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Uma das instituicoes sociais alvejada durante o chamado escangalhamento do estado fascita colonial pela Frelimo foi a religiao, incluindo a religiao moculmana. Depois de profanar uma mesquita, Samora Machel, num daqueles discursos dele radiofundido de Nampula, disse aos moculmanos para criarem porcos para ajudarem a economia nacional crescer, frisando que nao compelia aos moculmanos a comerem a carne de porcos, mas que sim criassem porcos para ajudar a economia nacional crescer.
QUEM CRITICA O ORÇAMENTO DAS FORÇAS DE DEFESA E SEGURANÇA É CONTRA O ESTADO MOÇAMBICANO
Centelha por Viriato Caetano Dias (viriatocaetanodias@gmail.com )
“Há alguns que quando estão calados são uns poetas e outros que só estão conscientes quando estão a dormir", Extraída de uma frase de Luís Figo, no Facebook.
Não pretendo, neste breve intróito, analisar o informe anual do presidente da República sobre o Estado Geral da Nação, porque a pessoa com competência constitucional para o fazer reconheceu no Parlamento que o país não está saudável. Eu já havia antecipado esta dura sentença quando escrevi, a 9 de Novembro do ano em curso, uma crónica intitulada “O MEU COMENTÁRIO ANTES DO INFORME ANUAL DO PRESIDENTE DA REPÚ-BLICA SOBRE O ESTADO GERAL DA NAÇÃO”.
“Há alguns que quando estão calados são uns poetas e outros que só estão conscientes quando estão a dormir", Extraída de uma frase de Luís Figo, no Facebook.
Não pretendo, neste breve intróito, analisar o informe anual do presidente da República sobre o Estado Geral da Nação, porque a pessoa com competência constitucional para o fazer reconheceu no Parlamento que o país não está saudável. Eu já havia antecipado esta dura sentença quando escrevi, a 9 de Novembro do ano em curso, uma crónica intitulada “O MEU COMENTÁRIO ANTES DO INFORME ANUAL DO PRESIDENTE DA REPÚ-BLICA SOBRE O ESTADO GERAL DA NAÇÃO”.
Na aludida crónica chamo atenção para o facto de Moçambique estar a caminhar a passos de gigante rumo ao alçapão (precipício) que terá desagradável epílogo, provocado por um certo tipo (paradigma) de racionalidade cuja governação gravita em torno dos interesses pessoais e partidário que se expandiu por todo o país. A Frelimo deve reencontrar-se rapidamente e exumar os ideais da construção do Estado moçambicano, cuja epístola coloca o Homem no centro da governação e defende a componente social em detrimento de outros factores. Esta Frelimo, apodada de geração da viragem, desenvolve, na sua acção governativa, o espírito de recompensa e as eleições.
Desta forma, se medidas não forem tomadas para arrepiar o caminho da hecatombe social, a Renamo não precisará de martelar, politicamente, o governo da Frelimo que, das duas, uma: ou enfrentará uma implosão interna dos camaradas ou será vítima de uma revolução estomacal do povo moçambicano. Os relatórios, de resto, não desmentem esta minha conjectura. Nas linhas que se seguem pretendo desconstruir um outro modelo de racionalidade, amplamente defendido por uma certa classe de jornalistas e economistas, segundo o qual o orçamento das Forças de Defesa e Segurança (FDS) é excessivo.
Dizem os críticos que o Estado capitaliza o orçamento das FDS para fazer a guerra, ignorando, por exemplo, os sectores produtivos e de maior concentração populacional, como a agricultura e a pesca. Seríamos obrigados a concordar com esses críticos se o país não estivesse em prontidão combativa. Acontece que temos no país um partido da oposição (Renamo) armada que sistematicamente ameaça fazer a guerra e que, de facto, desenvolve acções militares contra o exército, causando, inclusive, vítimas mortais entre a população civil. Não é preciso ter dois dedos de testa para perceber que a nossa moçambicanidade depende da segurança do Estado, sem o qual, a soberania nacional e outros valores constitucionais, quedam despojado de sentido. Somos o que somos hoje graças a um conjunto de instituições necessariamente interligados entre si, com especial enfoque para as FDS que desde os estádios da incubadora da Luta de Libertação Nacional até à actualidade desempenham um papel estratégico na defesa desta Pátria Amada. Sem as FDS, Moçambique continuaria a ser um quintal e os moçambicanos simples lacaios dos superiores interesses colonialistas. Infelizmente, para esses críticos, as FDS são sinónimos de gastos e de sofrimento. E dizem que “Este orçamento, alocado às FDS, é uma autêntica descida ao inferno.” Quem assim diz não sabe pensar ou o seu pensamento é da dimensão da sua própria pupila.
