, a AIM anuncia: “Não é verdade que a Renamo ganhou seis províncias. Apenas teve mais votos relativamente a outros partidos, disse Nyusi”.
Não podia haver prova maior do que estivemos aqui a dizer. Ora, se a Renamo obteve mais votos em seis das dez províncias existentes em Moçambique, e se as seis províncias incluem os maiores círculos eleitorais e esmagadoramente dominados pela Renamo, como é que se explica então que a Frelimo tenha ganho as eleições?
Assumindo, de facto, que a Renamo tenha obtido mais votos nessas seis províncias relativamente aos outros partidos, incluindo a Frelimo, tal como Nyusi proclamou, como é que se explica que a Frelimo tenha sido declarada vencedora, ganhando em apenas quatro províncias, sem que nenhuma delas seja um importante conglomerado eleitoral?
O que sabemos é que, quando um partido tem a maioria dos votos em relação aos outros partidos e não forma Governo, é porque o segundo partido mais votado se coligou a um terceiro ou quarto para obter votos suficientes que suplantem o primeiro partido. A questão que se coloca é: com quem é que a Frelimo se coligou para suplantar quem “teve mais votos relativamente a outros partidos”?
Não havendo partidos que oficialmente se tenham coligado com a Frelimo, não é em si revelador de que a vitória da Frelimo e de Nyusi só tenham sido possíveis graças à coligação entre o partido Frelimo e a dupla constituída pela Comissão Nacional de Eleições e o Conselho Constitucional?
Se a Renamo “teve mais votos relativamente a outros partidos”, os outros partidos incluem a Frelimo, que, por inferência e tal como os outros, teve menos votos do que a Renamo. Cria-nos bastante confusão que um partido que tenha tido “mais votos relativamente a outros partidos” não esteja a governar. Tal como nos cria confusão que um partido que tenha tido “menos votos relativamente aos outros partidos” esteja a governar sem coligação.
Se calhar é por isso que Armando Guebuza, reagindo às eleições, declarou formalmente que foi uma “vitória arrancada”. Só uma “vitória arrancada” pode explicar o facto de o partido “que teve mais votos relativamente a outros partidos” não esteja no poder, e que o partido que teve “menos votos relativamente a outros partidos” esteja a governar sem coligação. (CanalMoz/Canal de Moçambique)
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