Seja nas redes sociais, cafés, restaurantes, mercados formais ou informais, todo mundo só fala de paz. Isto significa que o povo moçambicano está cansado da guerra. As feridas deixadas pela guerra dos 16 anos ainda não cicatrizaram. Infra-estruturas destruídas, perdas de milhares de vidas humanas. Moçambique retrocedeu muito com a guerra de tal sorte que não precisamos reeditar o conflito armado.
Independentemente de se ser rico ou não, com a paz o povo sabe cuidar dos seus afazeres. Aliás, quem tem a paz tem a riqueza imensurável deste mundo. Não é preciso ser sábio para entender que o único caminho para a paz, harmonia, concórdia, é o diálogo.
Ontem, um amigo meu ligou-me de Moçambique. Dizia ele que em Maputo havia muitos carros militares, sobretudo na zona nobre da cidade. Eram autênticos carros de guerra. Um outro, da Beira, ligou-me a falar-me do cenário que por lá se vive. De acordo com a sua descrição, aquilo parece Bagdad, nos tempos em que se queria derrubar Saddam Hussein. É isto que pretendemos?
O problema é que o povo é que sofre. Os nossos dirigentes vivem em palacetes na Sommerschield I e II. Estão rodeados de conforto. Quando vão ao trabalho, fazem-se transportar em viaturas de modelos exclusivos e luxuosos. E vão escoltados por um bando de guarda-costas. Nos seus escritórios têm alcatifas de luxo, poltronas revestidas por seda da VERSACE, o ambiente é climatizado. É a partir daqui que acompanham o que acontece no país.
Ou seja, não conhecem o país real. Não sabem que em qualquer esquina da cidade de Maputo há sempre alguém com mão estendida à espera de receber qualquer coisa para matar a fome. Sobre a guerra só acompanham relatos da imprensa oficial que omite tudo. Diz o bonito para satisfazer o dirigente. Por isso que dizem não haver refugiados moçambicanos no Malawi.
Os nossos dirigentes não estão preocupados com o sofrimento do povo. Eles têm os seus filhos a estudar nas melhores universidades dentro e fora do país. São eles que mandam. Por isso que espezinham o povo. Povo esse que anda diariamente apinhado em carrinhas caixa aberta feito gado prestes a abater. Ou seja, o povo só é importante quando chega a época eleitoral. O povo só serve para votar. Nunca e jamais será patrão. Isto é uma aldrabice grosseira. É politiquice para entreter o pobre do povo moçambicano.
Isto é digno de registo. Gostei da prestação do Presidente americano, Barack Obama. Foi à Ilha de Cuba ter com Raul Castro. Apertar-lhe a mão e acabar com qualquer desacordo entre ambos. Atitude de um ser humano exemplar.
Como podem ver no post, Raul Castro e Barack Obama estão lado a lado a ver um jogo no Estádio Latino-americano, em Havana. Acabaram-se as diferenças. O diálogo faz milagres. Até batem palmas a sorrir por tudo e por nada. Este momento, de certeza, será recordado para sempre na história de ambos os países e pela humanidade no geral.
E a pergunta que não quer calar é esta: o que custa ao Nyusi e Dhlakama seguirem-lhes o exemplo? Ambos são irmãos. São moçambicanos. Acredito que não existem diferenças que não sejam ultrapassáveis. O diálogo faz milagres. A guerra desestabiliza. Vejam como é que está o nosso país agora? Haja coragem. Sentem na mesma mesa e ultrapassem as vossas diferenças. O povo moçambicano ficar-vos-á grato por isso. Vamos todos juntos construir um Moçambique melhor. Tudo está nas nossas mãos!
Nini Satar
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