A defesa de Moçambique exige custos incalculáveis, cujos perigos nem sempre estão expostos nos órgãos de informação social. Quando se entra para o curso das Relações Internacionais, a primeira regra a aprender é que nas relações entre os Estados não existem nem amigos nem inimigos eternos, o que há, são jogos de interesses permanentes. Os nossos amigos de hoje serão os fariseus de amanhã e vice-versa. Para que haja prevenção de acções subversivas contra o Estado é fundamental que as FDS estejam permanentemente em prontidão combativa. Engana-se quem pensa que em tempo de paz as FDS são objectos de museus, se nem o próprio homem, na sua eterna inquietude, não consegue livrar-se dos perigos da vida. Ouvi estas palavras do meu amigo alentejano que dizia que “(…) o homem inteligente não consegue estar 10 horas sossegado desperto: ou adere a uma guerra, ou pega numa garrafa com álcool para adormecer, embrutecer, entontecer ou palavra semelhante”. As FDS precisam, para garantir a soberania nacional, de recolher informações, de fazer a espionagem e a contra-espionagem, o reconhecimento, etc.
A guerra que se aventa, em que predomina o terrorismo, o ciberterrorismo, a pirataria marítima, a imigração ilegal, o sequestro, exige meios e recursos humanos profissionalizados. A actuação das FDS é como uma linha de rede eléctrica, está permanentemente em tensão, devido à natureza dos seus serviços. O militar e o polícia pagam com a própria vida o seu seguro, algum civil estaria disposto a isso? A exploração dos recursos minerais e energéticos podem acicatar o ódio e a cobiça que muitos países têm contra Moçambique, portanto, provocar uma guerra é especialidade desses malévolos. Malawi e Tanzânia eram amigos, mas tornaram-se inimigos figadais até que suspeitas foram confirmadas sobre a existência de petróleo no Lago Niassa.
Os dois países, infelizmente, estão nos aquecimentos para uma nova guerra na região. A segunda regra de ouro das Relações Internacionais é que os problemas não apodrecem, congelam-se. A pretensão de ocupar Namaacha por um país vizinho não desapareceu, qualquer dia teremos notícias de que o exército contrário está a armar-se para atacar Moçambique. A questão central não pode ser o orçamento das FDS, que, como vimos, é insignificante. Além de que um militar recebe de salário o que um civil tem para lanche dos seus rebentos.
A raiz dos problemas de Moçambique não são as FDS, estas são pura e simplesmente “cães de caça” dos políticos de todo o mundo. O orçamento deve ser suficiente para todos os sectores, incluindo o da agricultura e pesca, mas sem olhar com desdém para o da FDS. Para que tal aconteça, o país deve produzir mais e mais. Sem o aumento de riqueza não há desenvolvimento. A agricultura e a pesca matam a fome, sim, mas não garantem a segurança. Nem por isso defendo o corte de verbas a estes dois sectores chave da economia nacional. Feliz Natal a todos os moçambicanos. ZICOMO (obrigado).
WAMPHULA FAX – 21.12.2015
WAMPHULA FAX – 21.12.2015
O próximo genocídio?
Se há lição que os Grandes Lagos nos ensinaram é que de pequenos países podem vir problemas gigantes. Basta pensar no Ruanda em 1994, e no genocídio que fez 800 mil mortos entre a população tutsi e os hutus moderados. Hoje, é o vizinho Burundi, com idêntica composição étnica, a correr riscos de uma repetição da história, ao ponto de a União Africana advertir que não "permitirá outro novo genocídio" na região dos Grandes Lagos e ameaçar enviar tropas mesmo sem o aval das autoridades de Bujumbura. A ONU também já avisou estar a ponderar pôr capacetes-azuis no Burundi se se agravar a crise causada pela ideia do presidente Pierre Nkurunziza de se candidatar (e entretanto ganhar) um terceiro mandato.
