sábado, 30 de abril de 2016

Indignação: O Informe do Primeiro Ministro

A Frelimo e o seu governo devem ainda acreditar que estão a governar a mesma massa iletrada e analfabeta que eles "libertaram" do jugo colonial em 1975. Alguém que os acordem por favor. Esse tempo já era. Já sabemos ler os sinais da nossa conjuntura. Dizer que o problema da crise financeira de Moçambique deve-se à baixa produção e consequente baixa exportação e alta importação é chamar-nos ignorantes. O último ano em que a balança de pagamentos de Moçambique foi positiva foi 1973, portanto ainda no período colonial. Não hã nada de novo no desequilíbrio dessa balança. Moçambique sempre produziu muito abaixo do que consome. O que o governo de Chissano conseguiu foi estabilizar o nosso serviço da dívida com perdões arduamente conseguidas pela Luisa Diogo e outros. Todo esse esforço foi jogado para o lixo. Esta crise é uma crise de endividamento irresponsável. E disso o PM nada falou.
Há uma profunda contradição e incoerência em tudo o que diz. O seu argumento central é que estamos em crise porque produzimos pouco e importamos muito (para além dos factores globais). Ora, ele mesmo confessa que 70% da dívida contraída tem ido para a construção de infraestruturas (estradas e pontes sobretudo), 17% para agricultura, e o resto para o resto. Afinal qual é a finalidade da contração de dívidas? É para manter o ciclo vicioso ou para aumentar a capacidade produtiva do país? A maior parte das nossas importações são no sector alimentar. Ora, não fazia mais sentido que mais investimento fosse para a pequena e média empresa agro-alimentar? Será que a circular de Maputo vai aumentar a produção? A ponte Maputo-Catembe vai aumentar a produção? O aeroporto de Nacala vai aumentar a produção?
O Primeiro Ministro não nos faça de burros. Ele não foi a Washington explicar ao FMI e ao BM sobre as causas da crise económica de Moçambique. Ele não sentou com a Christine Lagarde para lhe dizer que a China abrandou o seu crescimento, que a economia dos EUA enrobusteceu e isso afecta o Metical, ou que o preço do algodão baixou. Faz favor. Todo o mundo sabe que foi lá para explicar os mais de 2 biliões de USD que não foram divulgados nos relatórios. É sobre esse dinheiro que nós queremos saber: onde está? Quem foi emprestar esse dinheiro às escondidas? Para quê? Onde foi aplicado? Onde está o projecto? Quem avaliou e avalizou e com base em que critérios? Porque o parlamento não foi consultado?
Esse dinheiro é mais do que suficiente para se instalar uma fábrica de sumo de ananás e derivados em Muxungwe, para empregar os guerrilheiros da Renamo e acabar com a guerra duma vez por todas. Quanto sumo importamos da RSA? E entretanto temos o melhor ananás do mundo no centro do país. Ao invés de investirem na produção e transformação de ananás e outras frutas, compram-se armas para fazer guerra e enchem os bolsos e depois vêm nos dizer que o problema da nossa economia é que não produzimos e importamos muito. Isso é um insulto!
Quanta terra fértil existe na Zambézia? Há algum investimento lá?
Niassa é tão rica em terra e gente que sabe produzir - o melhor feijão do mundo sai daquelas terras. Mas não há uma só estrada que liga a província ao resto do país e do mundo (nem mesmo ao Malawi), nem sequer um sistema de irrigação. Quantos tractores se podem comprar com 2 biliões de dólares? E entretanto compraram-se dois barcos de segunda mão que estão parados nas docas! E agora o ministro diz que estão a trabalhar para ir buscar lá fora (sempre lá fora) gente capaz de fazer esses barcos produzir atum. Uma palhaçada. Quantos pescadores existem neste país e que trabalham com jangadas mal equipadas, entretanto dão nos magumba todo o santo dia? Não valia mais investir nesses, melhorando as suas pequenas embarcações e reforçar a sua capacidade produtiva?

Parem de nos insultar e façam o trabalho pelo qual são pagos com o nosso imposto!

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3 comentários
Comentários
Fernando Agostinho Machava A ideia é criar um país de iletrados e marginais para encherem os bolsos! Por isso nuncase pode baixar o imposto sobre o livro e aumentar o mesmo sobre i álcool! 
Minha terra está Lixada...
Marlino Mubai Bem dito, outros insistem que estamos bem e que estamos a falar sem saber
Daniel Mabjaia Bem dito, os tempos são outros! O nível de escolaridade que temos permite-nos fazer uma análise de tudo que dizem a fazem, a visão ampla que temos não nos deixa ludibriarem. Agora é intelectual gerindo país de intelectuais, confronto directo de mentes. O tempo de mentira já. Que consciêncializem isso.

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