O presidente da República, Filipe Nyusi, e
o líder da Renamo,
Afonso Dhlakama,
manifestaram uma vez mais,
esta semana, a disponibilidade de reatarem o diálogo para
devolver a estabilidade ao país.
Mas, como tem sido hábito, na
hora do avanço começam a surgir entretantos que podem hipotecar estas expectativas. Um
dia depois de ter respondido
favoravelmente ao convite de
Nyusi, mas com a condição de
incluir o grupo dos mediadores, o governo, através do vice-
-ministro da Justiça, Assuntos
constitucionais e Religiosos,
Joaquim Veríssimo, veio dizer
publicamente que o diálogo não
pode ter condicionantes.
É caso para recordar os impasses
que se verificaram nas negocia-
ções havidas no Centro de Conferências Joaquim Chissano que
levaram mais de 100 rondas sem
consensos.
O interesse de retomada do diá-
logo entre as partes não é novo,
mas esta semana ganhou nova
dinâmica, dada a tensão polí-
tico-militar em que o país está
mergulhado e que já começou a
fazer vítimas civis.
No entanto, o porta-voz do
maior partido da oposição nacional, António Muchanga, acusa o governo de criar manobras
para retardar a materialização
do encontro ao mais alto nível,
uma vez que está a criar múltiplos grupos focais.
Em contacto com SAVANA,
Muchanga argumenta que,
na passada sexta-feira, por via
da presidência da República,
Nyusi endereçou um convite a
Dhlakama para a retomada do
diálogo, tendo na ocasião designado uma equipa composta
por Jacinto Veloso, membro do
Conselho Nacional de Defesa
e Segurança, Maria Benvinda
Levi, Conselheira do Presidente
da República para assuntos Jurí-
dicos, e Alves Muteque, quadro
da presidência, para tomarem
conta das demarches para o referido encontro.
Mas estranhamente, de acordo
com o porta-voz, depois do seu
partido ter respondido favoravelmente à missiva do PR, com
a condicionante de incluir o
grupo dos mediadores composto
pelos Bispos da Igreja Católica,
o presidente sul-africano, Jacob
Zuma, e da União Europeia, eis
que surge um elemento “alheio”
o vice-ministro, Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos,
Joaquim Veríssimo, a fazer uma
comunicação sem direito a perguntas.
Na referida comunicação, Veríssimo garantiu que estavam
asseguradas todas as condições
logísticas e de segurança para o
diálogo entre Nyusi e Dhlakama, tendo sublinhado que o
mesmo deve acontecer sem
quaisquer pré-condições.
Muchanga diz que a comunicação de Veríssimo constitui
um atentado à preparação do
encontro, uma vez que as partes têm usado correspondências
para troca de impressões. Diz
ainda que isto denota falta de
liderança do PR, porque na sua
ausência os membros do governo emitem comunicados acrescentando novos dados que não
constam da carta convite enviada ao seu partido.
Precisou que o nome do vice-
-ministro da Justiça, Assuntos
Constitucionais e Religiosos
não consta da lista constituída
por Nyusi para cuidar dos preparativos, facto que mostra que
desta vez nem os ministros e
muitos menos os vice-ministros
farão parte da comitiva. Assim,
avança que este tipo de discursos podem retardar o encontro
ao mais alto nível, porque aumentam o nível de desconfian-
ças entre partes, uma vez que o
governo não partilhou com a sua
contra parte as referidas medidas de segurança e de logística.
Incluir mediadores
Esta segunda-feira, a Renamo
condicionou a realização do
encontro entre Nyusi e Dhlakama à inclusão do grupo dos
mediadores. De acordo com a
Renamo, esta condicionante
surge pela necessidade de corrigir erros que se verificaram
nos encontros passados, em que
não havia agenda clara, conversa
sem registo, falta de seriedade
no cumprimento dos acordos
alcançados e ainda o aperto de
mão para tirar fotografia sem
uma verdadeira reconciliação.
Assim, entende ser pertinente
que o governo credencie o grupo dos mediadores como forma
de mostrar o seu comprometimento com a paz e reconciliação
nacional.
Apesar da polêmica que surgiu
em torno da resposta ou não do
presidente sul-africano ao pedido da Renamo para mediar
o diálogo, este partido continua
depositando plena confiança
em Jacob Zuma, alegando que
Governo e Renamo num ping pong
de pré-condições
Por Argunaldo Nhampossa
quem criou o mal-entendido
foi a ministra dos Negócios Estrangeiros daquele país vizinho,
Maite Mashabane.
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