Dez milhões de habitantes e um território que não chega a um terço do de Portugal. Terras férteis e uma densidade populacional muito superior à média africana. Uns 80% de hutus, o resto tutsis, uma minúscula comunidade twa (pigmeus). Efémera colónia alemã, depois belga entre a Primeira Guerra Mundial e a independência em 1962. Língua africana comum, francês e inglês oficiais, maioria de católicos. É este um resumo do Burundi, que também se aplica ao Ruanda, apenas um pouco mais populoso.
Ora o que mais distingue hoje o Burundi do Ruanda é o primeiro ter escapado ao genocídio de 1994, iniciado quando o avião em que viajavam os presidentes de ambos os países, ambos hutus, explodiu antes de aterrar em Kigali. De repente, começou a carnificina, que durou entre abril e julho, até aos rebeldes da Frente Patriótica Ruandesa, na sua maioria refugiados tutsis vindos do Uganda, assumirem o controlo e porem os genocidas em fuga. Em paralelo, a guerra civil instala-se no Burundi, causando 300 mil vítimas até 2005, mas sem nunca atingir a dimensão exterminadora que marcou o vizinho.
Devido à experiência histórica recente distinta, também os dois países decidiram abordar de forma diferente a questão étnica, que no Ruanda está ausente do discurso político, enquanto no Burundi existe até nas quotas na política e nas forças armadas. No Ruanda, o tutsi Paul Kagame impôs-se como o pacificador, liderando uma reconciliação nacional que não deixou de punir os criminosos. No Burundi, o hutu Nkurunziza também colhia elogios sobre o modo como gerira o pós-guerra, mas de repente as suas ambições de perpetuação política trouxeram um ciclo de violência, com um golpe falhado, manifestações reprimidas a tiro, eleições boicotadas, opositores mortos e 200 mil refugiados.
De início, pareceu mais uma luta pelo poder entre antigos aliados (o chefe golpista, o general Godefroid Niyombare, é também hutu) do que o regresso dos ódios étnicos, mas agora a realidade é mais assustadora. Um editorial do Le Mondechamava a atenção para o discurso anti-tutsi de altas figuras do regime. O jornal francês até citava o ministro da Segurança, Alain-Guillaume Bunyoni, a relembrar aos tutsis que são minoritários e que "se as forças da ordem falharem, temos nove milhões de cidadãos a quem basta dizer "façam algo"". Soa a déjà vu.
Os tutsis, com tradições guerreiras, terão chegado à África Central há cerca de 600 anos, vindos da Etiópia. Impuseram-se aos hutus, agricultores, que aceitaram os novos senhores a troco de proteção. Durante o período colonial, apesar de séculos de convivência terem fundido em parte as duas etnias, os belgas promoveram a continuidade da supremacia tutsi, que só acabou após a independência, quando a maioria hutu finalmente se apoderou do controlo do Estado.
Em 1994, o mundo descobriu, horrorizado, esta história mista de rivalidade e coexistência étnica. Em 2015, arrisca-se a redescobri-la. Não haverá desculpas desta vez para a inação da comunidade internacional (ONU e União Africana), que na época pareceu não entender o que se passava no Ruanda e assistiu depois do genocídio a repercussões do conflito que chegaram a mudar o regime no gigante Zaire, de novo batizado Congo, e a provocar uma guerra africana que envolveu uma dezena de países.
Quem viveu tantos anos, como Samora Machel, em Dar-es-Salam não pode ignorar que é desrespeito entrar numa mesquita de botas ou sapatos.
Abraço a todos e Festas Felizes
“Todos os relatos sobre o episódio na mesquita podem ser classificados dentro de três ordens.
todos os dias.
NÃO HÁ INOCENTES.
FUNGULANI MASO
FUNGULA MWADHIDI MASSO
LEMBREM BEM